Infraestrutura
A Copa que não saiu do papel
Enquanto a presidente Dilma Rousseff celebra o legado do Mundial para o país, brasileiros contabilizam as obras prometidas e aquelas que sequer vão usufruir
Andressa Lelli
Estação do VLT em frente ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon em Cuiabá (MT) (Felipe Frazão/Veja.com)
Com uma cerimônia morna, o Brasil abriu na tarde desta quinta-feira a Copa do Mundo 2014 – sete anos após ter sido escolhido para sediar o evento. E se a seleção brasileira estreou com vitória contra a Croácia no Mundial, não há motivos para celebração quando o assunto é a infraestrutura, que já se mostrava um dos maiores desafios para o Brasil. O tão propalado "legado da Copa" parece mais restrito aos discursos da presidente-candidata Dilma Rousseff, que não economiza na celebração – esquecendo-se das muitas obras que não entregou, e das que o fez às custas de muito dinheiro desperdiçado. Nesta sexta-feira, Dilma agradeceu aos brasileiros por transformarem o "sonho" da Copa em realidade. Segundo ela, o mais difícil da realização do evento "foi vencido" e os desafios foram superados.
Numa entrevista à agência Reuters que rodou o mundo desde a noite de sexta-feira, o ex-jogador Ronaldo, que tem assento no Comitê Organizador Local da Copa, soltou o verbosobre o atraso nas obras de preparação do Brasil. “Eu me sinto envergonhado”, disse ele. Foi uma declaração contundente, vinda de uma figura pública brasileira diretamente envolvida no torneio, e o governo tentou reagir. No sábado, a presidente Dilma Rousseff e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se pronunciaram. “Não temos do que nos envergonhar”, disse a presidente, ao passo que ministro – surpresa! – lançou mão de uma metáfora futebolística e acusou o ex-atacante de desferir “um chute contra o próprio gol”. Mas a verdade, infelizmente, é que o Brasil tem, sim, motivos para se envergonhar. E esses motivos estão expostos na terra revirada e nas ruas obstruídas de Cuiabá (MT), cidade que, a vinte dias do início do mundial de futebol, sintetiza todos os erros de organização em que o país se enredou.
Quando Cuiabá foi escolhida, em 2009, uma das doze sedes da Copa, os mato-grossenses ficaram esperançosos de deixar no passado a palavra atraso. Com infraestrutura urbana precária, a capital do Estado prometia uma revolução. Porém, uma visita à cidade revela que a palavra atraso, além de ser pronunciada em todas as esquinas, agora vem acompanhada de termos como desvio e improviso. As principais obras de mobilidade urbana não ficaram – e nem ficarão – prontas a tempo. O deslocamento na cidade é caótico: dezenas de placas de trânsito indicam caminhos interditados por causa de canteiros de obras, que acumulam entulho e barro. Com tráfego pesado, as ruas alternativas foram esburacadas. Principal responsável pelo iminente vexame que o Brasil transmitirá aos estrangeiros que chegarão ao país nas próximas semanas, o governo de Mato Grosso admite o despreparo para executar as obras prometidas e tenta garantir o mínimo. "Se eu não trouxer o turista, o torcedor, a família Fifa e os jogadores do aeroporto ao hotel sem passar por aqueles desvios e lugares terríveis eu matei a minha cidade e a minha copa", disse ao site de VEJA o responsável pela Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo, Maurício Guimarães.
A capital mato-grossense tornou-se exemplo de como não fazer: subestimou dificuldades previsíveis, como as desapropriações de imóveis, falta de mão de obra qualificada, má gestão e atrasos no repasse dos recursos federais e na conclusão dos projetos. “As condições financeiras apareceram e fomos audaciosos de abraçar tudo para não desperdiçar o que estava à disposição do poder público, como sede de Copa. Isso criou um grande volume de execução num tempo muito curto. Foi obra demais, excesso de trabalho. O Estado não estava preparado”, admite Maurício Guimarães. Parte da responsabilidade pela desorganização pode ser atribuída à escolha das sedes: a Fifa sugeriu de oito a dez, mas o Brasil queria ampliar para dezessete; terminou com doze. A pulverização fez o país erguer estádios milionários que dificilmente terão utilidade no futuro – Mato Grosso, por exemplo, não tem nenhum time na elite do futebol, tampouco um campeonato estadual atraente.
