Com o aval do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), decidiu demitir o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio Fernandes Toninho Costa, e substituí-lo por um representante da bancada ruralista no Legislativo. A demissão foi exigida pelo líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), porque o presidente da entidade responsável pela gestão das terras indígenas não aceitou nomear 25 pessoas indicadas por ele desde que a nova direção da Funai tomou posse.
Serraglio demitiu presidente da Funai por não ter acatado lista de contratação indicada por André Moura (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
A decisão política de demitir Antônio Costa foi tomada por Serraglio na quarta-feira (19), data em que se comemora o Dia do Índio, e assustou o presidente da Funai. Os 25 nomes impostos por André Moura para serem contratados pela Funai não são de carreira do órgão. O deputado exigiu que fossem nomeados nas áreas de finanças e de gestão da fundação. Alguns nomes que o ministro Serraglio deve confirmar vão ocupar superintendências em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Roraima e em Mato Grosso do Sul.
Além de André Moura, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), do mesmo partido de Serraglio, também pressionou para a contratação dos 25 assessores especiais da Funai. Os dois deputados ganharam a chancela do presidente nacional do Partido Social Cristão, pastor Everaldo Pereira. As ameaçam começaram no segundo dia da gestão de Antônio Costa. Como o presidente da Funai não acatou o pedido, sofreu ameaças do deputado que, com o dedo em riste, gritou que o era o “dono” do cargo.
Candidato à presidência da República em 2014, o pastor apareceu nas delações de Marcelo Odebrecht, principal executivo e filho do dono da empreiteira, como beneficiário de R$ 6 milhões para que atuasse a favor do então candidato do PSDB à presidência, senador Aécio Neves (MG), nos debates da TV Globo durante a campanha. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Everaldo foi orientado pela empreiteira e pelos marqueteiros do tucano para fazer perguntas que beneficiassem Aécio nos debates e atingissem a então concorrente Dilma Rousseff (PT).
assessoria do ministério da Justiça informa que Osmar Serraglio não tratou do assunto com o presidente da Funai. O Congresso em Foco fez contato com as assessorias dos deputados Andre Moura e Marum mas ainda não obteve resposta.
por Congresso em Foco / SE NOTÍCIAS