Quem viaja pelas estradas entre cidades atingidas pela pior seca das últimas décadas no Nordeste se espanta com a sequência interminável de carcaças de bovinos a apodrecer ao lado das pistas. A morte de cabeças de gado, aos milhares, é, para o viajante, o impacto mais visível e chocante da estiagem de quase dois anos que afeta 12 milhões de sertanejos de oito Estados nordestinos.
São diversos cálculos - todos alarmantes - de quantos bovinos já morreram e vão morrer, pois antes de fevereiro de 2013 a seca não deverá acabar, segundo previsões meteorológicas.
O diretor de Sanidade Animal e ex-presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, estima que só neste ano o Nordeste perderá ao menos 1 milhão de cabeças de gado por causa da seca interminável.
Mas o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, especialista e estudioso dos vários problemas provocados pela seca no Nordeste, é bem mais pessimista. Ele sustenta que a situação é muito mais grave que a prevista pelo dirigente do CNPC.
Ele prevê que 20% de todo rebanho morrerá no Nordeste, o que representa quase 6 milhões de bovinos. "Nossa projeção é de que 20% morrerão; 10% serão abatidos antes da hora, porque o dono não vai esperar o gado morrer; e 10% serão vendidos para outros Estados, como Pará e Maranhão, por qualquer dinheiro. Ou seja, ao fim da seca, o Nordeste terá perdido 40% de seu rebanho, um prejuízo incalculável", disse Borba.
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