Cafu, Lúcio, Juninho e Roque Júnior comentam compacto no Esporte Espetacular e relembram que vitória sobre Turquia diminuiu pressão
Um conselho decisivo dos jogadores ao técnico Felipão no vestiário durante o intervalo da estreia do Brasil na Copa de 2002 foi determinante para a virada de 2 a 1 sobre a Turquia. É isso que revelam os comentários de Cafu, Lúcio, Roque Júnior e Juninho Paulista no primeiro da série de compactos dos sete jogos da campanha que o Esporte Espetacular começou a mostrar neste domingo, em comemoração aos dez anos da conquista do Penta, no Mundial do Japão e Coréia do Sul.
No fim do primeiro tempo, a seleção turca abriu o placar com gol do atacante Sas. Com o resultado desfavorável, os brasileiros seguiram tristes para o intervalo. No bate-papo do vestiário, palavras de motivação e apoio no lugar de bronca e cobrança.
- O Felipão entra um pouco nervoso naquele momento, mas vem o Luizão e o Edilson e falam com ele que o time está bem, então não adiantaria dar dura. Eles pediram para o Felipão colocar o time para cima que a gente ia virar. Foi isso o que aconteceu – contou o zagueiro Roque Júnior.
Insucessos, turbulência e pressão
O primeiro jogo do Brasil naquela Copa, na avaliação dos atletas, foi difícil e tenso. E tudo em virtude da pressão que o time sofrera por causa dos insucessos na Copa América e nas Eliminatórias. Outro fator foi a troca de técnico (Felipão assumiu o time já na reta final dos jogos classificatórios, conquistando a vaga na última rodada).
– O início foi difícil. Desde as Eliminatórias. A equipe estava com uma dúvida muito grande. Teve a troca de treinadores, foi complicado. Mas o trabalho, a determinação, a união daqueles jogadores fizeram com que iniciássemos uma base forte para nos tornarmos campeão – revelou o zagueiro Lúcio.
Defesa queria mostrar serviço
Uma das polêmicas com a Seleção naquela época era com relação ao setor defensivo, que vinha sendo muito cobrado. Lúcio revelou que a vontade dos jogadores era provar que o futebol brasileiro não vivia só de atacantes.
Queríamos mostrar que o Brasil também tem bons defensores"
Lúcio
– Isso sem dúvida deixava a gente mais concentrado, mais determinado a dar a volta por cima. Queríamos mostrar que o Brasil também tem bons defensores. Depois da conquista, isso ficou comprovado. Sem dúvida nos deixou feliz. Foi um trabalho duro, sofremos pressão de todos os lados, mas valeu a pena – reconheceu Lúcio.
Ronaldo e Rivaldo: referências
Logo aos cinco minutos do segundo tempo, Ronaldo Fenômeno empatou o jogo. Aos 42, Rivaldo foi o responsável por virar o placar da partida e dar números finais ao jogo de estreia, num pênalti cavado pelo reserva Luizão. A Seleção deixou o gramado do estádio Munsu Football com a primeira missão daquela batalha cumprida graças aos seus jogadores de referência.
– A gente tinha uma estratégia bem clara. A equipe jogava em função do Rivaldo, do Ronaldo. Até porque eram pontos de referência, importantes no ataque. Então a nossa equipe se preocupava o máximo dentro do possível em defender bem e poder liberar um pouco esses jogadores para fazerem a diferença no ataque – contou o zagueiro Lúcio.
Juninho em papel fundamental
O jogador responsável por servir os homens de frente era Juninho Paulista. Mas curiosamente, ele não estava cotado para ser titular do time. Sua posição só foi conquistada graças a lesão de última hora do volante Emerson, que seria o capitão da Seleção na Copa.
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– Eu não era titular. O Emerson se machucou e o Felipão me deu a oportunidade. Ele falou: “Você consegue fazer essa função?”. Eu só não jogo de goleiro. Aí não tem jeito – afirmou Juninho.
Escalado no time titular, o meia revezava o papel de volante, caindo pela direita, com o de jogador responsável por servir aos atacantes. Nesses investidas à frente, Juninho contava com o apoio do capitão Cafu pela lateral. Muitas tabelas sairam dos pés dessa dupla durante o Mundial de 2002.
- Tem jogador que quando você costuma jogar junto, você acaba lendo o pensamento dele. Fazer 'um, dois' com o Juninho era muito fácil. Eu podia sair até sem a bola que eu sabia que receberia na frente. Jogar com quem já está entrosado é bem melhor - analisou o capitão do Penta.
Com o apito final, o alívio
Com o apito final do primeiro jogo daquele Mundial, não eram apenas três pontos conquistados pela seleção, mas também outras barreiras foram derrubadas.
– A Turquia tinha um time bem armado, um adversário complicado ali na Copa. Tanto é que chegou a semifinal. E tínhamos aquela pressão toda em cima da gente, um período conturbado por conta das Eliminatórias, da Copa América. Então o primeiro jogo foi onde nos deu a tranquilidade. Mas até chegar essa tranquilidade, nós passamos turbulência, esse nervosismo do primeiro jogo – analisou Juninho.