A política brasileira é um tanto quanto heterogênea no que tange à erudição de seus representantes. Há exemplos que vão desde a escolha rebuscada de palavras aos termos mais chulos do dicionário. De acordo com os anais da Câmara dos Deputados, a palavra “merda” já foi oficialmente pronunciada pelo menos 25 vezes por um orador no plenário da casa de leis desde 2002. Já o termo “porra” escapuliu 14 vezes das bocas dos parlamentares.
Um dos deslizes foi cometido pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Ao criticar a reforma da previdência proposta pelo governo Temer, o petebista afirmou que pesquisadores renomados não entendem “porra nenhuma” sobre a previdência.
– Arnaldo Faria de Sá, 19/09/2016Querem, na verdade, vender as dificuldades da Previdência para fazer o jogo deslavado da iniciativa privada. É isso o que querem. E digo isso até porque a Previdência Social não é deficitária, mesmo carregando nas costas todos os benefícios assistenciais e rurais.Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, vamos colocar as coisas às claras e não ficar dependendo das contas do IPEA, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de onde veio o Secretário-Geral da Previdência.A GloboNews reprisou um programa três vezes, mostrando as dificuldades, sempre com a presença dos caras do IPEA, Paulo Tafner, Marcelo Abi-Ramia Caetano e Fábio Giambiagi. Do que é que esses caras entendem? Entendem de porra nenhuma! Eles são uns babacas! Eles são uns falastrões e vivem colocando a culpa no desgraçado do aposentado e da pensionista.”
Os impropérios não param por aí. As notas taquigráficas da Câmara dos Deputados registram também uma ofensa de Ivan Valente (PSOL-SP) ao presidente da CPI da Funai, Alceu Moreira (PMDB-RS). De acordo com o documento, o psolista chamou Moreira de “presidente de CPI de merda”. O registro aparece em meio a um tumulto que se armou no plenário no dia 16 de maio do ano passado, quando a casa votava a MP 758, de 2016, que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim e da Área de Proteção Ambiental do Tapajós.
No plenário, a preocupação constante com o decoro parlamentar impede que os insultos sejam abundantes. Porém, do lado de fora do Congresso, a conversa é outra. Nas ruas e nas redes sociais, os episódios de desrespeito de políticos contra cidadãos se multiplicam.
Geddel “sua mãe” Vieira Lima
O ex-ministro da secretaria de Governo e atual presidiário da Papuda, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), tinha um estilo peculiar de lidar com internautas que o criticavam no Twitter. Maior conhecedor das progenitoras alheias da internet, a resposta do baiano para toda e qualquer crítica era “sua mãe”. Algumas vezes, a ofensa vinha acompanhada de outros termos pouco republicanos, como “babaca” e “otário”. Ao se defender de quem questionava sua postura, Geddel afirmou: “aqui as pessoas acham que tem o direito de dizer o que quer e não querem ouvir. Sou tuiteiro antigo”
Em um episódio que ganhou repercussão na rede de microblogs, um internauta questiona se o então ministro foi solidário com o deputado Eduardo Cunha. À ironia, Geddel respondeu: “não, me aquecia na casa da sua mãe”.
Ao ser cobrado pela Folha de S. Paulo, o baiano afirmou que não se manifestava em seu twitter como um ministro de estado, mas como mero tuiteiro. “Não será a primeira nem a última vez que respondo duro a quem, na minha avaliação, vai ali para me agredir. Quem me acompanha sabe que tenho vários debates civilizados no Twitter”, disse Geddel.
Alvo de diversas denúncias de corrupção, Geddel está preso em Brasília desde setembro do ano passado, quando a Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões em dinheiro em um apartamento em Salvador que ficou conhecido como “bunker de Geddel”.
Mesmo na prisão, Vieira Lima mantém o apetite por discutir, principalmente com Ricardo Saud (executivo da JBS) e Lucio Funaro (doleiro denunciado na Lava Jato), que também estão encarcerados na Papuda. Por questão de segurança, estão alocados em pontos diferentes do complexo; mesmo assim, trocam ameaças aos berros.
