Uma obra fundamental pra transportar produção do Nordeste parou de vez.
A ferrovia Transnordestina deveria ter sido entregue em 2010, mas sucessivos problemas fizeram a conclusão ser adiada para 2016.
O Bom Dia Brasil percorreu mais de 200 quilômetros de uma obra que promete escoar grãos e minério de três estados do Nordeste: Piauí, Ceará e Pernambuco. A Transnordestina tem mais de 1,7 mil quilômetros de extensão, passa por 81 municípios. O orçamento atual da ferrovia é de R$ 7,5 bilhões. O prazo de conclusão da obra era de quatro anos, mas já se passaram sete e, no Piauí, nenhum trilho foi instalado.
No trecho do Piauí a obra sofreu várias paralisações. Uma pela morte de dois operários na construção de uma ponte e outras por greves envolvendo questões trabalhistas. Mas foi no fim do ano passado que a construção da ferrovia parou de vez, quando a construtora responsável rescindiu o contrato com a concessionária da obra.
O trajeto da ferrovia passa por terrenos particulares e os moradores reclamam das indenizações oferecidas pelo estado. “Aqui eu nasci e me criei. Não é justo esse preço que oferecem para a gente”, diz o agricultor José Luis do Nascimento.
“Até o momento só nos deu prejuízos, dividiu a nossa comunidade, a indenizações foi umas migalhas”, afirma a agricultora Jucélia Xavier.
A defensoria pública do município de Paulistana, no Piauí, acompanha cerca de 90 processos. “Temos processos aqui que o primeiro laudo de avaliação, ele foi avaliado em R$ 345, e depois de efetivada nova perícia, esse valor da desapropriação pulou para R$ 20 mil. Então, é a prova cabal de que o estado, não efetuou essa avaliação corretamente”, afirma a defensora pública Edvalda Regina Xavier.
No setor agrícola, quem esperava os benefícios da Transnordestina agora lamenta. “Uma grande decepção, porque quando a gente pensa em produzir alimentos em uma região onde não tem desenvolvimento e um custo de logística elevadíssimo, essa opção seria uma grande opção para escoar a produção”, afirma Sérgio Bortolozzo, da Associação Brasileira dos Produtores de Milho.
A Procuradoria-Geral do Piauí disse que os processos desapropriação estão correndo normalmente e destacou que, nos casos em que o morador não aceita a proposta do governo, a justiça que determina o valor.
Bom Dia Brasil