Rússia suspende indefinidamente o fornecimento de gás natural à Europa. Preço do combustível salta 30% e impõe desafio ao Banco Central Europeu que define juro nesta semana.
O Banco Central Europeu (BCE) estará entre a cruz e a caldeira na quinta-feira, 8 de setembro, quando define a próxima taxa de juro para a Zona do Euro. A inflação ao consumidor em 9,1% anualizada até agosto – novo recorde em 40 anos – está sujeita a mais pressão com o salto do preço do gás. Nesta segunda-feira, 5 de setembro, o preço do gás natural sobe cerca de 25% em relação à sexta-feira, 2 de setembro, com a decisão da Rússia de interromper indefinidamente o fornecimento do produto para a Europa.
Por Angela Bittencourt no NEOFEED
Em 12 meses, informa a CNN, o preço do gás já subiu mais de 800%. As bolsas europeias operam em forte baixa e o euro se mantém abaixo da paridade em relação ao dólar e chegou a ser cotado abaixo de 0,99 dólar – menor patamar em mais de 20 anos. A tensão cresce nos mercados e não ganha proporções mais graves em função do feriado nos EUA pelo Dia do Trabalho que mantém os mercados fechados nesta segunda-feira. A questão da entrega de gás pelo principal gasoduto operado pela estatal russa Gazprom, que irriga a Europa, via Alemanha, Nord Stream 1, ganha apelo político. A Rússia anunciou que só vai retomar o fluxo de fornecimento de gás quando o “coletivo do Ocidente” encerrar as sanções impostas ao país por conta da invasão da Ucrânia, informam agências internacionais. Um agravamento da crise do gás amplia o temor de que a região caminha para a “estagflação” – combinação de recessão com inflação elevada. E decidir qual combate será prioritário – contra inflação ou contra a baixa atividade – é o desafio que se impõe ao BCE com urgência. Nas últimas duas semanas, cresceu a expectativa de que o BCE poderia se tornar mais agressivo no ritmo de alta do juro, elevando o ajuste de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto percentual. Neste início de semana, porém, esse avanço já é questionado por analistas internacionais. Em relatório divulgado nesta manhã, o Goldman Sachs vê o dólar em valorização ante as demais moedas e sobretudo ante o euro. O banco projeta euro em relação ao dólar a 0,97 euro no período de três meses; 0,97 euro em seis meses; e 1,05 euro em 12 meses. As projeções anteriores eram 0,99 euro, 1,02 euro e 1,15 euro. O Goldman Sachs avalia que os progressos no armazenamento de gás feito pela Europa nos últimos meses não elimina problemas de abastecimento durante o inverno.
FONTE: https://neofeed.com.br/blog/home/europa-sem-gas-russo-flerta-com-a-estagflacao/
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