Segundo relatos divulgados pelo Estado de S. Paulo, o seguinte diálogo aconteceu na penitenciária:
– Saud, vou te matar! (Funaro)
– Saud, também vou te matar. (Geddel)
– Cala a boca, seu gordo! (Saud)
Teve aquela vez que João Dória “xingou” um paulistano de “Lula”
Se há alguém na política que encarnou com força o discurso anti-PT e anti-Lula, esse alguém é João Dória (PSDB-SP). Eleito para a Prefeitura de São Paulo em primeiro turno com uma campanha recheada de ataques ao petismo, o empresário não baixou o tom após tomar posse como mandatário da capital paulista.
Em fevereiro do ano passado, o prefeito bem que tentou curtir o carnaval nas ruas de São Paulo, mas teve de enfrentar críticas e gozações dos foliões que ocuparam as vias da cidade. No bairro de Pinheiros, na parte rica da cidade, o edil foi recebido com gritos de “fora” e manifestações bem-humoradas, como a de uma moça fantasiada de muro pichado.
Quando estava prestes a ir embora, foi xingado por um cidadão e perdeu a paciência. Gritando “vem aqui”, o prefeito fez menção de partir para a briga com o sujeito que o ofendeu, mas foi contido por assessores. Antes de ir embora, “xingou” seu detrator de “Lula”, aos risos.
Na hora de ir embora, Doria chama para perto eleitor que o xingou, mas assessores fazem um “deixa disso”. Ele chama o rapaz de “Lula”. pic.twitter.com/3fhtKtxkSK— BuzzFeedNewsBR (@BuzzFeedNewsBR) 25 de fevereiro de 2017
Romário perdeu a carteira de motorista e a paciência com seus seguidores
Em 2011, o então deputado federal Romário (Podemos-RJ) teve a carteira de habilitação apreendida após se recusar a fazer o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. O caso foi noticiado pelo jornal O Dia e levou o parlamentar a se explicar aos seus seguidores do Twitter. Ao se defender, o parlamentar disse que tinha o direito de não soprar o aparelho que mede o grau de alcoolismo dos motoristas.
O craque do tetra passou a ser criticado por seus seguidores e não deixou barato, respondendo às provocações. Cansado de ser atacado, perdeu o controle e distribuiu ofensas aos internautas.
@belleskid e vc vai aprender a escrever português direito !— Romário (@RomarioOnze) 10 de julho de 2011
Um cidadão escreveu para o parlamentar: “Essa lei não é feita para quem bebe, e sim para quem não pode pagar a multa. Você é muito safado.” Em seguida, veio a turma do deixa-disso, que se limitou a aconselhar que o político bloquear os críticos. Mas o peixe nunca foi de fugir da briga:
Esquecendo o significado de decoro, o baixinho respondeu: “Vou respeitar a tua família. Safado é você e vai lá praquele lugar bem escuro…” E seguiu tuitando: “Aqui é o seguinte, rápido e objetivo: fala o que quer e muitas vezes vai ouvir o que não quer!”
Mais recentemente, o senador resolveu assumir o posto de xingador de mães. Quando um seguidor o acusou de “palhaço” no Instagram, o camisa 11 rebateu de primeira: “palhaço é o c* da sua mãe, seu filho da p…”.
O prefeito que agrediu um eleitor por causa de uma provocação a Lula
Então prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT), discutiu e puxou a camisa de um eleitor durante a chegada do ex-presidente Lula a um colégio da cidade para votar na eleição municipal de 2016. “Respeita o presidente, rapaz”, advertiu o prefeito, aos trancos. O jovem foi identificado como Paulo César Vieira da Costa, um inspetor de qualidade.
Ao ser entrevistado pela reportagem do UOL, Marinho ofendeu o eleitor: “é um babaca”. O inspetor gritou para o ex-presidente que queria “passar uma semana no triplex”, em referência ao apartamento do Guarujá pelo qual o ex-presidente foi condenado recentemente em segunda instância.
No interior de São Paulo, um vereador deu um tabefe em um cidadão em plena Câmara Municipal
Há dois anos, Luiz Vergara (PSB-SP), líder sindicalista e vereador de Franca, interior de São Paulo, foi o protagonista de uma cena que correu as redes sociais e o noticiário nacional. Em plena sessão plenária, o parlamentar abandonou a tribuna e se dirigiu a um cidadão que o criticava. “Eu vou dar um tapa na sua cara que cê vai ver, tá?” E assim o fez, com as costas da mão.
O tabefe foi endereçado ao marceneiro Hélio Pinheiro Vissoto, que cobrava explicações sobre a votação da lei de transparência. Após a agressão, o político disse que o munícipe mereceu ser tratado com violência e ainda registrou boletim de ocorrência por difamação. Porém, 16 dias depois, o vereador emitiu nota na qual lamentou o ocorrido e se disse arrependido.
