Uma brincadeira recorrente nas últimas semanas entre os fãs de MMA é que só acreditarão que
Chris Weidman e
Vitor Belfort vão se enfrentar neste sábado de fato quando os dois estiverem dentro do octógono. O motivo para a desconfiança é que a luta entre os dois, esperada para o coevento principal do UFC 187, neste sábado, já foi adiada três vezes, por diferentes motivos. A espera do brasileiro pela oportunidade de disputar o cinturão dos pesos-médios pela segunda vez é ainda mais antiga, e data de 18 de maio de 2013.
Foi neste dia que Vitor Belfort derrotou Luke Rockhold, seu principal concorrente à posição de desafiante número 1 na divisão, na luta principal do primeiro UFC em Jaraguá do Sul-SC. Foi sua quarta vitória seguida entre os pesos-médios, excluindo sua derrota na divisão de cima para Jon Jones, e o "Velho Leão" parecia um lutador renovado - o que seus críticos atribuíam em grande parte ao polêmico uso da terapia de reposição de testosterona (TRT), que supostamente equilibrava seus níveis do hormônio com o de lutadores mais jovens. Belfort parecia mais forte, musculoso e definido do que em muitos anos.
Foi também o segundo nocaute seguido do brasileiro com um chute na cabeça, desta vez um chute rodado, e o novo conjunto de habilidades tornava verossímil até uma revanche contra Anderson Silva, que o derrotou dois anos antes com um desmoralizante chute no rosto. Contudo, o "Spider" precisava passar pelo ainda desconhecido Chris Weidman, jovem lutador americano invicto, mas com apenas nove lutas no cartel. Parecia mero detalhe. Entretanto, no dia 6 de julho de 2013, o "All American" não só fez o que soava impossível, como o fez de maneira chocante: venceu Anderson onde ele era considerado imbatível, na luta em pé, com um cruzado de esquerda que levou o campeão à lona, apagado.
A derrota do Spider foi péssima para Belfort. A incredulidade dos fãs com o primeiro revés do paulista em mais de seis anos levou o presidente do UFC, Dana White, a marcar uma revanche imediata, para que qualquer dúvida quanto ao resultado fosse apagada. O reencontro entre Anderson e Weidman foi agendado para 28 de dezembro do mesmo ano, em Las Vegas.
Se decidisse esperar pelo vencedor da revanche, Belfort teria de ficar parado por mais de seis meses. Em vez disso, ele aceitou fazer nova luta em novembro, mas pediu um confronto na categoria de cima, o peso-meio-pesado, convencido que, assim, não ameaçaria sua posição de desafiante número 1. O UFC lhe deu Dan Henderson, veterano que já o havia derrotado por pontos em 2006, no Pride, e que jamais havia sido nocauteado na carreira. Mesmo com essas credenciais, "Hendo" não deu nem para a saída: sofreu seu primeiro nocaute em apenas 1m17s de combate, com mais um chute alto. Belfort confirmava sua grande fase.
Após Weidman vencer a revanche contra Anderson, o Ultimate anunciou que Belfort seria seu segundo desafiante, em 24 de maio de 2014, no evento principal do UFC 173, em Las Vegas. Os dois lutadores chegaram a posar com as bandeiras de seus países para o pôster oficial. No entanto, em 7 de fevereiro, Belfort se submeteu a um exame antidoping surpresa minutos antes de participar da premiação World MMA Awards, em Las Vegas. A Comissão Atlética de Nevada (NAC) solicitou o teste devido ao passado do brasileiro, que já fora flagrado por uso de esteroides em 2006.
Esses testes, foi revelado mais tarde, apontaram níveis de testosterona acima dos permitidos pela comissão. Como Belfort ainda não havia solicitado licença para lutar em Nevada, a NAC não podia discipliná-lo; contudo, o resultado ligou o alarme da entidade para o perigo de continuar cedendo isenções para uso terapêutico de testosterona. Em 28 de fevereiro, a comissão debateu a questão durante uma de suas reuniões e votou pelo banimento do TRT.
A atitude foi aplaudida pela grande maioria dos atletas do UFC, que reclamavam que o tratamento dava uma vantagem injusta aos seus usuários; o argumento era que o hipogonadismo desses atletas era causado pelo abuso de esteroides no passado. A decisão deixou Belfort numa sinuca: ou abandonava o esporte e seguia fazendo uso da terapia para tratar seu hipogonadismo, ou se adaptava às regras. Com apenas três meses restando para o UFC 173, o Ultimate optou por tirar o carioca do evento e substituí-lo por Lyoto Machida.
