Mascote da Copa do Mundo de 2014, tatu Fuleco é vítima de confusão na Alemanha. (Foto: Jefferson Bernardes / Vipcomm)
Uma definição pouco lisonjeira para o nome do mascote da Copa do Mundo 2014 do Brasil causa confusão na imprensa alemã. Quase um ano e meio depois do batismo do simpático tatu-bola, o diário alemão Die Welt, um dos mais conhecidos da Alemanha, afirmou no final da semana passada que Fuleco é sinônimo de “ânus” na “linguagem popular do Brasil”.
A notícia foi logo reproduzida em tom jocoso por alguns dos veículos mais lidos da Alemanha, como os sites do jornal popular Bild, do jornal Hamburger Morgenpost e do semanário Stern. O assunto atravessou fronteiras e foi destaque nas páginas dos diários austríacos Tiroler Tageszeitung e Österreich, para citar alguns.
A mídia comentou em visível tom de escárnio o que seria uma “vergonha” à Fifa e, indiretamente, para a organização brasileira do megaevento. Alguns dos textos eram acompanhados de fotos do tatu-bola junto ao membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Ronaldo.
“Brincadeira de mau gosto”
Na segunda, Bild e Hamburger Morgenpost recuaram, explicando que o “pobre Fuleco”, cujo nome deriva, segundo a Fifa, da junção de “futebol” a “ecologia”, foi sido, na verdade, vítima de um mal-entendido dos tempos da internet.
De acordo com os dois periódicos, a associação anatômica com o nome do bicho apareceu na rede mundial de computadores somente em data posterior ao batismo do personagem, ocorrido em novembro de 2012.
No que os veículos chamaram de “brincadeira de mau gosto”, um internauta teria postado um verbete no Dicionário Informal, portal que recebe contribuições de qualquer usuário. Nele, são encontradas 54 definições para “Fuleco”. Algumas delas, engraçadas. Todas aparentemente posteriores à data de batismo do personagem, a julgar pelo dia de publicação registrado.
“De lá, (essa notícia) se alastrou rapidamente, e na Alemanha quase todos os veículos online reportaram sobre a suposta mancada envolvendo o nome – nossa redação também caiu na falsa tradução”, admitiu o Hamburger Morgenpost.
“Um disparate”
O premiado blog Bildblog, que aponta erros na imprensa alemã, criticou o que considera mancada não só do jornal Die Welt, mas de grande parte da mídia do país, que reproduziu a notícia sem analisar a veracidade da informação.
“Vamos ser curtos: isso tudo é um disparate”, conclui o blog. “Fuleco não quer dizer ´ânus´. Até há pouco tempo, a palavra sequer fazia parte da (língua portuguesa)”, afirma, mencionando um comentário publicado na internet pelo jornalista Dietmar Lang, alemão “radicado há anos no Brasil” e que “nunca ouviu, nem de forma mais remota, que o nome Fuleco possa ter uma conotação negativa”.
Lang também lembra que o suposto sinônimo escatológico do nome do personagem, ao qual o Die Welt se refere, curiosamente jamais foi abordado na imprensa brasileira. Isso, apesar dos vários veículos locais terem repercutindo o descontentamento de alguns com o nome dado ao tatu-bola.
Após alguns comentários críticos no próprio site do Die Welt, de leitores (muitos deles brasileiros) acusando o veículo de errar, o jornal publicou no mesmo local uma justificativa da autora do artigo que deu início à confusão. Ela alega que o termo em questão remonta à “linguagem dos escravos africanos no Brasil”, procurando corroborar o que afirma com uma explicação retirada da internet.
Fonte: Terra, com Deutsche Welle
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