Casamento gay
O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, celebrou na manhã deste domingo (19) a Festa de Pentecostes que reuniu centenas de fiéis no Ginásio O Ronaldão, em João Pessoa. A missa celebra os cinquenta dias após o domingo de Páscoa, quando Cristo apareceu vivo para os seus discípulos após morrer na cruz e ter sido sepultado. Dom Aldo explicou que a celebração representa a unidade em toda a Igreja, assim chamada Universal. É um momento de congregar todos os filhos de Deus dispersos. Na ocasião, o arcebispo comentou acerca do casamento civil de pessoas do mesmo sexo e disse que a Igreja não reconhece este tipo de união, mas que respeita o direito constitucional dos casais.
O arcebispo lembrou que este é um ano de celebração religiosa e evangelização por causa da Jornada Mundial da Juventude que será realizada no país e a vinda do papa Francisco. Na Festa de Pentecostes, o momento é de unir todos os filhos de Deus pela força do amor, graças ao Espírito Santo que tem o dom da unidade e do amor. “Por isso que temos a representação de todas as comunidades cristãs hoje, para representar a nossa disponibilidade dos dons que recebemos de Deus e para colocarmos em serviço à toda a comunidade e às famílias. É graças ao Espírito Santo que nos garante a vitalidade da evangelização”, afirmou.
“Homem com homem não é família”
No final de abril, a Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba publicou o provimento 006/2013 que obriga os cartórios a realizar o casamento civil de pessoas do mesmo sexo, assim como transformar a união estável em casamento, sem precisar da intervenção da Justiça. O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, disse que a Igreja não reconhece absolutamente o casamento gay, pois ela não admite comparar este tipo de união homossexual com a formação de uma família. Porém, ele disse que a Igreja respeita o direito constitucional de duas pessoas do mesmo sexo “conviver formando uma sociedade particular”.
“Nós não podemos reconhecer em nome do Evangelho de Jesus e dos princípios da lei natural e da lei positiva que haja uma equiparação a uma instituição familiar. Então com todo o respeito, civilmente eles estão reconhecidos, mas na Igreja, não podemos admitir que seja conforme a lei de Deus e a lei natural, pois reconhecemos que para gerar uma vida é necessário um homem e uma mulher, formando uma família. Homem com homem não é uma família”, afirmou o arcebispo.
Adoção é questionada
Quanto a adoção de crianças por casais gay, Dom Aldo disse que a Igreja ainda não tem uma opinião formada sobre o assunto, pois entende que é uma “questão muito complexa e é ainda uma experiência inicial”. Ele explicou que a Igreja questiona “o que será dessas crianças” e da confusão que elas terão ao perceber que a maioria das outras crianças tem um pai e uma mãe enquanto elas têm dois pais ou duas mães. “Mas é uma questão que ainda não temos uma opinião formada”, disse.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, em João Pessoa tem 27 crianças aguardando adoção, destas 10 com idade de 6 a 10 anos, 16 com idades de 11 a 15 anos e uma com idade superior a 16 anos. A presidente do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de João Pessoa (Gead-JP), Lenilde Cordeiro, disse que o grupo tem defendido a causa da adoção de crianças por casais gays há muito tempo e que acredita que essa família não pode ser discriminada no processo de adoção. Para Lenilde, o que importa é respeitar os critérios para adoção, como estabilidade familiar, harmonia e a vontade de ter um filho. Segundo Lenilde, o principal objetivo da adoção é encontrar um lar amoroso e uma família para a criança e não preencher o vazio de um casal que não consegue ter filhos. “Os critérios que devem ser considerados e não a orientação sexual. Inclusive, estamos trabalhando no grupo com dois casais homoafetivos que têm interesse em adotar e temos outro casal cadastrado. Os casais homoafetivos são mais tolerantes as diferenças das crianças reais que estão para adoção, que são maiores de 5 anos, negras e são grupos de irmãos”, explicou.
FRAM MARQUES
FONTE: Correio da Paraíba
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