por Fernando Duarte
Foto: Divulgação
Há cerca de três meses, quando esta coluna falou sobre o desaparecimento do ex-ministro Geddel Vieira Lima do noticiário (lembre aqui), próximo ao meio-dia o telefone do autor tocou. Era o próprio Geddel, que deixara de ser um homem poderoso politicamente para ser um sujeito que buscava discrição. Na ligação, com a polidez que sempre lhe foi peculiar, o ex-ministro vociferava que tinha direito ao esquecimento. Na avaliação dele, por não estar mais ocupando cargo político, era um direito dele ficar fora do contato com a imprensa. “Quantas vezes você me ligou?”, questionou. Desde a chegada dele ao cargo de ministro, como titular da Secretaria de Governo de Michel Temer, Geddel voltou aos tempos “áureos”, de quando era protagonista e podia se dar ao luxo de escolher com quem falar. Quando falava, era a imprensa do sudeste que merecia ouvi-lo. Ao se envolver no escândalo do La Vue, um espigão na Ladeira da Barra cujo interesse dele passava por liberar a construção sem autorização regular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Geddel caiu. Desceu do pedestal em que ele próprio se colocara e tentou sair por cima. Deixou o governo de Temer para evitar mais desgaste para o presidente – que, àquela altura, não precisava de muita força para perder ainda mais credibilidade. Em janeiro, quando foi deflagrada a Operação Cui Bono?, Geddel voltou ao noticiário. Porém pouco falou com a imprensa. Permaneceu “escondido” até 3 de julho, ao ser preso. Passou a “conversar” por meio da defesa, que, por coincidência, segue o mesmo tom “educado” dele. De lá até cá, houve choro na frente do juiz Vallisney Oliveira e a prisão preventiva convertida em domiciliar. No dia seguinte ao benefício, a Polícia Federal recebeu um telefone que alteraria rumos das investigações. Foi em 14 de julho que alguém, não identificado publicamente, colocou uma pá de cal em Geddel. Um apartamento simples, para os padrões do bairro da Graça, guardava “pertences” de Afrísio Vieira Lima, genitor do peemedebista. Eram registradas entradas de caixas e caixas, que teriam origem no ex-ministro e que, supostamente, seriam a memória do velho Afrísio. Eis que, 53 dias depois, sob monitoramento da Polícia Federal, que incluiu sondagens com condôminos do Edifício Residencial José da Silva Azi sobre as atividades no apartamento 201, um “bunker” com milhões de reais foi localizado. O dinheiro encontrado ali, segundo a Polícia Federal, era a herança de Geddel. A mesma herança de anos de serviço público prestado que justificavam a saída do peemedebista de cena, segundo aliados que ainda o defenderam. O sumiço de Geddel, que antes era temporário, será definitivo. Finalmente. Este texto integra o comentário desta quarta-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.
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