Hoje parei um pouco para ouvir a sessão da Câmara de Vereadores. Não faço isso costumeiramente, pois o meu tempo é escasso e à noite é hora de fazer “dever de casa” com minha filha. Como o meu texto mexeu com número de pessoas, resolvi ouvir um pouco para saber se eu estava falando, segundo o vereador Marcos, uma “menas verdade”.
A primeira polêmica levantada na sessão pelo vereador Edivânio foi a falta de médicos no hospital. O acidente de domingo ocorreu nas primeiras horas da manhã e não tinha médico de plantão, será que o acidentado está mentindo, ou falando uma “menas verdade”? Eu mesma já fui ao hospital e tive que aguardar o médico chegar pois eram 6:20 da manhã e ele já havia saído para outra cidade. O plantonista seguinte só apareceu após às dez horas da manhã. Enquanto isso, tive que ser levada a Ribeira do Pombal. Provavelmente, no horário do ocorrido, estavam aguardando a chegada do plantonista, o que só deve acontecer quando o médico que “renderá” o plantonista chegar e “passar” o plantão. Essa não é prática apenas de agora, mas de muito tempo, de anos.
Não citarei fala por fala, pois ficará um texto muito longo. Os processos seletivos “REDA” feitos por muitas prefeituras são apenas fachadas, como defende Jean. Ou vocês não viram a matéria do fantástico, de 17/06/2012? Espero que isso não ocorra e que o Ministério Público impeça esse processo.
A fala que me arrepiou os cabelos da alma, foi a de Duda que citou “Quando foi que teve sopa e pãozinho?” e quando foi dito que havia a distribuição da sopa na administração anterior, a pergunta do nobre Duda foi “Tinha pãozinho?”. Duda, meu caro, o povo pobre precisa mais do que sopa e pãozinho, não desmerecendo a ação da Secretaria de Ação Social. O povo precisa não apenas do peixe que foi distribuído para os beneficiários do Bolsa Família, numa parceria com o Ministério de Ação Social e Combate à Fome. Meu caro Duda, esperava de você uma visão mais crítica, mesmo sendo da situação.
O trabalho de Aguimário e João do Sofá foi elogiado por Jean e faço minhas as palavras dele, pois vejo de perto, viu, Vinícius, as mazelas do povo de Cipó. Não acompanho os acontecimentos apenas de longe e não estou aí poucas vezes, você bem sabe. Eu hoje moro em Salvador porque saí de Cipó por não me oferecer condições de trabalho para que eu pudesse me sustentar, a mim e à minha família, com dignidade. Não sou uma pessoa que se conforma com um subemprego ou com cargo eletivo.
Para seu conhecimento, enquanto ouvia a sessão, uma professora me ligou para informar que a merenda escolar servida na semana passada foi refrigerante com biscoito, ontem arroz-doce quente, com todo calor que está fazendo na cidade e boa parte das crianças rejeitou e hoje, macarrão com sardinha.
Sei, meu caro Vinícius, que cuscuz com leite é o que mata a fome, inclusive a minha, mas esclareço, meu caro edil que cuscuz é fonte de carboidrato e leite é fonte de gorduras e proteínas, portanto servir cuscuz com leite é excelente para as crianças, mas refrigerante não dá para aceitar, salvo em festinhas.
Ouvir elogios e críticas fazem parte do embrião de democracia que vivenciamos hoje e esse é um modo de colaborar com o governo para que ele cresça, melhore. Ajudar a governar não significa estar aí e ocupar cargos, o que já deixei bem claro para todos que não é o que pretendo. Sei da fome, sei da seca, sei das dificuldades que o nosso povo enfrenta a cada dia pois, também vivo o problema e vejo meu pai acordar de madrugada para dar ração às poucas cabeças de gado que tem para não morrerem de fome. Não nasci e cresci em Salvador. Nasci e cresci em Cipó, onde ia debaixo do sol quente na estrada de cascalho do Buri ver meus avós e o carro da prefeitura não parava para nos dar uma carona porque éramos contra os Brito, apesar do próprio ser amigo do meu avô Jorge e a Antônio de Biita, e este não era seu eleitor . Também tive minhas dificuldades, usei conga porque não podia ter All Collor, apaguei livros porque não podia ter livros novos, às vezes.
Você bem falou Vinícius, nos conhecemos muito pouco, mesmo!
Quanto a Romildo, esse é um cara do povo, veio de baixo, está tentando acertar, mas seus assessores não estão permitindo. Sim, leio as redes sociais, os blogs, os comentários e graças a Deus a informação é viva, é dinâmica. Não concordo com o anonimato, por isso dou minha cara pra bater, mas muitas vezes o anonimato se justifica por conta das ameaças que as pessoas sofrem. Eu mesma já fui vítima delas.
O que ouvi também na sessão foram educadas trocas de ofensas e fico pensando: o que será de nós, pobre POVO?!
Niclécia Gama,
Colunista do
Arildo Leone.com
Colunista do
Arildo Leone.com
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