O governador Marcelo Déda (PT) foi um dos homenageados ontem, 23, na solenidade de comemoração dos 10 anos de existência do Instituto Luciano Barreto Jr.
Em seu discurso, aproveitando a presença dos irmãos Amorim (senador Eduardo e o presidente estadual do PTB, Edvan), ele pediu a ambos uma audiência para a discussão do Proinveste.
OPINIÃO DE GILMAR CARVALHO (deputado estadual, jornalista, radialista, bacharel em Direito e pós-graduando em Civil e Processo Civil, e Tributário):
Foi a primeira vez que o governo, e não apenas o governador, acertou no que se pode chamar de condução do projeto de convencimento da oposição de votar a favor do Proinveste, o que não quer dizer que os empréstimos serão autorizados pela Assembleia Legislativa.
O que 13 deputados que já marcaram posição pública contra os empréstimos querem e vêm repetindo publicamente desde que os projetos chegaram na Assembleia, é o atrelamento obrigatório, por força de lei, de identificação e realização das obras a cada centavo de empréstimo contraído junto ao BNDES.
NE NOTÍCIAS publicou, na íntegra, cópia dos três projetos (
clique aqui), que somados chegam a R$ 727 milhões, e não há uma só referência às obras, onde o governo pretende realizá-las. Também não houve, até este momento, qualquer discussão do governo com os deputados sobre as obras, a não ser discursos, boa parte deles agressivos, feitos em tom de pressão.
Por isso, a oposição chama os projetos de cheques em branco.
O governador errou quando acusou os deputados que votaram na reeleição de Angélica Guimarães (PSC) para presidente da Assembleia de "traíras". Voltou a errar quando, sem ser criticado, bateu pesado em Angélica, em discurso feito em Japoatã, terra natal da deputada.
Daí, foi uma sucessão de erros que parecia não ter fim, com deputados da oposição sendo, na Assembleia, chamados até mesmo de "robôs de Amorim".
Quando a maioria derrotou o Proinveste, no dia seguinte governistas disseram publicamente que os deputados votaram contra "porque não comeram o doce", o que não deixa de ser uma agressão também à sua bancada. Afinal, se a maioria não votou porque não teve o doce, por que votaram a favor os demais deputados? Defendo aqui, também, a honra dos parlamentares que votaram a favor.
Erra o vice-governador Jackson Barreto (PMDB) quando bate de frente com o deputado estadual Zé Franco (PDT), de quem o governo precisa para a aprovação dos projetos.
Erra, reiteradamente, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) ao bater de frente com o senador Eduardo Amorim (PSC), chegando a desafiá-lo para um debate e o acusando de trabalhar contra o Estado.
No interior do Estado, seguindo orientação do governo, prefeitos passaram a conceder entrevistas em emissoras de rádio acusando deputados de traidores.
Em seminário realizado no final do ano passado, o governador disse, em discurso, a prefeitos reeleitos e novos que só receberia em audiência quem levasse "os seus deputados"
Se na nação mais poderosa do mundo, os EUA, o presidente tem de negociar com os adversários, porque em Sergipe governistas querem ganhar na base da pressão, da acusação vil e sem provas?
Os 13 deputados não pediram nem vão pedir cargos, não falam nem insinuam querer fazer negociata.
Felizmente, o governador, humildemente, pediu a audiência. Não se humilhou nem agrediu. Não foi menor nem maior. Foi grande!
Não se sabe ainda o que acontecerá a partir de agora, mas certamente o governo não terá mais os cheques em branco, como aconteceu com a autorização que esses mesmos deputados, "traíras", "que trabalham contra Sergipe" e "que não comeram o doce" deram para que o Estado tomasse R$ 1,50 bilhão emprestados ao governo federal.
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