por Ricardo Brito e Daiene Cardoso | Estadão Conteúdo
Partido voltou à oposição após saída de Dilma | Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil
De volta à oposição no Congresso após 13 anos à frente do Palácio do Planalto, o PT ainda não afinou o discurso. Após a cassação de Dilma Rousseff, o partido tenta encontrar a melhor maneira de se contrapor ao governo Michel Temer, que tem tido uma alta taxa de fidelidade da base aliada nas votações. Na Câmara, o partido se viu obrigado a abrir espaço na liderança da minoria para deputados que antes eram vistos como coadjuvantes. Também se reaproximou de aliados históricos, como PCdoB e PDT, e petistas adotaram discursos mais alinhados com a esquerda. "Estamos numa condição muito minoritária, é difícil a gente ter uma vitória sobre o governo neste momento", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Nos últimos meses, a nova oposição foi "tratorada" no plenário pela base governista. Conseguiu impor seis horas de obstrução na votação do projeto de lei que retira da Petrobras a obrigação de ter de investir nos campos do pré-sal, mas teve pouca força de reação para impedir a aprovação, em primeiro turno, da PEC do Teto - a primeira grande medida do ajuste fiscal de Temer no Congresso. Desgastado, o PT tinha a prerrogativa de reivindicar a liderança da minoria, mas aceitou dividir a tarefa num esquema de rodízio com PCdoB e PDT. Petistas do Senado admitem que não estavam preparados para se tornar oposição e que, apesar de o impeachment ter durado quase nove meses, não houve qualquer planejamento. "Estamos trocando o motor com o carro em funcionamento", afirmou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). "A gente teve que fazer essa reorganização com o bonde andando", disse o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE).
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