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Os primeiros visitantes desembarcarão num empoeirado cenário de “praça de guerra”, conforme definiu na semana passada o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes. Apesar de não haver nenhuma batalha em Cuiabá, os atrasos mais visíveis ficam em “trincheiras” – mergulhões para carros em cruzamentos da Avenida Miguel Sutil, que corta a cidade com pistas mal pavimentadas e conversões improvisadas. As duas maiores "trincheiras", Jurumirim e Santa Rosa, ficarão pela metade, somente com pistas laterais e rotatórias abertas à passagem de carros depois de asfaltadas às pressas. Na da Santa Rosa, ainda vaza água em solo com terra e pedras aparentes em frente ao hotel onde a comitiva da Fifa se hospedará.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) questionaram em vistorias o acabamento das obras. Relatórios dos dois órgãos apontaram uma série de falhas visíveis nas construções: ausência de sinalização, infiltrações, drenagem inadequada, rachaduras e paredes tortas (fora de prumo). A pista de saída do recém-inaugurado Viaduto do Despraiado, por exemplo, corre o risco de ser invadida por terra se chover forte por causa do deslizamento de um barranco ao lado. “Em novembro do ano passado já apontávamos que as obras não estariam prontas se continuassem no ritmo em que se encontravam”, disse o conselheiro do CREA-MT André Schuring. "Por causa da qualidade terrível, começava a ficar claro que o tal legado da Copa também é uma obra de ficção." Ele observa a necessidade de inspeções técnicas para identificar quanto pode custar ao município o eventual reparo dos erros.
Construção da trincheira Santa Rosa em frente ao hotel onde ficará hospedada a comitiva da Fifa em Cuiabá (MT)
Reclamar das obras não é exclusividade da turma "do contra". Até ex-gestores do governo Silval Barbosa (PMDB) se constrangeram com a preparação. "Eu fico com vergonha em receber as pessoas com a bagunça que fizeram em Cuiabá. Está tudo arrebentado", disse à reportagem, sob anonimato, um ex-secretário do Estado.
Não faltou dinheiro. Só as obras da Copa em Cuiabá custaram aos cofres públicos pelo menos 2,3 bilhões de reais, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas. Porém, o governo só executou pouco mais de metade do orçamento: 1,2 bilhão de reais. Maior e mais caro projeto, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) consumiu mais de 1,5 bilhão de reais e só deve entrar em operação em 2015. Os operários abandonaram boa parte dos canteiros ao longo dos 22 quilômetros do modal, na estratégia do governo estadual de priorizar as construções com chance de conclusão, ainda que parcial. De todas as obras previstas na matriz de responsabilidades, Cuiabá deve entregar apenas o estádio e o corredor viário Mário Andreazza – duplicação da rodovia e da ponte de acesso entre aeroporto e o centro da capital. O Arena Pantanal, um estádio moderno de 570 milhões de reais, já está sob administração da Fifa – mas ainda falta concluir o cabeamento e instalar estruturas de apoio temporárias, cabines de transmissão, tendas e grades.
Chegada – O secretário Maurício Guimarães diz que "todas as obras lhe preocupam", mas vai priorizar a liberação da saída do aeroporto de Cuiabá, trecho que ele considera "o principal gargalo". Passageiros elegeram o Marechal Rondon o pior aeroporto entre os quinze que servirão aos turistas na Copa – são doze sedes, mas São Paulo tem três aeroportos, e o Rio, dois. Cuiabá ficou na última posição em quatro das cinco pesquisas de satisfação da Secretaria da Aviação Civil da Presidência. A estrutura é acanhada: banheiros apertados e faltam calçadas livres na entrada do terminal de embarque, ainda em obras de ampliação.
