Thiago Aquino provou que é possível fazer barulho no Sudeste da mesma forma que se faz no Nordeste quando o assunto é arrocha. A Arena Palmeirinha, no bairro de Paraisópolis, zona na Sul de São Paulo, foi o cenário escolhido pelo feirense para a gravação do novo DVD, ‘Hoje É Dia de Favela’, que recebe o nome em referência ao que é celebrado na segunda-feira, 4 de novembro, o Dia da Favela.
Foto: Jean Flanders
“Nada melhor do que gravar aqui mesmo para a comunidade, assim como eu vim de uma. A gente estudou muito e teve a ideia de trazer esse DVD histórico para essa galera que merece muito”, afirmou o cantor.
O evento teve ingressos esgotados. Apesar de gratuito, Aquino promoveu a doação de alimentos, desta forma, após retirar o ingresso no Sympla, a pessoa precisava fazer a doação de um quilo de alimento não perecível, que de acordo com a Quebrada Produções, serão destinadas a famílias de dentro de Paraisópolis que já são assistidas por projetos sociais na comunidade.
Foto: Jean Flanders
Para a gravação, o artista não mediu esforços nem equipamentos para abraçar a favela como um todo. A festa em Paraisópolis contou com 200 toneladas de equipamentos dividida entre dois palcos, um deles 360º, que teve como inspiração os palcos de artistas internacionais e grandes projetos, como Coldplay.
O projeto ainda contou com o trabalho da própria comunidade. Cerca de 223 profissionais locais atuaram no pré, durante e no pós evento. O DVD ‘Hoje é Dia de Favela’ gerou mais de R$ 370 mil em renda direta e indireta para a comunidade, além de fortalecer o comércio local.
Foto: Jean Flanders
A referência internacional de Aquino não ficou apenas na estrutura do evento. Entre as 15 músicas escolhidas pelo cantor para gravar no novo projeto estava “Volta Logo Baby”, uma versão em português da canção “Here Without You” da banda 3 Doors Down, hit dos anos 2000, além de uma versão de ‘When I Was Your Man’, sucesso de Bruno Mars que foi cantada com Marília Tavares.
Para participar da festa com ele e dividir os vocais, o cantor fez questão de levar nomes que, assim como ele, estão na missão de propagar o arrocha e ritmos locais, como o brega e o piseiro para todo o Brasil.
Foto: Jean Flanders
Ao Bahia Notícias, Tarcísio do Acordeon parabenizou Aquino pelo feito em São Paulo e pelo êxito no projeto:
“A sensação de dever cumprido é uma lavada, né. Fiquei muito feliz participar de um projeto como esse, um desafio muito grande para o Thiago, um dos maiores artistas hoje do Brasil e ele proporcionar isso pra comunidade, trazer um DVD como esse, e eu ter a oportunidade de fazer parte de um momento tão lindo como esse, um momento histórico. Para a gente é muito gratificante. Eu só tenho que agradecer a todo o público de São Paulo, que abraça o Nordeste, que abraça a música nordestina, e dizer que estão muito felizes de participar disso, e a gente fica sem palavras, é um momento único.”
Ainda participaram da festa Nadson o Ferinha, Heitor Costa, Marília Tavares e Manu Bahtidão, que comemorou a abertura para novos ritmos, uma das maiores metrópoles do Brasil.
Foto: Jean Flanders
“Assim como o Thiago, que vem de uma música que ainda as pessoas dizem que é regional, é da Bahia, eu também trago essa coisa do Pará ali, e trazendo pra uma capital como São Paulo, eu acho muito especial, ele merece muito, é um projeto gigantesco, um artista sensacional, completo, tem uma voz linda, amei a canção que a gente gravou juntos, eu tô super orgulhosa da participação. É motivo de muita honra, porque a gente sonha muito com isso, né? Sabe, desbravar o mundo e mostrar para o Brasil inteiro a nossa arte, o que a gente faz.”
Das músicas na ponta da língua, ao arrocha na ponta do pé, sem esquecer do molejo na cintura, é inegável que o ritmo, bem nascido, na maternidade Candeias, e bem criado nos 417 municípios da Bahia, sem falar dos outros estados do Nordeste, ganhou novos ares há um tempo.
A entrada de um ritmo 100% regional no mercado do Sudeste é um grande feito celebrado pela nova geração, que conta, ainda, com o auxílio das redes sociais para viralizar com a facilidade que Asas Livres, mesmo com asas, não conseguiu alcançar tão rápido. Silvanno Salles, por exemplo, que já viajou muito de “busu”, e só foi conseguir furar a divisa de vez nos últimos anos.
A estrada foi pavimentada e continua passando por reformas. Os transtornos? Vários, e acredite, teve quem já desistiu de seguir em meio aos percalços. Mas quem ficou, continua andando, às vezes com passos de tartaruga, outras saltando tal qual uma lebre. O destino final? Conquistar o Brasil, e esse é o caminho que segue sendo traçado por Aquino após o feito histórico de reunir milhares de pessoas para ouvir o bom e velho arrocha em uma das maiores favelas de São Paulo. Viva a música popular, da Bahia para o Brasil.
BAHIA NOTÍCIAS / Bianca Andrade / Foto: Reprodução / Instagram / @thiagoaquinoof
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