Fotos: Metrópole | Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
A presença do empresário do Grupo Metrópole, Chico Kertész, na sessão desta terça-feira (23) da Câmara Municipal de Salvador causou alvoroço no Plenário Cosme de Farias. Após o protesto de vereadores, ele foi expulso das dependências da Casa pelo 1º secretário do Legislativo, Arnando Lessa (PT) – que controla a entrada e a saída de jornalistas. O motivo foi a capa do Jornal da Metrópole da última sexta (19), que teria identificado os edis que tentaram salvar – em vão – o ex-prefeito João Henrique de Barradas Carneiro da segunda recusa consecutiva (2009 e 2010). Os quatro "mentirosos" – aqueles que disseram ter votado "sim" ao parecer do Tribunal de Contas dos Municípios, mas teriam depositado "não" na urna –, segundo a reportagem, seriam Marcell Moraes (PV) e os representantes do PT Henrique Carballal, Moisés Rocha e Suíca, que ameaçou deixar o bloco de oposição por falta de apoio dos seus pares. A publicação gerou reação e ameaças de processo pelos edis que se dizem injustiçados. Em seu discurso na tribuna, o mais exaltado deles, Carballal, chegou a clamar aos colegas que não ajudassem a viabilizar patrocínios para a emissora, sob pena de "financiar o próprio grupo para as ações que serão enfrentadas na Justiça". O âncora da rádio, Mário Kertész, ex-gestor da cidade e candidato derrotado ao posto na última eleição, foi o principal alvo do ataque. "Apesar de ele se apresentar como judeu, ele age como nazista. A tese de que uma mentira dita 100 vezes se torna verdade, se torna um lema desse senhor", discursou o petista, que foi endossado por Isnard Araújo (PR), que atribuiu "repúdio" e "nojo" às "pessoas sem caráter" que fariam parte do veículo. No encontro entre Carballal e Kertész, houve troca de ofensas e empurra-empurra, o que gerou mais tarde registro de queixa-crime por parte do vereador na 1ª Delegacia dos Barris.
As declarações dos políticos foram consideradas ofensivas pelo empresário, que, após contato direto com alguns deles, avaliou a possibilidade de dar retratação a Marcell e Tia Eron (PRB), que, ao não anunciar o seu posicionamento, também foi incluída na lista intitulada "A Vergonha da Câmara". "Nós não tínhamos intenção de causar tumulto ou agressão com a divulgação do painel. A nossa intenção é promover um processo de assepsia e, por isso, a gente luta pelo voto aberto. Para saber quem é quem. No caso de Carballal, a gente responde na Justiça. Aliás, a Justiça é o lugar mais adequado para Carballal, pois ele não devia sair de lá", disparou Chico Kertész, em entrevista ao Bahia Notícias. Especificamente sobre a queda do voto secreto, nesta terça, o presidente da Casa, Paulo Câmara (PSDB), autor do projeto, bem como os vereadores Fabíola Mansur (PSB) e Edvaldo Brito (PTB) tentaram colocar em votação o requerimento de urgência-urgentíssima para aprovação da matéria. No entendimento do petebista, a não adoção da medida de transparência é o motivo da discórdia entre legisladores e imprensa. "Ou nós mudamos nosso comportamento aqui dentro, coerente com as aspirações da sociedade, ou seremos alvos de suposições”, avaliou, em nota. Durante os trabalhos, no entanto, o "henriquista" Geraldo Júnior (PTN) liderou o protesto de parte dos colegas contra o voto aberto com a ameaça de travar a pauta da Câmara. O grupo considera "injusto" que a mudança no regimento ocorra antes da apreciação das prestações de 2011 de JH, o que proporcionaria a jornalistas, indubitavelmente, não só dar "nome aos bois" àqueles que, por um motivo ou outro, aprovam a gestão anterior como publicizar o comportamento legislativo dos edis ao seu eleitorado.
por Evilásio Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário