O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo deve ordenar a designação de integrantes da Polícia Federal e da Força Nacional para o município de Poço Verde na expectativa de formar uma força-tarefa em auxílio à Polícia Militar, para inibir a ação de grupo de extermínio que tem agido na região. "A intenção é evitar que mais mortes aconteçam e que a impunidade continue prevalecendo na região", justificou a senadora Ana Rita (PT/ES), ao presidir a reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), no final da manhã de ontem, no Senado.
"O lugar é centro de distribuição de drogas", disse a parlamentar petista, ressaltando que o juiz e o promotor que atuam na Comarca disseram, em ofício encaminhado à Comissão, que já adotaram as medidas legais ao alcance, mas não ocorreram os efeitos esperados. Rita lembrou que, de janeiro a maio deste ano, 14 jovens já foram mortes e "em nenhum caso as investigações avançaram".
A denúncia sobre a ação do grupo de extermínio foi relatada num dossiê elaborado pela promotoria de Justiça da comarca de Poço Verde, através do promotor Lúcio José Cardoso. De acordo com os relatos, "os justiceiros" chegam a deixar em escolas do município listas contendo os nomes dos jovens jurados de morte que, posteriormente aparecem assassinados. Ao final de uma das listas, o grupo chegou a escrever que "ladrão e traficante vai rodar se ficar em Poço Verde".
Ana Lúcia chamou a atenção para a frieza e crueldade com que agem os integrantes do grupo. Na época, na tribuna da Assembleia Legislativa, a deputada contou que em um dos casos, um jovem foi raptado e, após sua execução, os assassinos retornaram ao local do sequestro e retiraram as câmeras de segurança para evitar serem identificados.
A situação se agrava, no entendimento de Ana Lúcia, dada a insegurança do município. Ela lembrou que apenas dois policiais fazem a segurança de aproximados 22 mil habitantes. Outro agravante, apontou a deputada, é que Poço Verde fica localizada na zona de limite entre os Estados de Sergipe e Bahia, fazendo fronteira com seis outros municípios.
Simaodiense
CARLINO SOUZA
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