Não adiantou pedir desculpas: Vergara foi impedido de participar das votações internas do PSB por 18 meses e levou uma suspensão de 60 dias dos trabalhos da casa de leis de Franca.
E tem o Roberto Requião
Senador pelo MDB do Paraná, Requião é um dos principais representantes da esquerda nacionalista e desenvolvimentista brasileira. E também é umas das figuras mais rudes de todo o espectro partidário do país. Ele é capaz de falar com seus seguidores assim:
— Roberto Requião (@requiaopmdb) 24 de janeiro de 2018
Longe do decoro parlamentar, o paranaense usa de palavras como “imbecil”, “idiota”, “sua mãe” e ofensas diversas sobre a capacidade intelectual de quem ousa discordar de seus vaticínios.
@WEDMABRAZ vc é imbecil? Ou está fazendo tipo?— Roberto Requião (@requiaopmdb) 11 de fevereiro de 2016
@batmgk não, foi presente de sua mãe.— Roberto Requião (@requiaopmdb) 25 de outubro de 2013
Quando foi relator do projeto de lei de abuso de autoridade, suas ofensas passaram a ganhar destaque e logo foram parar no noticiário nacional. Ao chamar manifestantes de “muares e equinos”, mandando-os comer alfafa, o parlamentar não sustentou as palavras após elas ganharem repercussão e apagou seus tuítes.
Requião não se garante, apagou o Tweet ALFAFA temos print pic.twitter.com/jk5S7PSlDz— teresinhalopes (@teresinhalopes) 5 de dezembro de 2016
Fumando herva estragada, forma popular de dizer que está delirando.— Roberto Requião (@requiaopmdb) 25 de abril de 2017
Se engana o contribuinte que acha que as ofensas saem barato. Integrante da Comissão Especial Extrateto do Senado, que foi responsável por investigar salários acima do teto constitucional, Requião recebe quase duas vezes o teto: além dos R$ 33,7 mil que recebe como senador, também ganha outros R$ 30,4 mil de aposentadoria de ex-governador. Apesar da incoerência, não há ilegalidade no recebimento dos valores.
@ddantaslemos @rvianna@Aloysio_Nunes O que vc tem a dizer sobre a suposta prostituição da Sra sua mãe? Não é a mesma coisa?— Roberto Requião (@requiaopmdb) 7 de maio de 2014
Até deputado “desconstruído” recorre ao ódio
Há cinco anos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) recorreu ao insulto contra um de seus seguidores que discordava da criminalização da homofobia proposta pelo parlamentar. Para Jean, é “mais que burrice” – “é o fim do mundo!” – que um homem “negro e gordo” se posicione de maneira contrária a um projeto “anti-discriminação de minorias”. O “ódio do bem” do psolista gerou grande repercussão nas redes sociais.
@valmirmomo um negro gordo se opondo a um projeto anti-discriminação de minorias é mais que burrice: é fim de mundo!— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 19 de dezembro de 2013
A discussão era referente ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propunha a criminalização dos preconceitos motivados pela orientação sexual e pela identidade de gênero, equiparando-os aos demais preconceitos que já são puníveis por lei. A proposta chegou a ser aprovada pelo plenário da câmara baixa, mas acabou sendo engavetada pelos senadores.
Ofender quem não concorda não chega a ser uma novidade para o ex-BBB. Em mais de uma oportunidade, Jean chamou seus discordantes de ignorantes. No ano passado, por exemplo, ele pegou o microfone do plenário da Câmara para dizer que os colegas de parlamento autores de uma moção de repúdio à exposição Queermuseu eram burros e não entendiam nada de arte. O pronunciamento gerou uma discussão infantil entre Jean e o Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) nos microfones da casa.
Em uma entrevista à TV Câmara, o parlamentar já declarou que é contra a realização de um plebiscito para decidir sobre o casamento gay. Segundo ele, a população não é “bem informada” sobre o assunto e tomaria uma decisão errada. Para ele, o mesmo se aplica a temas como pena de morte e redução da maioridade penal.
