Depois do marco histórico do dia 20/06, quando mais de 30 mil pessoas tomaram as ruas e avenidas de Aracaju para mostrar suas indignações contra o aumento da tarifa do transporte e outras pautas populares, novamente o povo se reuniu na capital sergipana. E dessa vez para deixar bem claro que não vai mais tolerar calado os descalabros das administrações em todas suas esferas.
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Tendo como mote principal a revogação da tarifa de ônibus, o que se viu foi uma avalanche de reivindicações, provando o descontentamento do povo com a ineficácia dos serviços públicos e a omissão deliberada dos governantes e seus agentes. As faixas e cartazes deixavam induvidosas as cobranças da população.
Como já era esperado, a classe política em geral se transformou em alvo preferencial da repulsa das ruas. Os médicos também se fizeram presentes em protesto contra as medidas de importação de profissionais anunciadas emergencialmente pelo governo federal. Outras classes profissionais e estudantes de cursos específicos igualmente apresentaram suas reivindicações.
Diante do ocorrido no primeiro ato, quando os manifestantes rejeitaram a presença de bandeiras partidárias e de centrais sindicais, dessa vez estes grupos decidiram não participar. Daí não haver qualquer carro de som nem discursos inflamados. Talvez por isso que a multidão de hoje estava mais silenciosa, mais arredia e menos encorajada. Já não havia aquelas feições predispostas, aqueles olhares efervescentes, aqueles gestos de descontentamento.
"Por um transporte coletivo público, gratuíto e de qualidade"
Após isso, e já pela Barão de Maruim, então a multidão começou realmente a mostrar sua força, tomando completamente as duas pistas e calçadas, numa extensão que talvez chegasse a cinco quarteirões num só passo. Batucadas, palavras de ordem, cantorias, tudo isso efervescendo a caminhada sempre aplaudida pelos moradores dos edifícios ao redor.
Novamente helicópteros vigiaram do alto. Policiais novamente estavam infiltrados em meio à multidão, mas certamente não conseguiram avistar uma só ação de vandalismo, depredação ou exaltação mais exacerbada. Mas só até a multidão chegar ao Centro Administrativo Municipal.
É por essas e outras que o encanto, repentinamente, se torna em desencanto. E, em decorrência de tais atos, dificilmente haverá outra manifestação vitoriosa pelas ruas da capital. Pena que tenha acontecido assim. Mas eis as feras escondidas nos labirintos da multidão.
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Rangel Alves, advogado e escritor | blograngel-sertao.blogspot.com » Fotos de Douglas Carvalho
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