Carlos Boi chegou a pesar 162 kg na adolescência (Foto: Acervo Pessoal)
Nascido em Feira de Santana, o lutador está invicto no MMA
“Vou ganhar rápido no primeiro round”. É assim que o peso-pesado Carlos Boi prevê a estreia dele no UFC neste sábado (18), a partir das 18h (horário de Brasília), na Ilha da Luta, em Abu Dhabi. “Não vai dar nem para eu mostrar muita coisa, porque a luta vai ser rápida. Tô confiante”, vibra o baiano de Feira de Santana.
Invicto em oito lutas de MMA, Carlos Boi tem seis nocautes no cartel e baseia o otimismo nas características do adversário: o moldavo Sergey Spivak, que assim como ele tem 25 anos. “Ele é um lutador técnico, completo, porém o jogo dele não casa com meu estilo de jogo. Eu sou muito agressivo e geralmente quando ele pega lutadores agressivos, se perde um pouco. Ele não aguenta pressão e esse é um dos motivos que vão fazer com que a luta não dure muito”, sentenciou.
“Estou ansioso e a expectativa é grande, até por essa luta de estreia marcada e desmarcada tantas vezes. Tô crendo em Deus que agora sai, né possível! Estou muito tempo parado e a expectativa está grande”, admitiu Carlos Boi.
A estreia no UFC deveria ter ocorrido em 2017, quando ele assinou contrato com a organização. Tinha até adversário definido, o dinamarquês Chirstian Colombo, mas a luta foi cancelada porque o baiano precisou cumprir dois anos de suspensão por ser pego no exame antidoping.
“Tinha luta marcada para outubro, só que aí, em setembro, saiu o resultado de um teste que eu tinha feito em julho. Deu positivo para uma substância que usei em janeiro para emagrecer, quando ainda não tinha contrato assinado. Ainda estava no organismo”, conta Carlos Boi, que na época teve o contrato com o UFC quebrado. O vínculo foi firmado novamente no final do ano passado, após o cumprimento da pena.
A estreia foi cancelada outras duas vezes. Em março, ele lutaria com o norte-americano Jeff Hughes, mas problemas com o visto fizeram com que o duelo não acontecesse. O combate atual, com Sergey Spivak, estava inicialmente agendado para 9 de maio, em São Paulo, mas a edição do UFC foi cancelada em função da pandemia de coronavírus.
O problema com peso que ocasionou a suspensão de Carlos Boi em 2017 vem desde a pré-adolescência. Aos 12 anos, ele pesava 162 kg. “Sofria bastante bulling. E aí se eu ficava triste, eu comia. Estressado, eu comia. Descontava tudo na comida”, conta.
“Entrei no boxe com 13 anos com o intuito de emagrecer. Depois fui pro jiu-jitsu e então para o MMA. Fui criando gosto, até que decidi que queria ser lutador, levar a sério”.
Hoje, o lutador de 1,84m se diz bem resolvido com o próprio peso. Próximos às lutas, ele costuma estar com 115 kg, mas chega a 130 kg fora do período de competições.
Novos tempos
Antes de embarcar para Abu Dhabi, na sexta-feira passada, Carlos Boi foi testado para covid-19 e ficou isolado por 48h em um hotel em São Paulo até sair o resultado do exame. “É um mal necessário, tem que ter esse protocolo para segurança de todos. Levei corda e peso na mala e fiquei batendo no travesseiro”, diverte-se.
Do hotel, direto para o aeroporto. Foram 14h de voo até Abu Dhabi. Ao chegar na capital dos Emirados Árabes Unidos, mais duas novas testagens para covid-19 e outra quarentena, até ser liberado para treinar e cumprir o protocolo de fotos, entrevistas e gravações. “No começo eu estava mais preocupado com os resultados dos exames do que com a luta, então para mim foi uma sensação de alívio darem negativo”, contou o lutador.
Carlos Boi já se acostumou com o isolamento exigido pela pandemia de coronavírus. Ele deixou de frequentar a academia desde maio e adaptou a casa onde mora em Feira de Santana para seguir com os treinos. “Transferi os materiais da academia para a varanda da minha casa. Ficou um treinamento incompleto, mas trouxe dois amigos para praticamente morar comigo para ajudar nos treinos, porque luta tem que ter outra pessoa com você. E meu técnico, Edilson Teixeira, mora praticamente na mesma rua que eu”.
A luta de sábado será apenas a primeira de Carlos Boi no UFC, mas ele tem planos audaciosos dentro da organização.
“Minha meta é estrear e ser campeão invicto, me aposentar invicto, sem saber o que é ser derrotado”, projeta Carlos Boi, que, apesar de já falar em aposentadoria, planeja estar no octógono por mais 15 anos. “Quero parar com 40 anos. Estar bem e parar enquanto estiver por cima”, vislumbra o baiano.
FONTE: CORREIO DA BAHIA