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terça-feira, 20 de outubro de 2015

FLAGRADA NO BAFÔMETRO: Mulher que matou 2 em ciclofaixa deixa cadeia após pagar R$ 15 mil

Mulher deixa 89º DP acompanhado por advogados na tarde desta terça-feira (20) (Foto: Will Soares/G1)Mulher deixa 89º DP acompanhado por advogados na tarde desta terça-feira (20) (Foto: Will Soares/G1)
A motorista Juliana Cristina da Silva, de 28 anos, presa no domingo (18) depois de atropelar e provocar a morte de dois homens que pintavam uma ciclofaixa na Zona Norte de São Paulo, foi liberada do 89º Distrito Policial, onde passou a noite, após pagar fiança de cerca de R$ 15 mil na tarde desta terça-feira (20). Ela vai responder ao processo em liberdade.
Na saída da delegacia, ela não quis conversar com os jornalistas. Segundo informações do SPTV, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou às 11h50 que recebeu o pagamento da fiança, estipulada em 20 salários mínimos. O TJ enviou um aviso do pagamento e um alvará de soltura para o 89º DP para que Juliana fosse liberada.
Ela terá de entregar a carteira de habilitação e deverá comparecer ao Fórum da Barra Funda a cada dois meses. Juliana recebeu por volta das 10h45 a visita de uma advogada. A defensora, que não quis falar com a imprensa, ainda não estava com o alvará de soltura em mãos para liberá-la.
De acordo com policias do 89º DP, a visita aconteceu apenas para que a advogada tranquilizasse sua cliente. A defensora informou à motorista que as pendências para sua soltura estavam sendo resolvidas, como o pagamento da fiança.
A decisão que permitirá à motorista responder o processo em liberdade foi do  juiz Paulo de Abreu Lorenzino, do Departamento de Inquéritos Policiais. Ela determina, além da fiança, que a motorista entregará a carteira de habilitação e deverá comunicar à Justiça caso fique ausente da cidade por mais de 30 dias.
O SPTV conversou com os parentes de Juliana. Eles não quiseram gravar entrevista e disseram que a mãe dela chora o tempo todo. Para eles, o acidente foi uma fatalidade.
Embriaguez
O acidente aconteceu na madrugada de domingo (18). José Airton e Raimuno Barbosa pintavam uma ciclofaixa em Santana, na Zona Norte, quando foram atropelados.
José morreu na hora, e Raimundo chegou a ser socorrido à Santa Casa, mas também não resistiu aos ferimentos. A motorista fugiu do local, mas foi parada por testemunhas depois de percorrer cerca de 3 km. A Polícia Militar foi acionada, e ela acabou levada ao 73º DP.
Os atropelamentos aconteceram por volta de 1h30, na Avenida Luiz Dumont Villares. Duas faixas foram interditadas até por volta das 4h30, quando houve a liberação por parte da perícia.
Na ocasião do acidente, Juliana foi submetida ao exame de etilometria pela polícia e apresentou resultado de 0,85 miligrama por litro de ar – quase três vezes o limite para se configurar o crime de embriaguez ao volante, que é de 0,34 mg/l.
José Airton de Andrade e Raimundo Barbosa dos Santos morreram após serem atropelados quando pintavam a ciclovia (Foto: TV Globo/Reprodução)José Airton de Andrade e Raimundo Barbosa dos Santos morreram após serem atropelados quando pintavam a ciclovia (Foto: TV Globo/Reprodução)
Nesta segunda-feira, a Justiça chegou a decretar a prisão preventiva da motorista, mas ainda aguardava a audiência de custódia para determinação de onde ela aguardaria o julgamento.
Segundo a Globonews, Juliana perguntou a um carcereiro se o caso tinha dado muita repercussão e se continuaria presa. Diante das respostas afirmativas, começou a chorar.
Crimes
Juliana foi autuada em flagrante por homicídio culposo, lesão corporal e fuga sem prestar socorro. Após a confirmação da morte da segunda vítima, houve a comunicação de óbito e um novo boletim de ocorrência foi registrado.
Caio Gois trabalha em um bar em frente ao local do atropelamento e viu tudo o que aconteceu. "Foi bem complicado, foi uma cena bem chocante. Foi assustador na realidade, né?", disse.
Sila Cavalcante de Souza, viúva de Raimundo Barbosa dos Santos (Foto: TV Globo/Reprodução)Sila Cavalcante de Souza, viúva de Raimundo
Barbosa dos Santos (Foto: TV Globo/Reprodução)
Os dois operários eram funcionários de uma empresa terceirizada que prestava serviços para a CET. Ambos eram do Piauí.
Vítimas
Raimundo Barbosa dos Santos, de 38 anos, chegou a São Paulo há 19 anos em busca de uma vida melhor. Ele vivia na Brasilândia, na Zona Norte, com a mulher e quatro filhos.
"Tudo de um pai bom, maravilhoso, ele é. E foi acontecer essa tragédia hoje de madrugada, com essa bêbada. Acabou com a minha vida e com os meus filhos", disse a viúva de Raimundo, Sila Cavalcante de Souza.
José Airton morava em Francisco Morato, na Grande São Paulo, e tinha dois filhos. Um vizinho do operário mostrou indignação com a morte. "Eu quero que esta pessoa seja punida no rigor da lei para isso não voltar a acontecer com outros pais de famílias", disse Carlos Eduardo Cajaraville.
Parentes de vítimas vão ao DP
Um familiar do operário Raimundo Barbosa dos Santos compareceu na manhã desta terça-feira ao 89º Distrito Policial, no Morumbi, onde a motorista Juliana Cristina da Silva está detida. O pedreiro Manoel Ferreira da Silva, de 42 anos, é primo de Raimundo e, como mora na favela Paraisópolis, próximo ao DP, resolveu passar na delegacia para saber o horário em que a motorista seria solta. "Eu vim só para ver o rosto dela. A justiça quem dá é Deus. Se eu pudesse, queria saber dela, se ela fosse mãe de família, se acharia bom alguém matar o filho dela", afirmou.
O pedreiro Manoel Ferreira da Silva, de 42 anos, é primo de Raimundo (Foto: William Soares/G1)O pedreiro Manoel Ferreira da Silva, de 42 anos, é primo de Raimundo (Foto: William Soares/G1)
Manoel conta que, até a noite desta segunda-feira, estava trabalhando em uma obra no interior de São Paulo. Sem acesso a televisão ou internet por lá, só ficou sabendo do caso na manhã desta terça, quando voltou para casa e ligou a TV. Assim que viu a notícia, ligou para Piripiri, no Piauí, sua cidade natal, e confirmou o ocorrido.
O pedreiro opina que a decisão da Justiça de conceder a Juliana o direito de responder pelos crimes em liberdade é um erro. Para ele, a motorista "tinha que pagar na cadeia direto". "Vi no jornal que ela vai pagar 20 salários mínimos. É uma injustiça muito grande. Não pode ser um negócio desses, porque a vida do meu primo não volta mais. Esses 15 mil reais vão pra quê? Não resolve nada", completou.