Sair do aeroporto será tarefa desgastante. As interdições de trânsito têm causado engarrafamentos intensos na cidade: a frota da capital e da cidade vizinha Várzea Grande, onde fica o Marechal Rondon, soma 224 000 carros e 104 000 motos, para uma população conjunta de 833 000 habitantes. E há um agravante: o déficit de táxis. Sem contar os turistas, a média é de mais de 1 000 habitantes por taxista nos dois municípios. Em São Paulo, a proporção é mais branda: cada táxi serve a 360 moradores. "Acho que os turistas vão ficar muito arrependidos e se perguntar o que vieram fazer aqui", disse o taxista em Várzea Grande Pedro Paulo Ventura, de 29 anos.
#nãovaiternacopa
Táxi | Cuiabá tem 604 táxis e Várzea Grande 187: mais de 1 000 habitantes por taxista |
Hotéis | O déficit atual é de 12 000 leitos em Cuiabá. Não há mais quartos nos jogos: Chile x Austrália e Colômbia x Japão |
Turismo | Três pontos de visitação da Chapada dos Guimarães estão fechados: Salgaderia, Portão do Inferno e Mirante do Centro Geodésico da América do Sul |
Campo de Treinamento | Os dois COTs devem ser entregues incompletos, apenas com campos prontos |
Aeroporto Marechal Rondon | Novo terminal funcionará parcialmente e com puxadinho (módulo operacional) na Copa. Novo setor internacional, com praça de alimentação e lojas, não deve abrir |
Estada – Outro problema estrutural de Cuiabá é a rede hoteleira. Na primeira fase do Mundial, o governo estima que a cidade receberá entre 40.000 e 50.000 estrangeiros, vindos principalmente da Colômbia, Austrália e Chile. A secretaria de Turismo da prefeitura de Cuiabá ficou responsável por buscar alternativas de acomodação aos turistas para suprir a demanda nas partidas de pico. Em um raio de 200 quilômetros da capital, existem apenas 23 000 leitos hoteleiros – e o déficit é de 12 000 vagas, segundo o secretário Marcus Fabrício. A prefeitura incentivou que cuiabanos alugassem quartos em suas casas no esquema cama e café (bed and breakfest, em inglês) ou locassem os imóveis por temporada. Nos últimos dias, Fabrício visitou terrenos próximos ao estádio que podem servir de camping para mochileiros, principalmente chilenos, que pretendem viajar ao Brasil de carro, ônibus ou em motor-homes. O secretário também solicitou a motéis da cidade o bloqueio de cerca de 500 quartos frequentados por casais na madrugada, anote-se, com decoração adaptada: "Só precisa retirar o espelho do teto e a cama redonda, resolver essas questões". Ele não considera que hospedagem cause estranheza aos hóspedes estrangeiros: "Nos Estados Unidos é comum dormir em motel, o conceito é diferente." Mas os preços (além das camas redondas que sobreviverem à "adaptação") certamente devem espantar: no motel Segredos, a suíte dupla sairá por 1.200 reais, com hidromassagem e piscina, e as simples por 600 reais. A opção derradeira é típica de encontros universitários: alojamentos gratuitos com colchonetes em salas de aula de escolas estaduais ou igrejas.
O diretor de hotéis do Sindicato Intermunicipal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Mato Grosso, Luiz Verdun, explica que a rede hoteleira de Cuiabá cresceu pouco desde que a cidade foi eleita como sede do mundial: havia cerca de 12 000 quartos e agora existem mais de 13 000 unidades. Segundo ele, a capital do Estado não possui demanda que sustente o mercado ao longo do ano. Verdun prevê uma "guerra de tarifas" no período pós-Copa: "O investimento é pesado, rede hoteleira não é barraca de camping que se desmonta após a festa. Muita gente vai quebrar ou terá de transformar os prédios em salas comerciais". O representante do setor também relata que os hotéis não conseguiram vender pacotes de estada com visitação às principais atrações turísticas e que sobram vagas para os dias das partidas Rússia x Coréia do Sul e Bósnia Herzegovina x Nigéria. "O turista reservou apenas um ou dois dias, só para ver o jogo e ir embora", afirma. "A Copa existe em Cuiabá em função da ecologia. Mas não fizeram absolutamente nada no Pantanal e as estradas até lá são péssimas e perigosas. A Chapada dos Guimarães bloqueou pontos de visitação muito populares."
