Ir ao cinema é a principal atividade cultural dos moradores de 12 capitais brasileiras. É o que aponta pesquisa da consultoria JLeiva Cultura e Esporte e do Datafolha a ser divulgada nesta terça-feira (24). Com o objetivo de analisar como os brasileiros consomem diversão e arte, o levantamento Cultura nas Capitais entrevistou 10.630 pessoas com mais de 12 anos de 12 das capitais mais populosas do país. Entre elas, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.
O resultado mostra que 64% -cerca de 21,2 milhões de pessoas, quase dobro da população da cidade de São Paulo- afirmam ter ido ao cinema nos últimos 12 meses. Na capital paulista, o percentual sobe para 67%, tornando-a quarta colocada em frequência a cinemas. A campeã é Porto Alegre, com 70%. De acordo com os dados da pesquisa, 72% dos entrevistados das 12 capitais (cerca de 23,7 milhões de pessoas) disseram realizar apenas atividades gratuitas ou mais gratuitas do que pagas. Em São Paulo, o percentual é de 75%.
Em levantamento realizado em 48 endereços na cidade de São Paulo, a média de ingresso é de R$ 26 para sessões comuns -excluindo as em 3D e salas especiais e VIPs. A estudante de oceanografia Luciana Andrade, 23, paga, em média, R$ 19 pelo ingresso de meia-entrada. Somando os R$ 8 do transporte público, um almoço no shopping e guloseimas antes do filme, o passeio ultrapassa R$ 50. O valor pode ficar mais caro para quem vai em família. A administradora Helena Romeiro, 32, diz gastar cerca de R$ 100 quando leva, com o marido, os dois filhos pequenos para assistir a filmes infantis. O preço inclui três ingressos, uma pipoca grande e um refrigerante.
Quando almoçam ou jantam no shopping, a conta chega a R$ 250, segundo Romeiro. "Para a família inteira [ir ao cinema] acaba ficando muito caro", diz. Para economizar, eles vão à pé ao cinema na região da avenida Paulista, onde moram, e procuram benefícios que oferecem desconto no ingresso. Já Andrade diz que gosta de museus que oferecem entrada gratuita, mas é no cinema que se reúne com os amigos para se divertir. Este é o motivo citado por 28% de todos os entrevistados para praticar a atividade.
Homens e mulheres apresentam quase a mesma frequência a cinemas, com participação de 48% e 52%, respectivamente. Desse público, a maioria tem até 34 anos e costuma ir com a família ou em casal (58%). Quase metade dos cinéfilos (49%) completou o ensino médio, enquanto as classes A e B representam 48% do perfil econômico.
Depois de cinema, a preferência é ida a shows (46%) e festas populares (42%). Na última colocação estão concertos: apenas 11% dos entrevistados foram no último ano. Em São Paulo, o percentual é de 12%, também em último.
SÓ UM EM CADA TRÊS FREQUENTA MUSEUS
Ainda de acordo com a pesquisa, os moradores da cidade de São Paulo gostam de museus: mais da metade da população (56%) -cerca de 6,7 milhões de pessoas-, afirma ter grande interesse por estes espaços e exposições de arte.
Mas, na prática, a realidade é outra: o percentual está acima dos que de fato foram a esses locais. Apenas um terço afirmou ter ido a um museu no último ano -3,8 milhões de paulistanos.
O principal público dos frequentadores, igualmente dividido entre homens e mulheres, é de pessoas de até 34 anos das classes A e B (57%). Geralmente vão em família (31%) em busca de conhecimento.
Por outro lado, cerca de 3,1 milhões (36%) de paulistanos nunca entraram em museu. O perfil, segundo a pesquisa, é de mulheres das classes D e E (49%) com ensino fundamental. As principais barreiras, segundo as respostas dos entrevistados, são falta de tempo (38%), de dinheiro (23%) e de interesse (23%).
A vendedora Selma Oliveira, 40, não encontra tempo na rotina corrida de quase 10 horas de trabalho diárias para conhecer exposições. Quando chega em casa, por volta das 21h, cozinha para o marido e a filha, com quem mora em Taboão da Serra, na Grande SP
"Adoraria visitar, mas nao tenho muito tempo e também nunca sobra dinheiro", afirma Oliveira. Ela diz que já ouviu falar do museu do Ipiranga, Masp, e Museu da Casa Brasileira.
Cartão postal e marco arquitetônico, o Masp também foi um dos mais lembrados pelos entrevistados, quando a pesquisa pediu para que apontassem o espaço cultural recente do qual mais gostaram.
É também o mais visitado: 41% dos paulistanos afirmaram ter entrado ao menos uma vez no prédio projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992).
Embora more na avenida Paulista, endereço do Masp, o estudante de segurança da informação Thiago Ramos, 30, nunca entrou no local. Ele quer conhecer, mas o valor do ingresso adia a visita.
Para conhecer as mostras de arte, o público deve desembolsar R$ 35 -valor mais alto entre os espaços culturais da cidade. Às terças, a entrada é gratuita. "Acaba não sendo a primeira opção, priorizo os lugares gratuitos, como o IMS", diz Ramos.
Os hábitos dos paulistanos relacionados às artes plásticas aumentaram nos últimos anos. Os paulistanos querem conhecer mais museus e demonstram mais interesse.
Em relação aos resultados de pesquisa de 2014 do JLeiva, houve aumento de interesse e frequência pelos paulistanos. Na época, 29% dos paulistanos disse ter visitado um museu nos últimos doze meses do questionário e 35% demonstravam vontade de conhecer. A falta de interesse também diminuiu: de 38%, em 2014, para 23% em 2018. A pesquisa foi realizada entre 14 de junho e 27 de julho de 2017, por meio de um questionário de 55 perguntas. Os dados estão disponíveis em culturanascapitais.com.br.
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