Por Claudio NogueiraRio de Janeiro
Preocupado com a situação do Maracanã, que não tem quem possa administrá-lo, o presidente da Federação de Futebol do Rio, Rubens Lopes, vai se reunir com os clubes da Série A do futebol do Rio, no dia 17, às 15h, na sede da Ferj. A ideia é fazer com que todos se movimentem para evitar que fique ocioso um patrimônio cuja remodelação custou cerca de R$ 1,3 bilhão. O futuro de um dos palcos esportivos mais conhecidos do mundo se tornou uma interrogação tão grande quanto ele próprio.
O dirigente antecipou que ainda nesta segunda-feira à noite, ou possivelmente nesta terça-feira, irá expedir o ofício convocando os clubes para debater possíveis soluções para o Maracanã, já que o consórcio que o administrava quer devolvê-lo ao estado, e o governo estadual não o quer por falta de recursos para sua manutenção. Para Rubens Lopes, a Ferj está à disposição da empresa ou clube que vier operar os jogos.
O Maracanã apresenta sinais de abandono (Foto: Foto: Guito Moreto / Agência O Globo)
Lopes acabou culpando eventos internacionais pela atual situação de abandono do estádio. O modelo seria o de partidas avulsas, como algumas realizadas antes e depois da Olimpíada e da Paralimpíada, nas quais os próprios clubes cuidaram da organização do evento, e não o consórcio que vinha administrando o local.
- O Maracanã não pode ficar mais fechado. Para o futebol carioca e para o povo do Rio, a Copa do Mundo (de 2014, cuja decisão teve lugar no complexo esportivo) foi a pior coisa que aconteceu. Deixou o estádio fechado por três anos (por causa das reformas), e depois só pode ser reaberto a um custo caríssimo. Vamos tentar fazer o Maracanã funcionar - ressaltou o presidente, por meio de sua assessoria de imprensa.
Cadeiras quebradas amontadas dentro do Maracanã (Foto: Foto: Guito Moreto / Agência O Globo)
Precavido diante da crise, ele já havia anunciado que o primeiro clássico do Estadual, no dia 29, entre o bicampeão Vasco e o Fluminense será no Engenhão, e não no Maracanã. Embora o regulamento do campeonato estabeleça que os clássicos e as semifinais e finais sejam no Maracanã, há a ressalva de que, se necessário, esses jogos podem ser transferidos para o Engenhão.
Considerado a maior obra da engenharia do país e inaugurado em 1950, para a primeira Copa do Mundo no Brasil, o Maracanã já sofreu inúmeras reformas, algumas de grandes proporções. Agora, porém, depois de ter passado por sua maior reformulação e após ter sediado a final da Copa do Mundo de 2014 e as aberturas e os encerramentos da Olimpíada e Paralimpíada de 2016, o estádio Mário Filho jamais correu um risco tão grande de ser lançado ao esquecimento e de se tornar um elefante branco. Conhecido no mundo inteiro, o Maracanã, cujo complexo que inclui o ginásio do Maracanãzinho, o parque aquático Júlio de Lamare, e o estádio de atletismo Célio de Barros, é um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade e do país, junto com o Cristo Redentor e as praias cariocas.
Ano passado, antes de Olimpíada e Paralimpíada, houve apenas dois jogos no estádio: as finais do Estadual entre Vasco e Botafogo, com o troféu indo para o primeiro. Depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, foram sete partidas oficiais: quatro jogos com mando do Flamengo (contra Corinthians, Botafogo, Coritiba e Santos); dois do Fluminense (contra Vitória e Atlético-PR), todos pelo Brasileiro; e Vasco x Ceará, pela última rodada da Série B.
Ainda em 2016, quando o estádio estava em obras para a Olimpíada, o público carioca assistiu pela primeira vez a uma final de Taça Guanabara fora do Rio. Foi na Arena da Amazonônia, em Manaus, onde o Vasco bateu o Fluminense. Também lá, o time de São Januário eliminou o Flamengo em uma das semifinais do Estadual.