Desde o início do ano, os mato-grossenses de Cuiabá e Várzea Grande convivem com crimes em elevação. Nos quatro primeiros meses, os homicídios aumentaram 45% e os roubos 41% nas duas maiores cidades do Estado, ante o mesmo período do ano passado. Até abril, as cidades somaram 158 assassinatos enquanto em 2013 houve 109 homicídios. Os roubos chegaram à marca de 2851 ante 2021 no ano mesmo período do ano anterior. A cidade terá reforço de tropas federais, mas Secretaria da Segurança Pública faz sigilo sobre a quantidade: “Em momento algum turistas estrangeiros ou nacionais irão correr riscos em solo mato-grossense”.
Se depois de tantos percalços em dias quentes com temperaturas acima dos 30 graus, os turistas saírem de Cuiabá com uma boa impressão do Brasil, deve ser por causa da simpatia dos cuiabanos e da boa mesa que a região oferece. Essa também é a esperança do governo estadual. Apesar de descrentes, os mato-grossenses ainda têm expectativa de que a cidade melhore. "É um transtorno que estamos passando, mas no futuro será benéfico para a população", disse o corretor de imóveis Clayton Gomes, de 33 anos, morador de Colíder (MT) a 630 quilômetros de Cuiabá.
A cadeia de erros do Brasil na Copa
Estádios demais
Como poderia ter sido: A Fifa ficaria satisfeita com apenas oito estádios, o suficiente para o evento
O que o país fez: Para aumentar o número de cidades envolvidas – e atender aos pedidos do maior número possível de governadores e prefeitos –, ampliou o número para doze arenas
Qual foi a consequência: Além de encarecer todo o evento, criou dois problemas. Sem investidores privados para bancar estádios em capitais sem clubes de grande torcida, usou-se dinheiro público. Além disso, algumas das arenas poderão virar elefantes brancos depois do Mundial
O que o país fez: Para aumentar o número de cidades envolvidas – e atender aos pedidos do maior número possível de governadores e prefeitos –, ampliou o número para doze arenas
Qual foi a consequência: Além de encarecer todo o evento, criou dois problemas. Sem investidores privados para bancar estádios em capitais sem clubes de grande torcida, usou-se dinheiro público. Além disso, algumas das arenas poderão virar elefantes brancos depois do Mundial
Viagens em excesso
Como poderia ter sido: A Fifa pretendia dividir o país em 4 regiões para facilitar os deslocamentos
O que o país fez: Para evitar uma briga entre as diferentes regiões pela honra de sediar os jogos da seleção brasileira, não aceitou separar os oito grupos pelos critérios geográficos
Qual foi a consequência: Muitas seleções (e seus torcedores) terão de fazer longas viagens logo na primeira fase da Copa, aumentando dramaticamente o número de deslocamentos pelo país – e elevando, portanto, o risco de problemas nos aeroportos, que ficarão bem mais cheios
O que o país fez: Para evitar uma briga entre as diferentes regiões pela honra de sediar os jogos da seleção brasileira, não aceitou separar os oito grupos pelos critérios geográficos
Qual foi a consequência: Muitas seleções (e seus torcedores) terão de fazer longas viagens logo na primeira fase da Copa, aumentando dramaticamente o número de deslocamentos pelo país – e elevando, portanto, o risco de problemas nos aeroportos, que ficarão bem mais cheios
Obras atrasadas
Como poderia ter sido: O Brasil teria facilitado tudo caso tivesse definido rapidamente suas sedes
O que o país fez: Com 17 candidatas a receber os jogos, o governo demorou dois anos para apontar as escolhidas. Em São Paulo, a indefinição em torno do estádio da Copa durou quatro anos
Qual foi a consequência: Por ter desperdiçado tanto tempo para listar os doze estádios, as obras de construção ou reforma ficaram com um prazo apertado demais. Além disso, problemas burocráticos e disputas políticas atrasaram a liberação de linhas de crédito para os projetos
O que o país fez: Com 17 candidatas a receber os jogos, o governo demorou dois anos para apontar as escolhidas. Em São Paulo, a indefinição em torno do estádio da Copa durou quatro anos
