Rangel Alves da Costa*
Máxima razão ao que ouvi um dia: Não há nada mais abjeto, abominável e asqueroso do que você ouvir, ler ou presenciar, defesas não menos abjetas, abomináveis e asquerosas daquilo que igualmente é abjeto, abominável e asqueroso.
Naquele primeiro momento fiquei até sem compreender a extensão das palavras, mas depois me debrucei sobre sua verdade e vi a dimensão de sua aplicabilidade, principalmente no que diz respeito aos defensores intransigentes de políticos, partidos e suas desonrosas práticas. E então recordei algo que li em algum opúsculo: Não há nada mais perigoso que uma pessoa na iminência de perder o poder. Cega completamente, e com a cegueira a prática de verdadeiros absurdos.
No momento político atual, onde o temor pela iminência da perda do poder parece transformar pessoas antes tidas como sensatas em fervorosos defensores de candidatos, a situação chega a ser de extrema arrogância. Partidários, bajuladores e mantidos pelo poder chegam a erguer bandeiras e proferir defesas incoerentes e até inaceitáveis. Numa cegueira absurda, fingindo desconhecer realidades aviltantes, passam a glorificar posturas políticas desastradas e macular tudo o que diga respeito aos adversários.
Afeiçoa-se a uma questão fundamentalista, xiita, de radicalismo extremado. O adversário se torna o ocidente bestializado, envolto em todos os males que possam existir sobre a terra e propagador de todos os pecados. E eles não. Mesmo fazendo da crença fanatizada uma arma aterrorizante, espalhando a dor e o medo, ainda assim se dizem leais à fé e ao compromisso de derrocada ao grande monstro. Jamais reconhecem suas práticas insidiosas, suas ações extremadas, devendo todas as culpas ser imputadas somente aos inimigos de seus princípios.
A descrição acima é a mesma que deve ser feita àqueles que fazem da defesa de uma candidatura um compromisso de vida ou morte. Ou seu escolhido será eleito ou o mundo vai acabar, não existirá mais vida, tudo será destruído pelo adversário. Somente seu candidato possui a tábua da salvação, o poder de tudo transformar, ainda que o mesmo já esteja no poder e nada de relevante tenha feito em prol da sociedade. Desconhece a incompetência do seu para profetizar sobre o outro, se faz de esquecido do lamaçal que envolve seu partido para lançar desonras sobre os adversários.
Nada diferente do que está acontecendo agora com os defensores da candidata Dilma, e com muito mais agressividade depois da ascensão da candidatura de Marina Silva. Bastou que a adversária se mostrasse com força suficiente para desbancar o petismo lamacento do governo e os canhões começaram a vomitar. E não se imagine que os ataques partem somente de eleitores fanatizados, apaixonados. Não. Pessoas que deveriam mostrar condutas mais respeitosas, como senadores, ministros e políticos de nomeada, agora utilizam os microfones para o achincalhe barato, para leviandades e mentiras sem fim.
Dizem os mais respeitados manuais de guerra que numa batalha não se vence o inimigo com palavras que assustem, muito menos com inverdades, mas sim com estratégias que permitam avançar no seu campo de força. Quer dizer, não adianta acusar Marina Silva disso ou daquilo, de tentar a todo custo denegrir a imagem e sua capacidade política, se o seu eleitor, que é a sua verdadeira arma, continua acreditando na sua força e lutando para que a caminhada seja vitoriosa.
Ora, inegavelmente todo mundo tem o direito de pensar o que quiser, de se expressar como desejar, de defender com unhas e dentes o que bem entender. Tudo por consequência do princípio da liberdade de pensamento e de expressão. Contudo, como toda regra tem exceção, há que se dizer que casos existem em que se torna verdadeiro absurdo querer, por fanatismo político ou partidarismo exacerbado, defender o indefensável.
E não somente isto, mas também mentir descaradamente com a intenção de dar outra feição ao que está enlameado, tentar transformar um algoz em benfeitor, procurar mostrar um político negligente e mentiroso como alguém virtuoso. A ação em nada se diferencia daquela praticada pelos regimes ditatoriais, onde a falsa propaganda serve para cultuar aqueles que nem sabem mais o significado de povo. Mas a resposta será breve.
Brevemente a arrogância de Dilma deixará de ser oficializada para se tornar apenas no resmungo dos derrotados. Quem viver verá a coerência, a sensatez e a simplicidade vencendo o dragão da maldade no borbulhante lamaçal petista. E, com a crença dos justos, dias melhores virão!
Poeta e cronista
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