Marcos Montenegro
Fortaleza, CE
Nem a morte os separa. Torcedor e time do coração podem continuar juntos eternamente, se depender da Funerária 'A Caminho do Céu'. No interior do Ceará, na cidade de Senador Pompeu, 275km de Fortaleza, o conhecido 'Seu Bananeira' oferece caixões estilizados, com clubes brasileiros de futebol.
Para continuar com o time no peito, mesmo sem o coração bater, o torcedor precisa aderir ao plano de R$ 25, cinco reais mais caro que o convencional. É uma espécie de consórcio, do qual participam 10 pessoas. Quando morre um, entra outro 'felizardo'. Se um caixão tradicional acaba custando aproximadamente R$ 700, o que carrega o emblema de um time pode custar até R$ 1200. O do Corinthians e do São Paulo, estilizados dos pés à cabeça e com alças mais trabalhadas, ultrapassam os R$ 1.800.
No estoque, há opções para amantes do São Paulo, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Ceará, Fortaleza e Botafogo. E Seu Bananeira já mandou buscar de mais dois times: Portuguesa e Grêmio.
- Mas esses são só pra enfeitar, porque são mais difíceis de sair - admite o empresário.
Há quatro anos, o mercado dos 'paletós de madeira' do futebol movimenta os apaixonados no interior cearense. O primeiro a aderir ao consórcio, no entanto, parece ser o que esbanja mais saúde. Afonso Janurário, o 'Caboco', de 54 anos, já encomendou o caixão do Corinthians, apesar da jovialidade.
- Aparento ter uns 40 anos, sou solteiro, namorador. E vou completo, com calça, camisa, tudo do Corinthians. Ainda vai ter o hino tocando quando eu for enterrado. Não quero ninguém chorando - brinca o metalúrgico.
Afonso quase foi para o andar de cima na final do Campeonato Paulista de 1988, contra o Guarani. Viu de perto o gol da vitória, por 1 a 0, marcado por Viola, mas resistiu à emoção. O dono da funerária não se importa com a resistência de seus clientes e até torce para que não morram.
- Quanto menos morrer, melhor, porque estou recebendo (dinheiro do consórcio) e não estou tendo despesas - confessa, com bom humor, Seu Bananeira.
Neste ano, um palmeirense e um flamenguista já partiram em seus respectivos caixões. No enterro do torcedor do Flamengo, foi uma festa só, como se o time tivesse acabado de conquistar mais um título.
No estoque, há opções para amantes do São Paulo, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Ceará, Fortaleza e Botafogo. E Seu Bananeira já mandou buscar de mais dois times: Portuguesa e Grêmio.
Há quatro anos, o mercado dos 'paletós de madeira' do futebol movimenta os apaixonados no interior cearense. O primeiro a aderir ao consórcio, no entanto, parece ser o que esbanja mais saúde. Afonso Janurário, o 'Caboco', de 54 anos, já encomendou o caixão do Corinthians, apesar da jovialidade.
- Aparento ter uns 40 anos, sou solteiro, namorador. E vou completo, com calça, camisa, tudo do Corinthians. Ainda vai ter o hino tocando quando eu for enterrado. Não quero ninguém chorando - brinca o metalúrgico.
Afonso quase foi para o andar de cima na final do Campeonato Paulista de 1988, contra o Guarani. Viu de perto o gol da vitória, por 1 a 0, marcado por Viola, mas resistiu à emoção. O dono da funerária não se importa com a resistência de seus clientes e até torce para que não morram.
- Quanto menos morrer, melhor, porque estou recebendo (dinheiro do consórcio) e não estou tendo despesas - confessa, com bom humor, Seu Bananeira.
Neste ano, um palmeirense e um flamenguista já partiram em seus respectivos caixões. No enterro do torcedor do Flamengo, foi uma festa só, como se o time tivesse acabado de conquistar mais um título.
'Faça o que eu digo, não faça o que eu faço'
Apesar de ter ficado famoso com a venda dos caixões estilizados, o dono da funerária não quer ser enterrado em nenhum deles. Aos 69 anos, é torcedor do Ceará, exigente, e espera algum que ofereça mais conforto.
- Até tenho o caixão garantido, mas não sei se vou nele não. Ainda não tem um do Ceará bem bonitão, tem que ter um mais bonito. Existe caixão de R$ 7 mil. O 'bicho' é tão bonito que dá vontade de morrer pra ir nele - brinca Seu Bananeira.
O torcedor e dono da funerária chega a ser tão fanático que batizou os filhos, netos e quem mais pôde com nomes que derivam de 'Gildo', maior ídolo da história do Vovô cearense, que atuou pelo Alvinegro de Porangabuçu nos anos 1960.
A partir do filho, Gildo, surgiram Gildivânia, Gilvânia, Gilvan, Gildicelia e por aí vai. Se irão morrer, no estilo mais alvinegro, ainda não se sabe. Mas, se forem tão exigentes quanto o precursor da ideia, precisarão juntar as economias para encomendar 'algo de luxo'.
GE
Plugmania
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