“Se suas fotos ainda não estão boas o suficiente é porque você ainda não está perto o suficiente”, dizia o lendário fotógrafo da Agência Magnum, Robert Capa. Essa proximidade, que no caso se referia as cinco guerras que cobriu, se instaura cada dia mais na fotografia de vida selvagem. E National Geographic, sempre na vanguarda, já há tempos busca imagens intimistas que coloquem os leitores cara a cara com os animais retratados.
Me arrisco a dizer que essa proximidade é hoje uma necessidade de sentir de forma quase tátil as imagens. Fotos produzidas com teleobjetivas, trazem retratos com a espécie comprimida em distintos planos e com o fundo desfocado, o que traz detalhes do animal, mas o isola de seu ambiente. Claro que para algumas espécies essa é a única forma de registrá-las e mostrar seus comportamentos, por isso essas imagens seguem compondo boa parte das histórias, mas fotos que retratam os animais como se o leitor estivesse ali presente, fazem cada vez mais parte desses ensaios.
A armadilha fotográfica foi a ferramenta que proporcionou inicialmente essa aproximação. Usada também para resgistrar animais esquivos e tímidos, ela também acaba por compor cenas do ambiente daquele animal como foi na maravilhosa reportagem sobre os tigres de Michael “Nick” Nichols, publicada na edição de dezembro de 1997 (Veja o making of https://www.youtube.com/ watch?v=4BQ1_vxV_nE), ou mesmo pelo incrível ensaio sobre os leopardos-das-neves realizado por Steve Winter.
Essa ferramenta é muito útil mas tem diversas limitações, sendo a principal delas a ausência do fotógrafo na cena. Assim, é preciso contar com uma imensa boa vontade do bicho retratado e uma boa pitada de sorte.
Outras maneiras de se chegar a esses retratos é com o uso do controle remoto. Instalamos uma câmera em um local onde haja a possibilidade de o animal passar, ou próxima a uma toca ou ninho, respeitando os limites impostos pela espécie, e monitoramos. Se o bicho cruzar o quadro, o fotógrafo dispara o controle. Essa ferramenta já proporciona um pouco mais de controle sobre a situação.
A terceira via é a da presença in loco. Estar ali cara a cara com o animal, estabelecer uma relação de confiança e respeito e claro, se aproximar de acordo com o que ele permitir. Esse tipo de imagem com certeza vai exigir do fotógrafo um imenso conhecimento sobre a espécie retratada, em certos casos muita paciência e na maioria das vezes um bocado de coragem. Dois exemplos recentes e com resultados incríveis são as reportagens produzidas pelo companheiro aqui de National Geographic Brasil Luciano Candisani sobre os jacarés-do-pantanal e as imagens feitas pelo homem do gelo Paul Nicklen sobre os pinguins–imperadores.
O resultado dessas técnicas são imagens que fazem com que o leitor se sinta dentro do ambiente daquele animal, ao seu lado. Uma sensação de intimidade que pode trazer ainda mais emoção para o desfrute de uma grande reportagem. Como diria Rita Lee: Chega mais.
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