Qual foi a consequência: Por ter desperdiçado tanto tempo para listar os doze estádios, as obras de construção ou reforma ficaram com um prazo apertado demais. Além disso, problemas burocráticos e disputas políticas atrasaram a liberação de linhas de crédito para os projetos
Projetos frustrados
Como poderia ter sido: Obras de infraestrutura seriam diretamente ligadas à realização do evento
O que o país fez: Na tentativa de contemplar o maior número possível de Estados e municípios, o governo federal colocou na Matriz de Responsabilidades um número excessivo de projetos
Qual foi a consequência: Sem um foco específico nas necessidades do evento – no caso das obras de mobilidade urbana, por exemplo, é o transporte público até os estádios –, as cidades tiveram de lidar com projetos demais, muitos deles inviáveis. Resultado: muitos não vão sair do papel
O que o país fez: Na tentativa de contemplar o maior número possível de Estados e municípios, o governo federal colocou na Matriz de Responsabilidades um número excessivo de projetos
Qual foi a consequência: Sem um foco específico nas necessidades do evento – no caso das obras de mobilidade urbana, por exemplo, é o transporte público até os estádios –, as cidades tiveram de lidar com projetos demais, muitos deles inviáveis. Resultado: muitos não vão sair do papel
O que ficou só na promessa para o Mundial
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Estádios privados
O Estádio Nacional de Brasília: o custo se aproxima dos 2 bilhões de reais em verba pública
O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas. Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.
Cumprimento dos compromissos
O Itaquerão, palco da abertura: obra deverá ser concluída apenas às vésperas da estreia
Quando os críticos da Copa apontavam o risco de o país repetir velhos vícios e entregar as obras em cima da hora, pagando mais do que o prometido por elas, o governo prometia seguir os planos à risca, mostrando que o Brasil é capaz de fazer as coisas conforme o combinado. Mas ele não é. Todos os estádios estouraram o orçamento, e os prazos estabelecidos pela Fifa foram repetidamente ignorados.
Revolução na infraestrutura
Trem-bala japonês: a versão brasileira foi adiada por tempo indeterminado em agosto de 2013
A Copa foi usada como pretexto para a discussão de projetos há muito sonhados - como, por exemplo, o trem-bala que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, possivelmente com extensões aos aeroportos de Cumbica e Viracopos. Os palcos da abertura e da final do Mundial, no entanto, seguem sem ter essa ligação rápida e prática.
Aeroportos modernizados
Obra do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal: projeto demorou a decolar
Há investimentos no setor, mas eles são muito mais tímidos do que o governo insiste em anunciar. Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que, até abril de 2013, a Infraero utilizou apenas 18% dos recursos previstos neste ano para melhorias e obras nos aeroportos. Num ranking de qualidade com 142 países, nossos aeroportos estão na 122ª posição.
Transporte público de qualidade
O VLT de Brasília: projeto era muito bonito no papel, mas não vai virar realidade
Na Matriz de Responsabilidade, documento que lista os compromissos da União, estados e municípios em relação à Copa, a previsão inicial era de um investimento total de 11,9 bilhões de reais em projetos de mobilidade urbana nas doze cidades-sede. Com o fracasso de pelo menos seis projetos, 3 bilhões de reais foram cortados.
Combate ao supérfluo
O Maracanã, palco da final: atuação do TCU impediu desperdícios multimilionários na obra
O governo falava em realizar uma Copa dentro das possibilidades dos brasileiros, sem despesas desnecessárias. Essa cautela, porém, não existiu. O Tribunal de Contas da União (TCU) conseguiu identificar gastos excessivos em obras de mobilidade urbana, estádios, aeroportos, portos e telecomunicações. Sua atuação provocou economia de 600 milhões de reais.
FONTE: VEJA