- Temos uma luta para promover, e Vitor, por conta da nova regra (proibindo TRT), vai ter de se adequar a ela - explicou Lorenzo Fertitta, coproprietário do UFC.
Vitor Belfort se adequou e, em 23 de julho de 2014, se apresentou à comissão de Las Vegas para pedir a licença de lutador. Em sua defesa, argumentou que apresentou níveis elevados de testosterona porque estava em viagem, longe de casa por um longo espaço de tempo, quando foi testado e, nesse caso, tomou duas ampolas. A explicação satisfez a comissão, que concedeu a licença sob duas condições: que o carioca se submetesse a exames surpresa em qualquer ocasião que a NAC determinasse, sendo responsável pelas despesas, e que não lutasse fora de Nevada até dezembro. Belfort aceitou. Minutos depois, o Ultimate anunciou que o brasileiro enfrentaria Chris Weidman em 6 de dezembro, no UFC 181.
Weidman havia acabado de derrotar Lyoto Machida e ainda cuidava de uma lesão na mão esquerda. O ferimento se agravou durante os treinos, e o americano foi obrigado a pedir o adiamento da luta. Uma semana depois, o próprio Vitor Belfort anunciou em suas mídias sociais que o combate fora remarcado para 28 de fevereiro de 2015, no evento principal do UFC 184, em Los Angeles.
Parecia que a luta finalmente aconteceria, e os dois inclusive fizeram uma das encaradas mais quentes do evento "The Time Is Now", promovido pelo UFC em dezembro de 2014 para divulgar a programação de 2015. No entanto, em 31 de janeiro, um mês antes do evento acontecer, Weidman anunciou que sofreu nova lesão, desta vez na costela. Preocupado em não perder o destaque principal do card, o Ultimate propôs a Belfort uma luta contra Lyoto Machida, último desafiante de Weidman, valendo o cinturão interino. O carioca, todavia, recusou: segundo Dana White, o veterano argumentou que estava se preparando para um wrestler destro e teria que mudar o treinamento para um striker canhoto. Belfort se defendeu, dizendo que iria esperar para disputar o cinturão de verdade, e que havia esperado demais para arriscar perder a posição de desafiante número 1.
Em 18 de fevereiro, a organização fechou a quarta data diferente para o duelo: 23 de maio de 2015, em Las Vegas. Desta vez, porém, deixou os pesos-médios no coevento principal do UFC 187, para não correr riscos de ter de mudar todo o material promocional com um novo cancelamento. A tática, porém, acabou se virando contra o Ultimate quando Jon Jones, que enfrentaria Anthony Johnson na luta de destaque, se envolveu num acidente de trânsito e foi retirado do evento.
O combate entre Chris Weidman e Vitor Belfort permanece intacto, mas os fãs dos dois pesos-médios devem bater três vezes na madeira e recorrer aos seus amuletos da sorte para que nada aconteça até a noite de sábado. Afinal, um deles pode não bater o peso, ou passar mal durante o corte de peso e se machucar, para citar alguns acontecimentos recentes que cancelaram lutas no UFC.
O canal Combate transmite o UFC 187 ao vivo, direto de Las Vegas, neste sábado a partir das 19h (horário de Brasília), com acesso também pelo aplicativo Combate Play. O Combate.comacompanha o evento com Tempo Real e transmissão das duas primeiras lutas a partir do mesmo horário. Nesta sexta-feira, canal e site transmitem a pesagem oficial do evento a partir das 19h45m. Durante todo o evento será possível participar do Tempo Real que esquentará o clima para as disputas de cinturão. Basta enviar uma mensagem no Twitter com a hashtag #CombatenoUFC187.
UFC 187
23 de maio, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado: Daniel Cormier x Anthony Johnson
Peso-médio: Chris Weidman x Vitor Belfort
Peso-leve: Donald Cerrone x John Makdessi
Peso-pesado: Travis Browne x Andrei Arlovski
Peso-mosca: Joseph Benavidez x John Moraga
CARD PRELIMINAR
Peso-mosca: John Dodson x Zach Makovsky
Peso-meio-médio: Josh Burkman x Dong Hyun Kim
Peso-médio: Uriah Hall x Rafael Sapo
Peso-palha: Rose Namajunas x Nina Ansaroff
Peso-meio-médio: Mike Pyle x Colby Covington
Peso-leve: Leo Kuntz x Islam Makhachev
Peso-mosca: Josh Sampo x Justin Scoggins