As eleições municipais de 2016 alteraram bastante a configuração das prefeituras baianas. O Partido dos Trabalhadores (PT), que em 2012 havia emplacado 93 candidatos ao posto de líder do Executivo municipal, em 2016 fez apenas 39 prefeitos, uma redução de quase 60%.
Legendas como o PSDB e DEM, no entanto, aumentaram consideravelmente o número de prefeituras. Este ano, o Democratas saltou de 9 para 34 prefeituras na Bahia. Enquanto o PSDB, que nas eleições municipais passadas também havia feito 9 prefeitos, chegou aos 19 candidatos eleitos.
De acordo com o cientista político Camilo Aggio, o motivo da queda vertiginosa do Partido dos Trabalhadores no comando das prefeituras brasileiras se deu, principalmente, pelo sentimento antipetista que aflorou nos eleitores com o desenrolar das fases da Operação Lava Jato.
"A Lava Jato foi o principal cabo eleitoral do antipetismo, sobretudo nas últimas fases da Operação, que aconteceram em momentos muitos próximos às eleições, e transformou o ex-presidente Lula em réu e culminou com as prisões dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega", afirmou Aggio.
Algumas das cidades de maior relevância socioeconômica da Bahia também elegeram, na sua maioria, candidatos filiados ou coligados ao DEM e PSDB. Na capital do estado, o prefeito ACM Neto foi reeleito com 73,9% dos votos válidos, superando Alice Portugal (PC do B) que, com o apoio do governador Rui Costa, terminou o domingo eleitoral com 14,5% dos votos.
Na cidade de Feira de Santana, o cenário foi bastante parecido com o apresentado na capital. O democrata José Ronaldo bateu o petista Zé Neto por 71,1% a 15,7%, conquistando a segunda maior prefeitura do estado.
Em Camaçari, Elinaldo, também do DEM, somou 60,8% dos votos e derrotou Caetano (PT). Já em Ilhúes, a candidata Carmelita, do Partido dos Trabalhadores, não ficou sequer entre os cinco mais votados do pleito, que foi vencido por Dr. Mario Alexandre (PSD). E Oeste do estado, na cidade de Barreiras, Zito Barbosa (DEM) venceu Antônio Henrique (PP), que recebeu apoio petista.
O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, recuperou a prefeitura do município de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Moema Gramacho voltou ao cargo após somar 52,3% dos votos válido. Ela superou os candidatos Mateus Reis (PSDB) e Chico Franco (DEM), que tiveram, respectivamente, 40,6% e 6,9% dos votos.
A legenda ainda tem chances de vencer em outra importante cidade do estado. Em Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, o petista Zé Raimundo disputará o segundo turno com o Herzem Gusmão, do PMDB.
Brasil - Os números na Bahia acompanharam a tendência nacional. Em todo o país, o PT reduziu o número de prefeituras de 644, conquistadas no último pleito, para 256. O partido ainda teve uma queda de 60% no número de votos para prefeito no primeiro turno, reduzindo de 17,2 para 6,8 milhões.
O PSDB foi o partido que mais cresceu no último domingo no cenário nacional. A legenda subiu de 701 em 2012 para 793 este ano. Em número de votos, os tucanos cresceram 27%, saindo de 12,9 milhões há quatro anos para 17,6 milhões agora.
"Crise atrelada ao governo Dilma" - Aggio atribuiu as perdas ainda ao fato da crise econômica estar muito atrelada ao governo Dilma e ao desgaste das imagem do ex-presidente Lula; o que, segundo ele, é mais uma consequência do modo como a Lava Jato vem sendo conduzida.
"Graças ao desgaste que a Lava Jato provocou, os candidatos do PT perderam a força de Lula como puxador de votos", disse. Aggio usa como exemplo o caso da prefeitura de São Paulo, onde o candidato João Dória (PSDB) venceu no primeiro turno o petista Fernando Haddad.
"Em 2012, Lula conseguiu fazer Haddad prefeito de São Paulo. Esse ano, no entanto, o candidato petista foi derrotado pelo Dória no primeiro turno, algo histórico. A fragilização do PT acabou afetando um líder que estava acima do capital eleitoral do partido", completou.
Fonte: Portal do Cleriston / Arildo Leone