A Bahia está com
15 mil vagas em aberto para cursos técnicos, atualmente. São 9.335 oportunidades pela Secretaria Estadual da Educação (SEC), com inscrições abertas até o dia 15 de junho, e outras 5.185 pelo Instituto Federal da Bahia (Ifba), todas gratuitas, além de 4.349 vagas pagas pelo Senai.
Segundo a chefe do Departamento de Seleção de Estudantes do Ifba, Iara Barreto, apesar do instituto ter 55 cursos disponíveis para o modelo Integrado (estudantes do ensino médio) e 40 para o Subsequente (candidatos que já concluíram o ensino), os estudantes têm uma predileção por alguns deles. A formação mais concorrida do formato Integrado é a de Eletrônica, seguida de Química, e Edificações.
“Acredito que isso acontece porque eles imaginam que é a área mais próxima do universo deles, ligada a smartphones, jogos eletrônicos e etc., mas o campo é muito mais amplo do que eles pensam. Já Química, são candidatos que pretendem seguir o curso de Medicina ou alguma área ligada à saúde. O curso técnico serve como um preparatório para isso”, contou Iara.
Ela lembrou que o técnico em eletrônica pode trabalhar na área de telecomunicações e de informática, mas também na montagem de equipamentos eletrônicos e de sistemas eletroeletrônicos de potência, além de fazer a manutenção deles.
Os setores que empregam são as indústrias de eletroeletrônicos, computadores, e automobilística, por exemplo. A formação desse curso é de 4 anos. Também fazem parte da lista de preferidos Geologia e Automação e Controle Industrial.
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Senai também oferece vagas pagas na Bahia (Foto: João Alvarez/Fieb Divulgação) |
Entre os candidatos da formação Subsequente, os cursos mais concorridos são os de técnico em enfermagem, segurança do trabalho e eletrotécnica. Barreto atribui a procura ao fato de serem áreas mais flexíveis, em que os profissionais podem atuar em diversos segmentos.
A demanda maior nessa modalidade acontece no interior, nas cidades de Barreiras e Eunápolis. Salvador aparece na terceira posição com o curso de Eletrotécnica entre os mais procurados. O Ifba reserva 50% das vagas para estudantes de escola pública. São 2.715 oportunidades para o Integrado e 2.430 para o Subsequente, em 19 cidades da Bahia.
As provas acontecem no dia 21 de outubro, e o resultado será divulgado no dia 18 de dezembro. Os cursos duram entre três e quatro anos. No caso das vagas da SEC, o resultado será divulgado no dia 17 de julho e o período letivo começará no dia 30 de julho. Os cursos duram de dois a três semestres.
Confira a lista dos cursos mais procurados:
Modalidade Integrada | Modalidade Subsequente |
Eletronica/ Salvador | Enfermagem/ Barreiras |
Química/ Salvador | Enfermagem/ Eunápolis |
Edificações/ Salvador | Segurança do Trabalho/ Eunápolis |
Geologia/ Salvador | Eletrotecnica/ Salvador |
Automação Controle Industrial/ Salvador | Automação e Controle Industrial/ Salvador |
Veja dicas
O professor e diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia (ABRH-BA), Fábio Rocha, conversou com o CORREIO e deu dicas de como escolher o curso técnico. Falou sobre preconceito com a formação, remuneração e os efeitos no mercado. Confira.
Qual a importância do curso técnico na formação de um profissional?
O curso técnico é a oportunidade de aprender algo novo, mas também de se atualizar. É uma alternativa para os profissionais que já atuam em uma determinada área poderem se atualizar, além de poder acompanhar as mudanças no mercado que são ou serão exigidas pelas empresas.
Quais os cuidados na hora de escolher qual curso fazer?
Primeiro, é preciso ter u projeto de carreira porque não adianta fazer qualquer curso. O profissional precisa observar se o curso tem a ver com a sua área dele, a não ser que ele esteja pensando em mudar de área. Ele precisa verificar também a instituição que oferece o curso, carga horária, o conteúdo e comparar outros cursos do mercado.
Existe uma resistência da população com a formação técnica no Brasil?
Sem dúvida. Um dos principais problemas é que existe um preconceito entre quem tem formação técnica e quem tem ensino superior. Os pais pensam que a faculdade é sempre o melhor caminho, mas isso tem a ver com vocação. Eles não querem que o filho faça curso técnico porque ele não vai ser ‘doutor’, mas, em muitos casos, o filho tem mais afinidade com a área técnica. Além disso, é preciso entender que fazer um curso técnico não inviabiliza cursar uma faculdade e vice-versa. São formações complementares.
Esse preconceito impacta na produtividade do país?
Não somos um país competitivo e produtivo e isso tem a ver com o déficit de profissionais técnicos no Brasil. Temos uma deficiência de mão de obra no país. Então, claro, isso reflete na nossa economia. E isso (déficit) tem relação também com a queda na qualidade da nossa educação, tanto pública como privada.
Existe diferença entre a remuneração de um profissional com formação técnica e outro com formação superior?
Depende. A remuneração depende do curso e do mercado em que ele está, São Paulo tem campo mais amplo que a Bahia, por exemplo. Mas o salário de um profissional de nível técnico pode superar o de alguém com formação superior. Isso é possível.
Como funcionam as oportunidades no mercado?
Alguém com excelente formação técnica tem mais chances de entrar no mercado de trabalho do que alguém com um curso superior no currículo, mas sem nenhuma experiência. Ter diploma hoje em dia não faz diferença nenhuma se não houver qualificação e experiência.
CORREIO DA BAHIA