O publicitário Jeferson Monteiro, criador da personagem Dilma Bolada nas redes sociais, teria recebido R$ 200 mil vindo de dinheiro não declarado – o famoso caixa 2 – a pedido da ex-presidenta Dilma Rousseff. Quem deu essa afirmação foi Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, em seu acordo de delação premiada, no qual também declarou ter recebido R$ 5 milhões em espécie aos serviços prestados por Santana à campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A delação de Moura foi homologada no dia 4 de abril pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mas se tornou pública só nesta quinta-feira (11).
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Moura disse que, durante a campanha de 2014 de Dilma, recebeu a orientação de pagar Monteiro para que ele reativasse a página de Dilma Bolada no Facebook, removida da plataforma no dia 23 de julho, no meio da campanha de reeleição da presidenta. Na época, a fanpage tinha mais de 1,4 milhão de seguidores.
Moura disse que a atitude de Monteiro deixou Dilma "furiosa". Foi quando Moura contou ter sido procurada pelo então ministro Edinho Silva (PT), atual prefeito de Araraquara (SP), para que a Polis – agência que Moura tem com o marido –convencesse o publicitário a reativar a página. Moura então ligou para Monteiro e combinou que um funcionário "o procuraria para resolver o assunto".
Segundo Moura, o dinheiro foi entregue em espécie no dia 29 de julho, quando a página da Dilma Bolada foi colocada novamente no ar. A ideia era que o publicitário fizesse postagens favoráveis ao governo federal.
Resposta de Jeferson Monteiro
Na página de Dilma Bolada no Facebook, Monteiro compartilhou uma publicação feita em seu perfil real. "Pelos meus cálculos, eu já teria que ter, no mínimo, R$ 1,7 milhão na conta: R$ 500 mil segundo a Revista Época, R$ 1 milhão segundo Marcelo Odebrecht e agora mais R$ 200 mil segundo Monica Moura. Alguém, por gentileza, me avisa onde que tenho que retirar a quantia porque estou com o aluguel atrasado e o telefone cortado. Obrigado!", disse.
Por meio de seus assessores, a ex-presidenta Dilma Rousseff declarou que João Santana e Mônica Moura "prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores". Além disso, Dilma afirmou que o fim do sigilo das delações prejudicou sua defesa na ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas que "acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida".
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