Foto: Pedro Triginelli/ G1
Condenado a mais de 37 anos de prisão por participação no esquema do mensalão, o publicitário Marcos Valério implicou os senadores José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG), além dos ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no acordo delação premiada firmado com a Polícia Federal.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a colaboração, que possui 60 anexos, ainda depende de homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Valério também é réu em um processo no qual é acusado desviar recursos de suas agências de publicidade, SMP&B e a DNA Propaganda, para financiar a campanha de reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. O publicitário entregou uma planilha assinada por ele, que a aponta que a campanha recebeu cerca de R$ 10 milhões (atualmente R$ 33 milhões) desviados de estatais, como Cemig, Furnas, Eletrobras, Petrobras, Correios e Banco do Brasil.
De acordo com o controle de Valério, foram arrecadados e distribuídos ao menos R$ 104 milhões (R$ 346 milhões corrigidos) na campanha. A lista de recebedores inclui políticos e membros do Judiciário.
Ainda segundo Valério, empréstimos irregulares do Banco Rural e um repasse via caixa dois de R$ 1 milhão da Usiminas financiaram as campanhas de FHC (1998), Aécio (2002) e Serra (2002). A mesma siderúrgica teria sido usada na eleição de Lula em 2002, de acordo com Valério.
Conforme a delação, Serra ainda teve R$ 1 milhão de dívidas da campanha de 2002 pagos por meio da SMP&B para, em troca, resolver pendências do Banco Rural. Nos anexos, o réu ainda que conta que, durante o governo FHC, repassou 2% do faturamento do seu contrato com o Banco do Brasil, que havia sido celebrado com ajuda do senador e aval do ex-presidente.
No governo Lula, o ex-ministro José Dirceu, condenado na Lava Jato, recebia R$ 50 mil mensais por causa de uma conta de publicidade dos Correios. A troca de favores teria se repetido em órgãos como a Câmara dos Deputados, o ministério dos Esportes e a Assembleia de Minas, entre outros.
A delação ainda narra que o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, foi designado pelo ex-presidente para ser o contato com a SMP&B durante a crise política provocada pelo escândalo do mensalão, em 2005. O pagamento foi feito via Andrade Gutierrez.
Valério diz ainda que, junto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, articulou um encontro entre o banqueiro Daniel Dantas e o ex-ministro Antonio Palocci para resolver problemas do Grupo Opportunity com o governo Lula. Em troca, a Brasil Telecom, controlada pelo grupo, contratou serviços superfaturados do publicitário Duda Mendonça no valor de R$ 12 milhões.
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