Evento, que começa amanhã, é a maior feira de tecnologia agrícola do Norte e Nordeste
Após 30 anos de contínuo crescimento, as lavouras de grãos do Oeste baiano se preparam para mais uma revolução: a aplicação da internet das coisas nas fazendas. O uso de tecnologia de ponta já é uma realidade na produção agrícola da região, uma das mais automatizadas e produtivas do país. Mas sempre há espaço para o novo. Prova disso é que máquinas, equipamentos e novas técnicas de plantio e colheita sempre são as estrelas da Bahia Farm Show, tida como o maior evento de tecnologia e negócios agrícolas do Nordeste brasileiro e que neste ano vai para sua 14ª edição, sempre realizada no município de Luís Eduardo Magalhães, uma dos cidades da região que mais se destacam pela produção de soja e algodão entre outros grãos.
Neste ano, após adiamento por causa da greve dos caminhoneiros, o evento começa nesta terça-feira (5). As portas seguem abertas ao público até o sábado (9).
(Foto: Divulgação/Bahia Farm Show) |
Serão 250 expositores representando 900 marcas de produtos nacionais e internacionais. A feira é organizada pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), com o apoio da Associação dos Revendedores de Máquinas e Equipamentos Agrícolas do Oeste da Bahia (Assomiba), Fundação Bahia e Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães.
Na feira será possível ver que com a internet das coisas – conceito tecnológico em que todos os objetos da vida cotidiana estão conectados, agindo de modo inteligente e sensorial – o campo terá produtividade ainda maior, pois as máquinas serão mais inteligentes e de operação integrada. Assim, por exemplo, um drone que ao sobrevoar a fazenda perceber que uma área está mais quente que as demais automaticamente acionará as máquinas de irrigação para atuar ali.
Desafio
O problema é que como tudo o que diz respeito ao agronegócio da região, a logística do lado de fora das porteiras das fazendas ainda está na fase analógica. Levar a internet para as fazendas - e se aproveitar dela no ganho de produtividade - é muito caro naquelas localidades.
O problema é que como tudo o que diz respeito ao agronegócio da região, a logística do lado de fora das porteiras das fazendas ainda está na fase analógica. Levar a internet para as fazendas - e se aproveitar dela no ganho de produtividade - é muito caro naquelas localidades.
O produtor de soja Moisés Shimidt, de Luís Eduardo Magalhães, por exemplo, paga R$ 650 por mês por um pacote de 5 megas. “Mas não são 5 megas puros e livres. Oscila o tempo todo”, descreve. E o que é ruim hoje já foi pior. “Há 15 anos, eu pagava R$ 2 mil por mês”, lembra.
Apesar de cara, a internet na fazenda de Shimidt é essencial para que ele possa desenvolver com mais agilidade os serviços e processos da produção. Um deles é o de controlar a ventilação do armazém de soja, que precisa estar bem arejado para conservar o grão.
Apesar de cara, a internet na fazenda de Shimidt é essencial para que ele possa desenvolver com mais agilidade os serviços e processos da produção. Um deles é o de controlar a ventilação do armazém de soja, que precisa estar bem arejado para conservar o grão.
“Do celular, com acesso à internet, eu sei se está precisando de mais ventilação ou não e dou os comandos, programo. E assim faço com outros maquinários”, disse o produtor.
O produtor rural Darci Américo Salvetti, 50, por sua vez, tem o serviço de graça. É que ele se aproveitou de um vizinho que queria internet e achou numa área dentro de sua propriedade de 2, 5 mil hectares, também em Luís Eduardo, o melhor lugar para instalar uma torre de 72 metros de altura. Para permitir a instalação, Salvetti colocou como condição desfrutar do sinal sem custo.
“Ainda não estou usando a internet nas atividades da fazenda, mas é algo que quero fazer neste ano ou no que vem, pois sei que ajuda muito”, disse.
Desperdício
Para o presidente da Assomiba, Rogério Rodrigues, “uma máquina, com toda tecnologia embarcada, sem enviar os dados para o agricultor, ou seja, sem a devida conexão e acompanhamento em tempo real do que acontece no campo, é desperdício”.
Para o presidente da Assomiba, Rogério Rodrigues, “uma máquina, com toda tecnologia embarcada, sem enviar os dados para o agricultor, ou seja, sem a devida conexão e acompanhamento em tempo real do que acontece no campo, é desperdício”.
Por enquanto, nas fazendas, o mais comum é que a internet seja acessada por meio de rádio ou satélite (com grandes antenas), como a que está na propriedade de Salvetti, localizada a apenas 25 km do centro de Luís Eduardo Magalhães.
Se estivesse mais próximo da cidade, contudo, não seria garantia de ter um sinal de internet bom e barato. A fibra ótica chegou há cerca de um ano, mas não é possível a sua instalação em todos os bairros. O sinal predominante por lá é via cabo.
E a realidade do campo e da cidade de Luís Eduardo Magalhães é algo que ocorre em toda a região, onde nem 30% das fazendas possuem sinal de internet, o que mostra o quanto o campo está aberto para mais inovações e ganhos de produtividade.
“Acreditamos que essa realidade será bem diferente muito em breve. O produtor já trabalha com o que há de mais avançado no campo. Não tem internet de qualidade ainda porque não tem o serviço (sinal)”, comentou o presidente da Abapa Júlio César Busato. “Entendo que a internet no campo aqui no Oeste vai avançar muito”, confia Busato, que se classifica como um entusiasta das potencialidades da internet das coisas.
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