@AdrianoArgolo Não argumento com gente incapaz de distinguir RT, informação e opinião. Sorry. Vá se informar e aprender a usar o TT. Abs.— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 19 de dezembro de 2013
Nem a Maria do Rosário escapa
Outra que recorre ao “ódio do bem” é a deputada Maria do Rosário (PT-RS), famosa pela discussão que teve com o deputado Jair Bolsonaro em 2013, quando ele a chamou de “vagabunda” quando ela afirmou que ele incentiva o estupro por meio de seus discursos “mesmo sem ter consciência disso”.
Em 2016, o tuiteiro Anderson Pereira questionou a deputada por sua defesa do ex-presidente Lula. O jovem afirmou que as conquistas do governo petista não são justificativa para corrupção e que a parlamentar em breve visitará Lula na prisão. Em bom tom, Rosário disse que visitará o petista no Planalto. O jovem riu: “da Papuda ou de Curitiba não dá pra se candidatar”. Foi aí que o ódio do bem consumiu a deputada, que mandou Pereira procurar sua turma, que, “de certo deve ser das mais racistas”.
@AndersonPereira procura tua turma. Decerto deve ser aquela mais racista e preconceituosa.— Maria do Rosario (@mariadorosario) 5 de março de 2016
“Ladrão é a p… que pariu”
No final do ano passado, o site O Antagonista divulgou um vídeo no qual o deputado federal Carlos Marum (PMDB/MS), atual ministro da Secretaria de Governo, discute com seus eleitores em uma rua de Campo Grande, após ter sido xingado de ladrão por um casal de motociclistas, quando deixava a sede regional do partido. “Ladrão é a p* que pariu”.
E tem mais: o parlamentar montou no carro e foi atrás de quem o ofendeu, para revidar: “Vocês são vagabundos. É isso que eu quero lhes dizer”, respondeu Marun. “Você é vagabundo, e você é vagabunda. É isso”, prosseguiu apontando para ambos. “Aprende a respeitar quem você não conhece, seu m…”, finalizou.
Recentemente, o ministro fez comentários escrachados aos jornalistas que criticaram o vídeo que mostra a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) – escolhida pelo presidente Michel Temer para assumir o Ministério do Trabalho – em uma lancha rodeada de quatro homens sem camisa, afirmando não dever nada. Marun chamou os jornalistas de “talebãs”, e afirmou que o que é mais importante não está sendo discutido.
“Muita gente bate bumbo pela liberdade, mas na verdade são uns talebãs (sic) enrustidos. Queriam que ela tivesse de burca, eu acho, lá na praia. Na praia a gente anda assim. Eu não sei vocês. Vocês vão de quê? De quimono? De burca? Eu devo confessar a vocês que quando vou à praia vou de calção de banho”, disse o ministro, fazendo ironia ao afirmar que os jornalistas, hoje em dia, “são baluartes da moral e dos costumes e da roupagem adequada.”
MEU DEUS, QUE TRAGÉDIA!— Carlos Marun (@deputadomarun) 8 de julho de 2014
Tem até prefeito mandando munícipe tomar naquele lugar
Quem também não tem paciência com cidadão intrometido é Otto Magalhães (vulgo “Dr. Otto”), prefeito do PCdoB da cidade de Poções, no sul da Bahia. Em 2016, o edil foi filmado quando ofendia um grupo de manifestantes contrários à derrubada de árvores em uma praça próxima a sede Prefeitura.
“Diga que mandei tomar no c…! Viadinho que vier querer barrar a obra do município eu mando tomar no c…, e enfrento eles de qualquer jeito. Pode dizer pra eles que o prefeito mandou tomar no c… Aqui tem homem nessa p…, não tem viado não”.
A divulgação do vídeo pode não ter caído muito bem para o eleitorado de Poções. Ao disputar a reeleição naquele ano, Otto foi derrotado por Léo (PTB), atual prefeito da cidade, por uma margem de 418 votos.
“Vagabundo” é que nem água no vocabulário de ofensas
Após receber inúmeras reclamações sobre a sujeira nas ruas do bairro de Ocian, o prefeito da Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB), vistoriava uma praça quando um morador gritou da janela de um dos prédios que estava tudo sujo. Foi aí que o tucano abriu o bico: “Desce aqui, seu vagabundo, desce seu vagabundo, tá com medo? Desce aqui que eu quebro a tua cara”.
Em entrevista ao G1, o prefeito disse que parte do lixo havia sido jogado por funcionários de um estabelecimento próximo. “Soube que foi um comerciante que fechou o boteco e deixou ali na frente. Então, quer dizer que o cara fecha o boteco, o comércio, e joga o lixo na frente na praça? Não é certo né?”, indignou-se.
