Torcida da Chapecoense na Arena Condá (Foto: Reuters)
Era para ser uma semana de verde cintilante. A cor de Chapecó nunca chegou tão longe, nunca foi tão reluzente. De forma devastadora, uma tragédia sem precedentes na história do esporte colocou fim ao sonho da equipe de maior ascensão atual do futebol brasileiro. Nas ruas da cidade catarinense que tem o clube como maior orgulho, o luto uniu. Juntos na Arena Condá – palco de tantas alegrias em 2016 –, uma população chorou junto. Lágrimas da família dos jogadores, dos funcionários, dos colegas dos jornalistas. O luto oficial é de 30 dias, mas choramos todos no 29 de novembro que Chapecó jamais esquecerá.
– A gente tem que continuar, não tem outra escolha. Por eles que se foram, por quem ficou. Vamos ter que reconstruir isso aqui com 25% das pessoas. Ficaram seis jogadores e quatro da comissão técnica. É muito difícil. Temos um preparador de goleiro, dois fisioterapeutas e médico. Mas temos que recomeçar porque não temos outra opção – disse Vitor Hugo, analista do time.
+ Goleiro diz que o time o felicitou por aniversário antes do embarque
+ Zagueiro que não foi relacionado se emociona ao elogiar Bruno Rangel
+ Fora por lesão, Martinuccio lamenta tragédia: "Jantava sempre com Danilo"
+ Sai a alegria, entra a dor: vestiário da Chapecoense recebe homenagem
+ Zagueiro que não foi relacionado se emociona ao elogiar Bruno Rangel
+ Fora por lesão, Martinuccio lamenta tragédia: "Jantava sempre com Danilo"
+ Sai a alegria, entra a dor: vestiário da Chapecoense recebe homenagem
Vestiário da Chapecoense: palco de festa na semana passada e de luto no dia 29 de novembro (Foto: Reuters)
Ao longo da terça-feira, aos poucos a dor convivia com o alento ao próximo em Chapecó. Parentes e amigos se abraçando e, mais do que nunca, desconhecidos em demonstração de compaixão. Anônimos que juntos formaram uma só voz que ecoou tão forte quanto o grito de ''É Campeão'' vindo das arquibancadas da Arena Condá.
Por trás das câmeras também havia pesar. Os jornalistas que ali estavam para relatar a tristeza dos outros, desta vez, tinham que digerir suas perdas mais próximas. Passaram pela Arena Condá alguns parentes dos 21 colegas da imprensa que viajavam para a cobertura da final da Copa Sul-Americana.
Símbolo do time, o pequeno mascote também não conteve o choro (Foto: Reuters)
– O que me resta é trazer o corpo do meu filho embora – disse Luiz Carlos, pai do jornalista Renan Agnolin, da Rádio Oeste Capital. Palavras que arrancaram lágrimas de colegas mais próximos do filho.
29 de novembro não podia colocar barreiras entre aquelas pessoas. Bem perto da grade que separa o gramado da arquibancada, os familiares do lateral Gimenez buscavam forças. Ouviram algumas vezes os mais de 10 mil torcedores repetindo o nome dele. A mãe não conseguia falar. A irmã, ainda incrédula, apenas dizia que ele era seu exemplo. Ao lado, parentes de membros da comissão técnica mortos se emocionavam.
– Eles eram uma família para nós. Tinha um respeito mútuo entre torcida e jogador. Perdemos vários membros da nossa a família. Não tem taça, não tem campeonato. Nada que explique esse sentimento de perda – disse um torcedor que chegou cedo para colocar velas no local.
Por Amanda KestelmanChapecó, SC
Nenhum comentário:
Postar um comentário