Buraco surgiu próximo da entrada da sala de aula em uma escola de Cubatão, SP (Foto: Mariane Rossi/G1)
Uma enorme cratera que se abriu em uma das classes da Escola Estadual Lincoln Feliciano, em Cubatão, na Baixada Santista, mudou a rotina dos alunos e professores na unidade. Enquanto o problema não é resolvido, metade da escola está interditada, as aulas estão sendo prejudicadas e as professoras e os pais das crianças estão com medo de um novo desabamento. O problema começou no dia 27 de agosto mas, até agora, não foi resolvido.
Segundo a diretora da escola, Sueli Coliri Iha, a cratera que engoliu as carteiras escolares em uma das salas de aula surgiu há pouco mais de uma semana. Entretanto, há mais de um mês ela diz que tem tentado resolver o problema estrutural da escola, sem sucesso. De acordo com Sueli, no final de agosto os alunos saíram da sala e o local foi isolado porque o piso estava cedendo. No mesmo dia ela comunicou o problema para a Diretoria Regional de Ensino. Um técnico da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, que é responsável, entre outras coisas, por construir escolas, reformar, adequar e manter os prédios da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, foi até o local fazer uma análise e fez um relatório sobre o problema. Porém, segundo a diretora, ninguém deu um prazo para o conserto do piso daquela classe.
Na noite do dia 19 de setembro, quarta-feira, uma forte ventania atingiu a cidade e o piso da sala de aula afundou. A sala ficou divida em dois espaços por conta de uma cratera de aproximadamente 7 metros de comprimento com cerca de 1 metro de altura. No dia seguinte, a diretora recebeu a notícia pelo telefone e, quando chegou na escola, viu a dimensão do buraco que se abriu no chão. Ela precisou isolar mais duas salas, com medo que acontecesse a mesma coisa em outras partes do prédio. Na sexta-feira (21) foi preciso tirar todas as crianças do prédio. Ao todo, foram isoladas seis classes, das 14 existentes na unidade educacional.
Outras paredes e pisos da escola também
apresentam rachaduras (Foto: Mariane Rossi/G1)
Na última segunda-feira (24), técnicos da Defesa Civil foram até o local e, na terça-feira (25), arquitetos analisaram as estruturas da escola e tiraram diversas fotos. De acordo com a diretora, a visita de um engenheiro estava prevista para esta quarta-feira (26), mas ninguém apareceu.
Os alunos que estudavam nas classes interditadas estão tendo que assistir as aulas no refeitório, no salão da escola e na sala de informática. As mães dos estudantes dizem que os filhos comentam sobre a estrutura da escola e a mudança na rotina das aulas. “Eles se sentem prejudicados. Nós estamos apavoradas. A professora que tomava conta de 30 agora tem quase 70 alunos”, diz Vagna da Silva Gomes, mãe de uma aluna de 8 anos. Ela diz que as mães estão preocupadas com a situação da estrutura da escola e com medo de que o piso ceda a qualquer momento. Os pais acreditam que a escola foi construída em cima de um mangue e, por isso, há problemas estruturais por toda a parte.
As mães dizem que estão acompanhando a luta da diretora para garantir a segurança e o estudo dos alunos mas, até agora, ninguém deu o merecido valor ao problema. “A gente não sabe a gravidade da situação. E se as crianças estivessem na sala de aula?”, diz Azinete de Paula, que tem dois filhos e uma neta que estudam na unidade. Ela diz que em dias de chuva ela não tem mandado as crianças para a escola por causa do medo.
A professora de matemática Silvia Regina explica que a escola é uma das melhores da cidade e, por isso, decidiu transferir seu filho para a unidade. O menino estudava na sala que aconteceu o acidente. Por isso, além de estar apreensiva com a situação do colégio, ela precisa dar conta de organizar as crianças que estão reunidas em vários locais da escola. "Eu adoro meu trabalho, mas estou até rouca, gritando para falar com os alunos.", diz.
A diretora diz que não suspendeu as aulas por conta de exames e porque não quer prejudicar o andamento do aprendizado dos alunos. “Nós usamos o bom senso e afastamos eles do perigo. Nós estamos contornando a situação para garantir as aulas”, diz ela.
Em nota, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) afirma que as aulas na Escola Estadual Lincoln Feliciano serão suspensas nesta sexta-feira (28) para que técnicos avaliem a estrutura do prédio. Após essa análise, se preciso, os alunos da instituição serão remanejados, a partir da próxima semana, para outras unidades de ensino da região até que sejam feitas as obras que forem necessárias no local.
G1
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