O empresário José Lázaro Margulies, de 66 anos, confessou ter subornado dirigentes da Conmebol e da Concacaf em troca de conseguir os direitos de transmissão de torneios esportivos organizados por essas confederações, entre eles a Copa Libertadores e as Eliminatórias para a Copa do Mundo. Segundo o depoimento de Margulies, tornado público nesta segunda-feira pelo Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, o pagamento de propinas começou em 1991. Os documentos foram divulgados a pedido da agência de notícias Bloomberg.
Em entrevista ao GloboEsporte.com publicada em setembro do ano passado, Margulies se disse inocente. Ele se entregou em dezembro de 2015 às autoridades americanas, que investigam um esquema de corrupção no continente. No depoimento divulgado nesta segunda-feira, o empresário se diz culpado dos crimes de fraude, conspiração e lavagem de dinheiro. A sentença deve sair até junho. Ele pode pegar até 20 anos de cadeia.
Antes de se entregar, Margulies esteve na lista de procurados pela Interpol (Foto: Reprodução)
Margulies declarou que subornou cartolas da Conmebol - dos quais não citou pessoalmente - a mando da Traffic entre 1991 e 2007. Procurada pela reportagem, a Traffic respondeu que "o processo é sigiloso e, em respeito às autoridades norte-americanas, a empresa não irá se manifestar". O próprio dono da Traffic, J. Hawilla, já havia feito confissão semelhante em outubro do ano passado.
Margulies disse ainda que, entre 2000 e 2015, subornou cartolas a mando da empresa argentina Torneos e Competencias. Para fazer esses pagamentos - estimados em milhões de dólares - o empresário usou duas firmas abertas nos Estados Unidos, chamadas "Valente" e "Somerton".
- Quero deixar claro que estou arrependido dos problemas que causei para minha família, para o mundo do futebol e para os Estados Unidos. Ao me declarar culpado, estou dando o primeiro passo para consertar esses problemas - declarou.
Também nesta segunda-feira, as autoridades dos EUA tornaram públicas as confissões de Alejandro Burzaco e Jeffrey Webb. Burzaco, empresário da Argentina, também declarou ter subornado cartolas do continente para obter vantagens em contratos da Conmebol e da Concacaf. Webb, ex-presidente da Concacaf, admitiu ter recebido propinas.
Por Martín FernandezSão Paulo