José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luiz Figueiredo (Itamaraty) em coletiva sobre espionagem dos EUA (Foto: Valter Campanato/ABr)
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou nesta segunda-feira (2) que, se comprovados, os atos de espionagem dos Estados Unidos sobre a presidente Dilma Rousseff são “inadmissíveis” e “inaceitáveis”.
“Do nosso ponto vista, isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira”, afirmou o chanceler durante entrevista no Palácio do Itamaraty. “Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária a uma pareceria estratégica entre os dois países”.
A afirmação foi feita durante entrevista à imprensa sobre denúncias, reveladas peloFantástico, de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), órgão de inteligência americano,coletou dados sobre comunicações da presidente Dilma Rousseff com seus principais assessores (veja a reportagem completa no vídeo ao lado).
Figueiredo não informou se a visita de chefe de Estado que Dilma fará aos Estados Unidos em outubro está mantida. Ele se recusou a responder perguntas sobre esse assunto alegando que o tema da entrevista era outro.
Na reunião que teve com embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, na manhã desta segunda-feira no Itamaraty, Figueiredo disse que falou sobre a “indignação” do governo brasileiro “com os fatos constantes nos documentos revelados, ou seja, a violação das comunicações da senhora presidenta da República”.
O ministro cobrou do embaixador “prontas explicações formais por escrito sobre os fatos revelados na reportagem”. O governo brasileiro espera uma reposta ainda esta semana, de acordo com o ministro.
“Ele [Shannon] entendeu o que foi dito, que foi dito em termos claros”, disse o chanceler. “As coisas quando têm que ser ditas de forma clara, são ditas de forma muito clara. Ele tomou nota de tudo que eu disse. Hoje é feriado nos EUA, mas ele se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca ainda hoje para narrar nossa conversa”, afirmou o ministro.
Questionado pela imprensa sobre que medidas concretas o governo brasileiro estuda adotar contra os Estados Unidos, o chanceler disse: “o tipo de reação [do governo brasileiro] vai depender do tipo de resposta que for dada, por isso precisamos de uma reposta formal por escrito e, a partir daí, vamos ver qual será o tipo de reação que teremos”.
O ministro afirmou ainda que o Brasil levará o assunto a foros internacionais e que conversará com países parceiros, como os integrantes dos Brics (Índia, China, Rússia e África do Sul) “para avaliar como eles se protegem desse tipo de situação, quais são as ações conjuntas que podem ser tomadas de modo a lidar com um tema grave como esse”.