por David Mendes
Espaços são totalmente fechados |Foto: David Mendes / Bahia Notícias
A notícia em outubro do ano passado de que a comercialização do acarajé estaria fora dos planos da Fifa correu o mundo e diversas manifestações foram realizadas em protesto pelo veto determinado pela entidade máxima do futebol, que tinha proibido a presença de ambulantes ou qualquer tipo de vendedor em um raio de dois quilômetros da Arena Fonte Nova durante a Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014. Após repercussão, a Fifa recuou e permitiu a venda do quitute mais famoso da Bahia e Patrimônio Imaterial Brasileiro nos arredores e até dentro da praça esportiva. Entretanto, conforme apurou o Bahia Notícias, os 39 espaços reservados para a comercialização de bebidas e comidas no estádio, chamados de “quiosques”, não dispõem de estrutura necessária para abrigar as baianas de acarajé. Um das ausências verificadas é a de exaustores nos espaços, que seriam responsáveis por consumir toda a fumaça produzida durante a fritura do produto no óleo de dendê. Além dos exaustores, outros equipamentos necessários para a produção do quitute estariam proibidos dentro dos espaços. A orientação, conforme apurou a reportagem, é a de que os quiosques serão abastecidos apenas com alimentos prontos para o consumo, sem que precisem passar por qualquer fase de produção.
Apenas a área dos restaurantes, que serão instalados na parte superior de frente para o Dique do Tororó, terá estrutura suficiente para preparar alimentos em todas as suas etapas de produção. Apesar dos contratempos, o presidente da Arena Fonte Nova, Frank Alcântara, garantiu que o torcedor que desejar comer acarajé durante as partidas de futebol organizadas pela Fifa ou em qualquer outro evento na Arena, considerada de multi-uso, poderá escolhê-lo no cardápio. “Ney Campelo [secretário estadual para assuntos da Copa do Mundo de 2014] garantiu a baiana na Copa do Mundo. Não sou eu, um humilde presidente de Arena, que vou dizer que não terá acarajé na Arena Fonte Nova. Não sei como é que vamos fazer isso, mas não ter acarajé dentro da Arena seria um absurdo. Nós vamos ter uma equação para que o acarajé seja incorporado como iguaria do cardápio da Arena Fonte Nova. Seria um absurdo se fosse diferente”, garantiu. Já o chefe da Secopa, em entrevista ao Bahia Notícias, revelou que já deu início às conversas com a empresa ue ficará responsável pela administração dos quiosques. Segundo o chefe da pasta, assuntos como segurança e formas de comercialização do acarajé já estão sendo discutidas com a companhia. “De alguma forma garantiremos a venda do acarajé dentro do estádio. Até mesmo se for necessário se produzir em um outro lugar, mas a comercialização está garantida dentro e fora da Arena Fonte Nova”, afirmou. Caso prevaleça a orientação de se comercializar apenas produtos prontos para o consumo nos quiosques, o acarajé poderá perder a sua tradição e todo o seu simbolismo, já que, como manda os ritos, tem que ser consumido ainda quente, logo após a retirada do azeite de dendê. Apenas os acompanhamentos como o camarão, vatapá, caruru e a salada - produzidos com antecedência - são aceitáveis em temperatura ambiente. Neste caso, para se tentar manter a tradição, o aparelho de micro-ondas poderá ser a solução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário