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Edílson nega envolvimento em fraude nas loterias: "Ele está tranquilo", diz defesa (Foto: Arquivo CORREIO)
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O advogado de Edílson Capetinha, ex-jogador da seleção brasileira, negou que o atleta tenha qualquer envolvimento com um esquema de fraude em prêmio das loterias da Caixa Econômica Federal.
Edílson está sendo investigado pela Polícia Federal durante a Operação Desventurada, deflagrada nesta quinta-feira (10).
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa do ex-jogador, no Horto Florestal, foi alvo de buscas nesta manhã.
"Eles entraram, foram muito educados. Pegaram uns HDs e foram embora", disse Thiago Phileto, o advogado de Edílson, em entrevista ao CORREIO.
Um primo do ex-jogador, Eduardo Pereira dos Santos, foi preso nesta manhã em Lauro de Freitas, durante a operação. A informação, no entanto, foi negada pelo representante de Edílson.
De acordo com o delegado Thiago Sena, da Superintendência da PF em Salvador, 50 agentes da Bahia participaram da ação, que também cumpriu mandados em Goiás, Sergipe, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
"Edílson não foi preso não, isso eu posso lhe assegurar. Com relação a esta investigação, ele não tem nada a ver com isso", assegurou o defensor. "Parece que tem uma pessoa que tentou se aproximar dele está envolvida na investigação. Não é parente nem namorada", disse Thiago Phileto, que não quis divulgar detalhes sobre o relacionamento desta suposta pessoa com o ex-jogador.
"Ele tem certeza que logo ficará constatado que o nome dele está sendo utilizado de forma indevida por essa pessoa que está sendo investigada", reiterou o advogado. "O Edílson nunca se envolveu em nenhum crime, ainda mais neste".
O atleta foi procurando pelo CORREIO, que não conseguiu manter contato com ele. Ao ser questionado sobre o estado de espírito de Edílson perante as acusações, o representante legal do baiano disse que tudo está bem. "Ele está tranquilo, e pede apoio dos fãs e de todas as pessoas que sempre estiveram ao lado dele", comentou Thiago Phileto.
Entenda o casoEm Salvador e Lauro de Freitas, a Operação Desventura, que teve início nesta manhã, cumpriu 3 mandados de prisão temporária, um de prisão preventiva, 6 mandados de busca e apreensão e 8 conduções coercitivas.
Os presos na Bahia serão transferidos para a Cadeia Pública de Salvador, na Mata Escura. Já as pessoas conduzidas coercitivamente prestarão depoimento na sede da Polícia Federal na Bahia, sendo liberadas em seguida. Durante a operação, cinco carros de luxo foram apreendidos - um Hyundai Vera Cruz com placa de Sergipe, um Fiat Freemont, um Ford Fusion, um Audi A5 e uma Mitsubishi L200.
O esquema de fraudes da quadrilha realizava a validação de bilhetes premiados falsos, de prêmios que não tinham sido sacados por ganhadores, com a ajuda de gerentes da Caixa Econômica Federal.
Através das suas senhas, os gerentes disponibilizavam o pagamento valores dos prêmios auxiliados por correntistas do banco que têm grande movimentação financeira. Entre os envolvidos no esquema está o baiano Edílson da Silva Ferreira, ex-jogador da seleção brasileira, e um primo dele.
Em coletiva na manhã desta quarta-feira (10), em Goiás, a Polícia Federal revelou que, além do recrutamento de gerentes da Caixa, a quadrilha também se utilizava de hackers e programas maliciosos na internet para roubo de senhas.
Um flagrante em setembro de 2014 confirmou as ações criminosas. Um integrante da quadrilha foi preso durante durante as investigações da operação em Goiás, ao tentar aliciar um gerente da Caixa para sacar um prêmio no valor de R$ 3 milhões de reais.
Alguns dias após ter sido liberado pela polícia, ele foi executado. As circunstâncias do crime ainda estão sendo investigadas. Além disto, a investigação também identificou a atuação de doleiro na quadrilha, fraude na utilização de financiamentos do BNDES e do Construcard, além da liberação irregular de gravame de veículos.
O valor roubado pela quadrilha durante o esquema ainda não foi divulgado pela polícia. Ao todo, os 250 agentes da Polícia Federal cumpre 54 mandados judiciais - cinco de prisão preventiva, 8 de prisão temporária, 22 conduções coercitivas e 19 de busca e apreensão.
Os envolvidos no esquema de fraude vão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, falsificação de documento público, evasão de divisas.
Os valores dos prêmios da Mega-Sena, Loteca, Lotofácil, Lotogol, Quina, Lotomania, Dupla-sena e Timemania não sacados seriam destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Somente em 2014, R$ 270,5 milhões em prêmios deixaram de ser resgatados por ganhadores de loteria da Caixa.
Ainda de acordo com a PF, a investigação conta com o apoio do Setor de Segurança Bancária Nacional da Caixa Econômica Federal. Em nota, a instituição informou que está abrindo processos disciplinares para investigar internamente as responsabilidades e o envolvimento dos empregados do banco.
Prisão por falta de pagamento de pensãoEm março de 2014, o ex-jogador e empresário Edílson da Silva Ferreira foi
detido em cumprimento a dois mandados de prisão em aberto expedidos pela Justiça do Distrito Federal. A prisão foi feita enquanto Edilson passava pela avenida Anita Garibaldi, em Salvador.
A delegada Neide Barreto, coordenadora geral da Polícia Interestadual (Polinter), confirmou a prisão do ex-jogador. "Ele foi preso sim. Não houve resistência. A gente já vem trabalhando e acompanhando o caso desde dezembro do ano passado. Tivemos algumas dificuldades em encontrá-lo nos endereços informados. Através da diligência de hoje, conseguimos agir", disse a delegada ao CORREIO.
O ex-atleta já passou pela Seleção brasileira e por times como Vitória, Bahia e Corinthians.
Louise Lobato (louise.lobato@redebahia.com.br)