Foto: Reprodução / EPTV
Após 19 anos, um morador de Monte Belo, em Minas Gerais, deixou de ser lavrador e se tornou médico. José Reinaldo Lopes da Silva, 39 anos, decidiu ser médico aos 20 anos, quando tinha apenas o ensino fundamental. "Eu tinha uma vida rural né, trabalhei em Alfenas em uma fazenda, lá eu cuidava de vaca. Aí a gente pediu conta e veio para Monte Belo, aí eu arrumei um emprego em uma granja de suínos", contou, em entrevista à EPTV. O interesse pela medicina surgiu após acompanhar o sofrimento de sua irmã, Sueli, que ficou doente. "Como era hospital escola, tinha uma rotina de corrida de leito, que eles falam. Os professores vão com os alunos do 5º, 6º ano e eles vão discutir o caso, e eu gostava muito disso. A cada dia mais que eu permanecia lá, foi nascendo o desejo de ser médico mesmo", relata. Durante esse período, algumas pessoas o incentivaram a seguir o sonho, entre elas uma cardiologista. "Como ele já era técnico de enfermagem, ele queria pagar a consulta da irmã e foi aí que eu disse pra ele para que não pagasse a consulta, que comprasse livros e estudasse, porque ele já tinha dito que tinha a intenção de ser médico", conta a médica Ana Márcia de Melo. Ela descobriu que os dois tinham em comum os parentes distantes e as dificuldades enfrentadas para estudar. Ana Márcia escreveu um livro e reservou um capítulo à história de José Reinaldo. "Esse livro é uma autobiografia que é uma alusão às pessoas que fazem as coisas de uma forma diferente. Eu entitulei essas pessoas de 'flores de maio'. As flores de maio elas florescem no inverno e não na primavera, elas fogem do convencional. E o Zé realmente é uma flor de maio, ele fugiu totalmente do convencional, porque é um menino que saiu da zona de risco, da marginalidade, da pobreza, de tudo que poderia ser o futuro dele e se tornou uma pessoa de bem", explica. José Reinaldo foi aprovado no vestibular para Medicina em uma faculdade em Ribeirão Preto (SP), mas não tinha dinheiro para pagar as mensalidades. Ele decidiu escrever uma carta contando a sua história. "Eu fiquei seis meses lá dentro como se tivesse passeando, sem me preocupar, sem preocupar com pagar nem nada, e foi correndo as mensalidades. Depois disso (da carta), eu consegui bolsa integral nele, aí, já estava preocupado só com estudar", conta. Depois de 6 anos, finalmente colou grau, e agora atende no Hospital Bom Pastor, de Varginha (MG). "É uma alegria indescritível, eu entrando aqui hoje no Hospital Bom Pastor, não tenho nem palavras para mensurar o que estou sentindo neste momento", disse o médico.
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