Acompanhada de um dos quatro filhos e também da cunhada, a dona de casa Silia Cristiane Cavalcante, viúva do operário Raimundo Barbosa, também compareceu ao 89º DP para acompanhar a saída de Juliana da carceiragem.
Viúva de Raimundo esteve em delegacia na manhã desta terça-feira (Foto: Will Soares/G1)Viúva de Raimundo também esteve em delegacia na manhã desta terça-feira (Foto: Will Soares/G1)
Silia afirma que resolveu ir até o local para protestar contra a decisão da Justiça de liberar a motorista para responder o processo em liberdade. Segundo a viúva, até agora, ninguém da família de Juliana entrou em contato para oferecer algum tipo de ajuda. "Nem pra deixar um pacote de fraldas, uma caixa de leite, nada. Nem pra dizer: 'quer um real?'".
A dona de casa conta que, se a ajuda não veio por parte do lado de Juliana, a empresa onde o marido trabalhava já havia 19 anos não virou as costas à família e vem prestando apoio. Ela também aproveitou para agradecer aos estranhos, que aparecem aos montes oferecendo ajuda. "Muitos tão me vendo na TV e me ligando, me procurando para doar mantimentos, cesta básica", disse emocionada.
A viúva disse que pretende voltar ao Piauí com os quatro filhos "assim que a justiça for feita".
O operário José Airton também deixou filhos. No caso dele, foram seis. A primogênita, Nayane Cristina, de 31 anos, foi outra a aparecer na delegacia, indignada com a liberdade concedida à motorista Juliana.
Nayane, que também é dona de casa, se refere ao pai como "herói" e conta com tristeza sobre a infeliz coincidência que marcou o dia do acidente: "Fiz aniversário no dia da morte dele".
De acordo com ela, o baque foi grande. "A gente quer ver o pai morrer de velhice, de forma natural, não do jeito que ele morreu. Não do estado que ele ficou, com uma pancada tão forte por causa de uma imprudente dessa que bebe e sai por aí", completou.
Motorista que matou 2 em ciclofaixa bebeu acima do limite permitido (Foto: Reprodução/ TV Globo)Motorista que matou 2 em ciclofaixa bebeu acima do limite permitido (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Juliana Cristina da Silva deixa o 89º D.P. para audiência de custódia no Fórum da Barra Funda (Foto: Luiz Cláudio Barbosa/Código 161/Estadão Conteúdo)Juliana Cristina da Silva deixa o 89º D.P. para audiência de custódia no Fórum da Barra Funda (Foto: Luiz Cláudio Barbosa/Código 161/Estadão Conteúdo)

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NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
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