Justiça de Minas concede liberdade ao goleiro em processo por agressão. Mas jogador continua preso por responder pelo assassinato de Eliza Samudio
Andréa Silva, de Belo Horizonte (MG)
Goleiro Bruno Fernandes chega ao Departamento de Investigações, em Belo Horizonte (José Patrício/Agência Estado)
O goleiro Bruno Fernandes de Souza recebeu o primeiro parecer favorável da Justiça a um pedido seu de liberdade condicional. A decisão, porém, não se refere ao processo sobre a morte de sua ex-amante, Eliza Samudio, mas a um crime anterior: as agressões cometidas contra ela um ano antes. Por isso, para deixar a prisão, Bruno terá de aguardar o julgamento do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) relativo à acusação do assassinato da jovem.
Em 2011, o jogador foi condenado pela Justiça do Rio a quatro anos e seis meses de prisão pelo cárcere privado e lesão corporal contra a ex-amante cometidos em 2009. O pedido de liberdade condicional foi julgado pelo juiz Wagner Cavalieri, da Vara de Execuções Criminais de Contagem
Os advogados Rui Pimenta Caldas e Francisco de Assim Simim estiveram no início do mês no Fórum de Jacarepaguá, no Rio, para analisar o processo que condenou o goleiro e Luiz Ferreira Romão, o Macarrão, pelas agressões e ameaças sofridas por Eliza. Na época, a jovem registrou queixa na Polícia Civil do Rio contra Bruno, Macarrão e um suposto policial. Ela alegou ter sido sequestrada pelos três homens, torturada e a obrigada a tomar uma substância abortiva, quando estava grávida de cinco meses.
Os advogados pediram a transferência do processo de condenação da Vara de Execução Penal da Justiça carioca para o Fórum de Contagem. E, após a papelada passar para mãos da Justiça mineira, entraram com o pedido de liberdade condicional. Bruno aguarda julgamento na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, desde julho de 2010, quando a morte da jovem veio à tona.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) informou que, pela condenação do Rio, Bruno já tinha direito à liberdade condicional desde janeiro deste ano, pelo tempo de pena cumprida, mas que somente neste mês o pedido foi solicitado pelos seus defensores.
O advogado Francisco Simim disse que ,independentemente da decisão em relação à liberdade condicional, Bruno continuará detido por causa do mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Minas Gerais referente à morte da jovem, em 2010. Ele ressaltou, porém, que a decisão de agora é um grande passo para que o jogador ganhe sua liberdade. "Falta o parecer dos ministros do STF. Anexamos ao pedido de habeas corpus o passaporte e o cartão de vacina do Bruno, como garantia que se ele sair da prisão, não vai fugir nem deixar o país. Acredito que em breve, ele seja solto e volte jogar futebol.
Crimes – Em junho de 2010, um ano depois de ser sequestrada, agredida por Bruno e Macarrão, e liberada, Eliza Samudio desapareceu. Segundo investigações da Polícia Civil, no dia 6 ela foi novamente sequestrada, dessa vez com o filho Bruninho, atualmente com dois anos. Os dois foram levados para o sítio do jogador, em Esmeraldas, Região Metropolitana de BH, onde foram mantidos em cárcere privado. Eliza teria sido assassinada por estrangulamento na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, segundo a investigação policial. O crime teria sido cometido a mando do goleiro.
Bruno é acusado de sequestro e cárcere privado (pena de 1 a 3 anos), homicídio qualificado (12 a 30 anos) e ocultação de cadáver (1 a 3 anos). Os mesmo crimes são atribuídos a Macarrão e Sérgio Rosa Sales, o Camelo, primo do jogador. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola responde por homicídio qualificado (12 a 30 anos) e ocultação de cadáver (1 a 3 anos). A ex-amante de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde por sequestro e cárcere privado. Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, ex-mulher do goleiro, é acusada de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza (1 a 3 anos), crime também atribuído a Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do jogador, e a Elenilson Vitor da Silva, administrador do sítio do atleta. Os oito enfrentarão o júri popular, mas o TJ-MG informa que ainda não há data para o julgamento do caso Eliza Samudio.