Foi aí que ele disse ter ouvido que a sujeira era o espelho da cidade. “Aí eu me ofendi. Aquilo quem faz são eles, que desceram e colocam o lixo lá. Eu não sabia quem era, pois o cara não apareceu. Eu falei para ele descer”. O prefeito admitiu que cometeu um excesso, mas disse que não tem sangue de barata: “Eu sofro também. Eu tenho minhas depressões de manhã, eu tenho meus dissabores”, confessou.
Gilberto Kassab que o diga
Foi com empurrões e gritos de “sai daqui” e “vagabundo”, que o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-PFL, atual PSD) expulsou um cidadão de uma unidade de saúde que inaugurava, em 2007. Atual ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o político arrastou o manifestante para fora da unidade, sob os olhares atônitos de assessores e guardas civis.
O cidadão em questão era Kaiser Paiva Celestino da Silva, que protestava contra a Lei Cidade Limpa, que proibiu outdoors na cidade. Ao ver Kassab, o empresário – dono de uma gráfica que produz faixas e cartazes – decidiu reclamar. Ele estava no posto de saúde para uma consulta agendada.
Na versão de Kassab, o cidadão estava gritando na recepção. “Sai daqui! Respeita doente!”, bradou o prefeito.
Eleitor que critica é “babaca”
No final do ano passado, o prefeito de Palmas e pré-candidato a governador do Tocantins, Carlos Amastha (PSB), revelou que a paciência com quem o critica não é seu ponto forte. Um seguidor comentou na página do prefeito no Facebook que ele deveria se preocupar com a Polícia Federal, em referência ao inquérito que o indiciou por corrupção passiva, associação criminosa e cobrança indevida de IPTU.
Sem pestanejar, Amastha disse que o cidadão era um “babaca” e se defendeu. “Leia o inquérito e encontre uma vírgula errada na minha atuação…Não me confunda com seus bandidos preferidos”, rebateu. A seguir, o socialista despejou uma série de críticas ao seu detrator, assegurando que ele é “eleitor dos bandidos”.
Tem político que não perdoa nem as velhinhas
Em março do ano passado, Valter Suman (PSB) – prefeito do Guarujá (SP) – se envolveu em briga com uma idosa, moradora da cidade, no Facebook. A munícipe iniciou a discussão ao fazer um comentário ofensivo ao filho do mandatário, Lucas Mota Suman.
A senhora criticou o jovem, que marca presença constante nas redes sociais, compartilhando posts e opiniões sobre a gestão de seu pai. “Lucas Mota Suman, pede para o papai te fazer uma lavagem cerebral, pois tá com muita m…”, escreveu a aposentada.
O edil tomou as dores de sua cria e entrou em um “bate boca” virtual com a idosa. “É muita falta de educação, imbecilidade e estupidez para uma senhora de sua idade! Sua halitose deve ser fétida”.
Ao G1, o prefeito confirmou a autoria de seus comentários e se defendeu. “Uso as redes sociais para debater ideias, aceitando sugestões e críticas. No entanto, tudo tem limites, especialmente quando envolve a família. De que forma ofender a família do prefeito vai contribuir para o desenvolvimento da cidade? É evidente que não contribui em nada”, argumentou Suman.
Também por conta do projeto de abuso de autoridade, recebeu críticas do juiz Sérgio Moro. Ao jornal O Globo, o magistrado afirmou que “ninguém é favorável ao abuso de autoridade”, mas que “é necessário que a lei contenha salvaguardas expressas para prevenir a punição do juiz (…) pelo simples fato de agir contrariamente aos interesses dos poderosos”. Para Moro, a redação do projeto de lei, assinado por Requião e Renan Calheiros (PMDB-AL) “não contém salvaguardas suficientes”.
Em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador paranaense partiu para a ofensa. “Eu diria que o Moro andou fumando erva estragada porque o meu projeto não diz isso. Meu projeto não criminaliza o erro, que é corrigido em instâncias superiores. O projeto diz que a interpretação divergente, necessariamente razoável, ou seja, a lei diz não, a interpretação não pode dizer sim, não será punida. Ela deve ser necessariamente razoável e fundamentada. Eu jamais iria punir um equívoco de interpretação de um juiz”, disse.
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