O pensamento corre solto junto ao corre-corre do dia que atravessa a vida lá fora. Sábado com cara de domingo. Domingo já com gosto da segunda que ainda vem. O tempo parece arrastado. Rompeu com todos os seus compromissos. Tempo anárquico que se nega a passar depressa quando o que me espera lá fora desse meu coração apertado de saudade é o cheiro de chuva. O calor. O amor. Pensar no caminhar do tempo me distancia de um viver no agora. Fico à espera, à espreita, de rabo de olho, esperando, ansiosamente esperando. Vai tempo, vai... às vezes é tão veloz e avassalador atropelando tudo e passando por cima de meus planos que eram futuros até dois minutos atrás e agora são tão presentes. Vai, segue em frente sem medo. Não pare para o descanso porque assim você me atrasa. Meu querer amar é ansioso. Deixa o dia chegar. Há muita coisa boa a minha espera. Lá fora!
Rendada. Estendida. Numa casa de madeira, com cheiro de guardado, ela se põe sobre a comprida mesa da cozinha. Encontro. Passagem. Pratos quentes e frios. Maçãs vermelhas. Sobre ela tudo se deita. Descanso de prato. Talheres. Copos de vidro embaçados. Guardanapos. É chegada a hora do banquete.
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