No último dia 12, o radialista Geraldo Macedo, locutor e apresentador na Rádio Tropical FM, de Simão Dias, no Estado de Sergipe, registrou boletim de ocorrência por ameaça de morte contra um homem conhecido pela alcunha de Pedro ‘Valentia’. O autor da ameaça, conforme relata o radialista, se encontrava na recepção da emissora por volta das 10h daquele mesmo dia quando Geraldo foi agredido verbalmente, chamado de “vagabundo” e “moleque”. Ainda conforme relatado no boletim de ocorrência, o autor das agressões afirmou que iria “estourar os miolos” do radialista no dia em que este falasse mal de políticos da cidade a quem ‘Valentia’ seria aliado.
O radialista ressalta que tal coisa nunca tinha ocorrido com ele. “Trabalho há 16 anos, e isso nunca aconteceu. Ele é conhecido como Pedro Valentia, segundo relatos das pessoas da cidade, por conta dessas questões. Eu não sou do município, moro aqui só há um ano e quatro meses, mas ele é conhecido como um cara que gosta de intimidar as pessoas e, no caso, desta vez fui eu a vítima”, afirmou.
Segundo informações obtidas junto ao delegado da cidade sergipana de Simão Dias, onde ocorreu o caso, o autor das ameaças fora detido uma semana antes por porte ilegal de arma. Ainda de acordo com o delegado Fábio Allan, será lavrado um termo circunstanciado que será encaminhado ao judiciário e, se houver registros de antecedentes, o autor das ameaças poderá responder por injúria e ameaça. Dentro de um mês deverá acontecer uma audiência de conciliação sobre o caso.
A investigação ficará sob a responsabilidade do delegado regional da cidade de Lagarto, Hilton Duarte.
O presidente do Sindicato dos Radialistas de Sergipe e secretário de política sindical da Fitert, Fernando Cabral, acompanhou o radialista no registro da ocorrência. Também estiveram acompanhando o radialista à delegacia os diretores do sindicato Alex Carvalho, Glezivan Cardoso e Alvannilson Santana.
O sindicato e a Federação continuarão acompanhando o caso e repudiando tais atitudes contra a liberdade do exercício profissional. Segundo levantamento da ONG Artigo 19 em parceria com a Fitert, 121 comunicadores – entre radialistas, jornalistas e comunicadores populares – foram vítimas de algum tipo de violência entre 2012 e 2015. Ameaças, tentativas de homicídio e assassinatos infelizmente ainda são práticas correntes contra profissionais que atuam para assegurar o direito da população à informação. Entre 2012 e 2014 a Federação integrou o Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos dos Profissionais de Comunicação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República no qual formalizou denúncias sobre um série de assassinatos de radialistas por represália à atuação profissional, cobrou a criação de um observatório sobre crimes contra comunicadores e políticas para enfrentar essa realidade.