As manifestações contra o governo Dilma e o PT pelo País começaram por volta das 9h30. No Rio, neste horário, cerca de 50 pessoas já se reuniam na Avenida Atlântica, em Copacabana (zona sul), em volta de três carros de som posicionados na orla. Meia hora depois, mais um carro de som se posicionou. Os organizadores do Movimento Brasil Livre (MBL) estimaram em 1 milhão o número de pessoas que foram ao protesto, que se dispersou por volta das 16h, mas a Polícia Militar não fez contagem do número de pessoas que circularam pelo ato no Rio.
Organizadores do MBL consideraram um sucesso o ato. “Deu bem mais gente que em 15 de março”, afirmou Bernardo Santoro, um dos coordenadores do MBL no Rio. “A manifestação foi bem maior, até mesmo por causa do maior desgaste do governo e pelo aumento da rejeição à Dilma”, completou. O ambulante Fábio Casemiro, de 45 anos, levou cerca de 700 bandeiras para vender durante o protesto em Copacabana. O modelo pequeno custa R$ 5 e o grande, R$ 10. “Votei na Dilma, infelizmente, a gente não tem bola de cristal. Acho um protesto bom, a presidente não está fazendo o seu trabalho”, opinou.
Um dos líderes do movimento Vem pra Rua, o engenheiro Rodrigo Lamas, acredita que o impeachment da presidente é uma “ferramenta da constituição”. “Basicamente, estamos aqui contra a corrupção. Queremos mostrar apoio às instituições de investigação, seja a Polícia Federal, a Justiça, o Tribunal Eleitoral e o Congresso. Tudo de modo democrático. Nada de golpe, como o PT está falando. Impeachment é uma ferramenta da constituição. Quem vai dizer se é necessário será o Congresso”, declarou. Já um representante do Movimento Muda Brasil no Rio, o advogado João Cabral defende que a presidente Dilma Rousseff renuncie ao cargo. “Queremos que a Dilma largue o osso. O impeachment não seria bom, porque depois ela pode voltar como heroína”, afirmou.
São Paulo
A manifestação em São Paulo se estende por toda a Avenida Paulista, com maior concentração na região do Museu de Arte (Masp).
Segurada por centenas de pessoas, uma grande bandeira com as cores do Brasil foi estendida pela avenida. A maior parte dos manifestantes veste camisa nas cores verde e amarelo ou usa a bandeira do Brasil nas costas. Há também muitas faixas que demonstram apoio ao juiz Sérgio Moro [da Operação Lava Jato]. Mais cedo, próximo ao Masp, os manifestantes cantaram o Hino Nacional.
Embora todos os manifestantes peçam a saída da presidente, a forma como isso poderia ocorrer dividiu os movimentos. Um deles, por exemplo, é o da União Nacionalista Democrática. Com carro de som posicionado em frente ao prédio da TV Gazeta, eles pedem intervenção militar. O ato teve início com os manifestantes se ajoelhando sob a imensa bandeira com as cores do país colocada no chão. Um padre puxou a oração do Pai Nosso e o grupo rezou. Depois disso, diversos hinos foram tocados, entre eles, o da Independência do Brasil.
Líder do movimento, Antonio Ribas Paiva disse que não defende os militares no poder, como ocorreu no país em 1964, mas um período de transição. “Os militares [depois do golpe de Estado de 1964] deveriam ter devolvido o poder que a sociedade lhes outorgou mais aprimorado, com o mecanismo de defesa de interesse público. Mas não foi isso o que ocorreu. Hoje, toda classe política está comprometida”, disse Paiva.
Já o movimento Vem pra Rua defende o impeachment da presidenta. O porta-voz, Rogerio Chequer, disse que existe um relatório no Ministério Público de Contas, do Tribunal de Contas da União, que “caracteriza ações que configuram crime de responsabilidade”. Para ele, esse seria o meio para viabilizar legalmente o impeachment.
Brasília
Em Brasília, cerca de 25 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, e 80 mil, segundo os organizadores, participaram dos protestos contra o governo Dilma Rousseff, o PT e a corrupção na Esplanada dos Ministérios. O protesto, que se iniciou por volta das 9h30, seguiu sem incidentes e com tranquilidade, conforme a PM. Por volta das 13h, a manifestação começou a se esvaziar. Apesar de a Polícia Militar ter calculado em 25 mil o número de manifestantes, a estimativa do porta-voz do movimento Vem Pra Rua, Jailton Almeida, aponta que 80 mil pessoas participaram desde as 9h30. Ele comemorou o fato de não ter havido nenhum incidente até o momento e disse que ainda não há previsão de novas manifestações, que condicionou aos desdobramentos da situação política.
CORREIO DA BAHIA