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sexta-feira, 10 de maio de 2013

REDAÇÕES DO ENEM: Com mais rigor na correção, MEC quer evitar "brincalhões"

Thais Borges
thais.mascarenhas@redebahia.com.br

O Ministério da Educação (MEC) já avisou: quem fugir do tema proposto na prova de Redação no próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai levar zero. Já na tigela, adicione a baunilha à farinha de trigo e reserve. Hã? Entendeu alguma coisa? É, não faz sentido, porque a frase está fora do lugar. 

Se esse fosse o primeiro parágrafo de uma redação do exame, o candidato já poderia se considerar eliminado. Isso porque a correção dos textos deve ser mais rigorosa já na próxima edição do Enem, que acontece nos dias 26 e 27 de outubro, de acordo com edital publicado ontem no  Diário Oficial da União. 

Agora, se a redação contiver uma única frase  “desconectada com o tema proposto”, deve ser anulada. Com a mudança, o MEC espera evitar casos como os de estudantes que escreveram uma receita de macarrão instantâneo e o hino do Palmeiras e receberam notas acima de 500 — metade da nota máxima. 


"Minha formação não é vinculada à leitura; faço uma redação mecânica", Ilson Meireles, 19, que treina uma redação por semana; "Não deixo de ler revistas como Piauí, IstoÉ, Época e Diplomatique", Manuella Cardoso, 21, sobre o hábito das leituras diversas


Coerência
Não são só os mais brincalhões que precisam se preocupar durante as provas. “O aluno precisa desenvolver e concluir o que apresenta, até porque o texto dissertativo exige reflexão da realidade”, alertou o professor de Redação Israel Mendonça. 

O problema é que muitos estudantes têm dificuldade em construir um texto com coesão, segundo Mendonça. “No último exame, o tema foi migração. Mas um aluno que propõe regras rígidas com a chegada dos imigrantes não está sendo coerente com a proposta. Às vezes, o aluno quer levar em conta sua opinião e não o caráter humanístico do Enem”. 

Para completar, cada texto deve passar pelas mãos de dois corretores. Cinco competências devem ser observadas durante a avaliação — cada uma vale 200 pontos. A pontuação final deve ser a média aritmética das duas notas. No entanto, se houver uma diferença maior do que 100 pontos entre as duas avaliações, o texto será corrigido por um terceiro corretor. 

Antes, o terceiro corretor só agia se existisse uma diferença mínima de 200 pontos. Além disso, ele também pode ser acionado se a diferença entre o valor atribuído a uma das competências for maior do que 200 pontos. Devido a esses novos parâmetros, uma em cada três redações deve passar pela terceira correção este ano. 

Vantagem
Mas, calma. Se você não tem as melhores notas de Redação, não precisa se desesperar. Pelo menos, é o que diz a professora Paula Barbosa, coordenadora do departamento de Língua Portuguesa do Colégio Sartre COC e do curso Judpodivm. “O aluno não precisa se assustar. Só tem que se preparar. E o primeiro passo para isso é ler”. 

Segundo Paula, os estudantes que têm mais contato com literaturas de temáticas diversas dificilmente vão cometer algum erro absurdo. Quem gosta de ler também leva vantagem na hora do improviso. Diferentemente do que muitos estudantes pensam, nem sempre o tema virá relacionado a assuntos como cidadania e cultura. “Por isso o conhecimento geral é importante”. 

Ainda assim, muita gente acha que não precisa praticar. Contudo, a professora de Redação Magali Mendes, diretora do Colégio Oficina de Vitória da Conquista, afirma que, além da leitura, a escrita constante é o maior trunfo dos bons alunos. 

“Nós costumamos dizer que é melhor que eles façam o mesmo texto dez vezes, do que escrevam dez textos de temas diferentes. Tem que ler até o olho cair e escrever até o lápis acabar”, brincou. De acordo com ela, a reescrita do texto é importante para o aluno observar quais foram os erros cometidos. “Assim, ele vai ter mais consciência do seu texto e capacidade de verbalizar isso”.

Dor de cabeça
Só de pensar em ter que ler esses livros, a estudante Roberta Ferreira, 16 anos, tem dor de cabeça. A adolescente, que está no terceiro ano, vai tentar o Enem pela primeira vez  para Medicina Veterinária. 

“Até me sinto bem quando estou lendo, mas quando penso em ler, lembro de várias coisas que poderia estar fazendo. Sou muito distraída e não consigo me concentrar em escrever”. Apesar disso, admite que está assustada com a nova correção da prova. “Sei que pode me prejudicar, porque eu não  acompanho nem as notícias do Brasil”. 

Já o estudante Ilson Meireles, 19, tenta recompensar a lacuna por não gostar muito dos livros com a leitura de revistas e jornais. Veterano no Enem, ele vai se inscrever para prestar o exame pela quinta vez. “Fiz em 2009 como treineiro, mas só foi para valer nas últimas duas vezes, quando escolhi Medicina”, explicou. 

As notas na prova de Redação nunca foram um problema para Ilson. O rendimento foi aumentando — até o ano passado. “Fiquei com 650, considerado muito baixa para o meu curso. O nível da correção deles é menor que o vestibular, mas o tempo foi um fator que agiu contra mim”.

Mesmo não gostando de ter que escrever uma redação, ele tenta manter a rotina de produzir uma por semana. “Minha formação não é muito vinculada à leitura, então eu aprendi a  fazer uma redação mecânica, infelizmente”. 

Enquanto isso, a estudante Manuella Cardoso, 21, acredita que tem nas leituras diversas seu diferencial. “Não deixo de ler revistas como Piauí, IstoÉ, Época e (Le Monde) Diplomatique”. Entre os autores favoritos, cita George Orwell e Fiódor Dostoiévski.  

Ela já vai para o quarto exame. “O primeiro foi como teste, depois fiz em 2009 e nem liguei, porque fui aprovada em Comunicação na Ufba”, contou a jovem, que se arrependeu da escolha. No ano passado, tentou novamente e foi aprovada em Direito na Ucsal e em Engenharia Elétrica na Unifacs. “Não estava estudando e não gostei da minha redação. Tirei 850 sem nem fazer rascunho”. 

Agora, mais decidida sobre qual carreira seguir, ela vai fazer o exame para valer. “Quero Economia, porque vou fazer mestrado na área. E depois, quero ser diplomata”. Como Manuella, 6,1 milhões de pessoas são esperadas para se inscrever no Enem 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

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Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
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