José Aldo encara o potinho de urina após colher sua amostra (Foto: Fabio Penna)
Na última semana, o UFC anunciou um novo programa de controle antidoping, e uma das preocupações expressadas pelos jornalistas era de como funcionariam esses exames fora dos EUA. Nesta quinta-feira, um incidente na base da equipe Nova União serviu como exemplo de como esse controle será difícil no Brasil. Uma tentativa de se realizar um exame antidoping surpresa em José Aldo no Rio de Janeiro terminou em autuação, multa e notificação para deixar o país do profissional enviado pela Comissão Atlética de Nevada (NAC) para a coleta de sua amostra de urina.
Logo ao chegar na academia Upper, sede da Nova União no Rio de Janeiro, Aldo recebeu a notícia de que um coletor enviado pela NAC o aguardava para realizar um exame surpresa - o lutador vai defender o cinturão peso-pena (até 66kg) em Las Vegas, no estado de Nevada, no próximo dia 11 de julho, no UFC 189, contra Conor McGregor. O lutador brasileiro cumpriu o que lhe foi pedido e colheu uma amostra de urina num pote de plástico.
Todavia, surpreendido pela chegada do coletor, que não tinha nenhuma identificação que o ligasse à NAC, o treinador e agente de Aldo, Dedé Pederneiras, contactou a Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), que também não foi avisada da realização do exame. Segundo Pederneiras, a entidade acionou a Polícia Federal, que chegou à academia e descobriu que o coletor americano, identificado como Ben Mosier, do laboratório Drug Free Sport, não tinha visto de trabalho no país - seu visto de negócios, segundo o policial que compareceu ao local, não lhe dá o direito de trabalhar, apenas participar de reuniões e negociações.
Cristiano Sampaio, diretor operacional da CABMMA, chegou à academia pouco depois, já no início da tarde, e se reuniu com o treinador, o coletor e o policial federal. Após mais de quatro horas de conversa em uma sala, surgiu a notícia de que Mosier poderia até ser deportado por conta do visto irregular ainda nesta quinta-feira, o que não aconteceu. Mosier foi autuado, multado em R$ 413,88 e notificado a deixar o país em até oito dias, deixando a academia no início da noite. O Combate.com tentou entrevistar o coletor, mas ele se recusou a comentar o fato. Sampaio também recusou-se a dar entrevista para explicar quais foram as irregularidades apontadas por ele mesmo no processo de coleta do material junto a José Aldo. Uma nova coleta será feita nesta sexta-feira pela CABMMA em acordo com a NAC. A amostra inicialmente colhida por José Aldo foi jogada fora pelo próprio lutador antes de deixar a academia à tarde. Pederneiras defendeu a atitude da equipe no caso.
- A gente fez tudo o que eles pediram. Até dar a confusão toda, o Aldo já tinha feito o teste, (a urina) já estava no potinho. Só que, quando a comissão brasileira chegou aqui, viu que a forma como a coleta foi feita não era a forma que tinha que ser feita aqui no Brasil. E teve um agravante a mais porque um policial federal constatou que, na verdade, a pessoa que estava aqui não poderia nem estar fazendo nada de trabalho, estava trabalhando sem ter direito de trabalhar. É a mesma coisa que ir para os EUA com visto de turista ou B1/B2, pelo que eu entendi, e querer trabalhar. Não entendo muito bem dessa parte mas, pelo que entendi, ele teria que ter um visto de trabalho para fazer o que estava fazendo aqui dentro. E aí piorou ainda mais a situação porque o funcionário do laboratório tem um problema com a imigração aqui. A gente nem se mete nisso. Na verdade, isso é um bafo entre a Comissão Atlética Brasileira e a Comissão de Nevada. O UFC não tem nada a ver com essa história, quem faz esse tipo de testes é a comissão atlética - explicou o treinador e empresário.
Antes da confusão, o lutador se submeteu ao teste de boa vontade, embora tenha estranhado o fato de o procedimento não ter sido feito pela CABMMA. O campeão teve certa dificuldade para encher o pote e se estressou em alguns momentos, mas garantiu que não se incomodou.
- É normal. Chegou um momento no esporte que não só eu, mas também outros atletas têm que passar por isso. Essa é a minha primeira vez aqui no Brasil. Acho que quem devia estar fazendo isso era a comissão brasileira, pelo fato de eu morar aqui. Mas não tem problema. Para mim, isso aqui não é nada. Lutar, mijar, para mim é a mesma coisa - afirmou Aldo.
José Aldo exibe a amostra de urina que cedeu para exame antidoping surpresa (Foto: Raphael Marinho)
O campeão da divisão até 66kg salientou que ainda não deu entrada para receber a licença para lutar em Las Vegas, e que a data informada pela NAC de quando seria feito o primeiro exame era outra. José Aldo também elogiou a nova política de controle antidoping do Ultimate, que prometeu fazer testes regularmente nos atletas da organização.
- Gostei muito. Acho que você tem como trabalhar da maneira certa e é nisso que eu confio. Tem que chegar lá dentro e fazer o trabalho perfeito, independente do que você tomar ou não.
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