As razões para isso não são inteiramente claras. Há quem, como o pioneiro dicionarista português do século XVIII Rafael Bluteau, autor do “Vocabulário Português e Latino”, aposte numa versão rudimentar do marketing político-cosmetológico que hoje se faz com cirurgias plásticas, cortes de cabelo e mudanças no figurino. O branco docandidatus tentaria mostrar que ele eracandidus, ou seja, imaculado, puro.
Nas palavras de Bluteau, era como se os aspirantes ao voto popular “quisessem mostrar a candideza do seu ânimo na sua pretensão, dirigida só ao bem público; ou também porque queriam dar a entender que não fundavam nos seus merecimentos, mas na bondade e virtude dos que haviam de eleger, o sucesso da pretensão”.
Uma explicação mais pragmática para o costume do branco como uniforme dos antigos candidatos romanos – a de que eles queriam apenas se destacar na multidão – é a preferida de etimologistas como os brasileiros Antenor Nascentes e Silveira Bueno. Como diz este: “A veste branca tinha a finalidade de atrair os olhares dos aclamadores” quando o candidato “se apresentava ao povo no Campo de Marte”.
Nada impede a verdade de estar numa combinação das duas ideias, claro.
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O texto acima foi publicado nesta coluna em 2010. Cumprido um ciclo democrático, como deve ser, está de volta.
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