Por Gabriel FrickeRio de Janeiro
Uma inovação implantada pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) na quadra em 2015 chegou ao vôlei de praia no Grand Slam do Rio de Janeiro, cuja chave principal começou nesta quarta-feira na Praia de Copacabana, na Zona Sul, mesmo local onde serão disputados os Jogos Olímpicos em agosto deste ano. Trata-se da rede de LED, que foi utilizada no indoor nas finais da Liga Mundial, em julho do ano passado. Se Maracanãzinho atletas importantes da seleção brasileira como Lucarelli e Murilo disseram que tudo não passava de uma "questão de costume". Nas areias, o recurso tecnológico causou polêmica.
Luz de LED da nova rede acesa no jogo de Duda e Elize Maia contra time da Holanda (Foto: Gabriel Fricke)
Após sua vitória por 2 a 0, parciais de 21/11 e 21/13 sobre os americanos Olson e Casebeer, em 36 minutos, nesta quarta-feira, Alison Cerutti, o "Mamute" foi ao microfone e criticou a nova rede de LED, que funciona como um painel. Seu parceiro, Bruno Schmidt, fez coro às reclamações do companheiro de quadra. Os dois representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos em agosto.
- Representado pelo Alison, nossa dupla falou um pouco ali (no microfone). Nosso teste da rede foi no jogo e é complicado: trata-se de um dos primeiros grandes eventos do ano, no Rio de Janeiro, praticamente o evento que antecede os Jogos, estrearem uma rede dessa, totalmente diferente do que estamos acostumados... As redes das quadras de fora são de um jeito, a de dentro é de outro. A altura da rede estava irregular, ela não podia ser consertada. Não acho que isso case com um torneio desse porte. O Alison falou, teve coragem de falar e estou com ele. Todo mundo ficou insatisfeito de testar essa situação agora. Parece uma grade de plástico. A gente costuma usar a rede como acessório de jogo: para salvar uma bola, para um recurso de saque. Está bem diferente. Teve uma bola no primeiro set que busquei bem simples, ela bateu e pegou uma trajetória diferente. Somos muito profissionais, mas falamos o que achamos. Não é só a gente, jogadores do mundo inteiro estão achando isso - falou Bruno.
Alison e Bruno não gostaram da novidade implantada pela FIVB (Foto: Matheus Vidal / CBV)
Ainda de acordo com os jogadores, a comunicação da utilização da nova rede de LED foi feita pela FIVB no congresso técnico, realizado nesta terça-feira, antes do início da chave principal do Grand Slam do Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, a entidade anunciou outras novidades.
Uma delas é que os atletas vão passar a ter direito à revisão de jogadas com base na imagem da televisão, o que já ocorreu nesta quarta-feira e foi visto, por exemplo, no meio do segundo set da vitória de Larissa e Talita por 2 a 0, parciais duplas de 21/13 e 21/13 contra Xue e Xia, da China. Foi em ataque brasileiro que desviou no bloqueio das chinesas, mas a arbitragem marcou bola fora. Além disso, a partida terá um tempo a mais, para que as televisões possam passar replays com lances do jogo (LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO).
A nova rede de LED é mais pesada e feita com um material que não pode ser danificado ou representar algum risco para os atletas. Ela acenderá nos jogos noturnos. A novidade poderá ser usada também nos Jogos Olímpicos de 2016. É a primeira etapa do Circuito Mundial que está utilizando esse recurso tecnológico.
Alison criticou a novidade no microfone após o jogo ao lado de Bruno (Foto: Matheus Vidal / CBV)
Após sua vitória por 2 a 0, parciais de 21/11 e 21/13 sobre Olson e Casebeer, e esta quarta-feira, Alison foi ao microfone e criticou a nova rede de LED, que funciona como um painel. Mais pesada e feita com um material que não pode ser danificado ou representar algum risco para os atletas, ela acenderá nos jogos noturnos. A novidade poderá ser usada também nos Jogos Olímpicos de 2016. É a primeira etapa do Circuito Mundial que está utilizando esse recurso tecnológico.
A ideia da FIVB é que a nova rede de LED funcione como um reprodutor de conteúdos para que possa haver uma maior interação do público com o espetáculo. Ela poderá trazer, por exemplo, escalações, bandeiras, placar, letras de hinos, informações, entre outras coisas. Nas arquibancadas, o público comentava a todo o momento sobre o recurso.
Um dos coordenadores do vôlei de praia na entidade, o ex-jogador Sinjin Smith explicou que é normal que os jogadores tenham esse tipo de reação com relação às novidades implementadas na modalidade e afirmou entender também a crítica de Alison, Bruno e cia., mas garantiu que o novo recurso vai enriquecer o espetáculo dentro de quadra e completou dizendo que essa não é a última versão da rede, mas a primeira e, que, até os Jogos, ela deverá estar mais fina.
- Ela é bem pesada por conta da tecnologia dentro dela, como as lâmpadas de LED, mas é incrível. A FIVB está tentando, a todo momento, trazer novas coisas ao esporte para atrair mais público, televisão etc. Só temos essa, mas se tivéssemos mais, colocaríamos em todas as quadras (inclusive nas externas). Isso é algo simples de se ajustar. Claro, entendo que quando ela bate na rede, cai direto. Eu sei exatamente o que ocorre, mas os atletas podem se ajustar e passar a entender o que vai acontecer. O intuito é estar nas Olimpíadas, mas essa não é a versão final. No momento, estão criando uma nova geração dela. Onde há uma luz, haverá mais luzes. Acho normal que eles se preocupem se isso vai afetar o jogo deles, mas a boa coisa dela é que é a mesma coisa de um lado e de outro. Não há vantagem para ninguém. Mesmo assim, entendo completamente porque fui jogador e é preciso de um tempo - relatou Sinjin, acrescentando ainda que críticas podem acontecer com outras novidades, como o "desafio", que agora pode ser solicitado pelos atletas.
Desafio é recurso já utilizado no Grand Slam do Rio de Janeiro (Foto: Gabriel Fricke)
- Eles têm de fazer um sinal diferente, mas a arbitragem entende o que eles estão dizendo. Se em uma jogada a bola foi fora, mas parece que entrou. O árbitro dá bola dentro, ele reclama que foi fora. O jogador se irrita. É uma reação normal. Agora você tem a oportunidade de conquistar isso. O desafio vem à tela, mostra a bola fora e você elimina esse sentimento de indignação. Se não houvesse isso, o jogador passaria o resto da partida irritado. Agora, mesmo errado, ele ficará satisfeito, porque saberá o que realmente ocorreu - concluiu.
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