Na última semana, um amplo grupo de teólogos vem discutindo os argumentos do historiador norte-americano Joseph Atwill.
Ele está divulgando em livro e vídeo que a história de Jesus Cristo foi uma invenção de aristocratas romanos.Afirma ainda ter encontrado novos dados que confirmariam essa teoria.
Atwill não é o primeiro a apresentar uma nova “versão” para os fatos relatados no Novo Testamento. De tempos em tempos surgem tentativas de desacreditar os fundamentos do cristianismo. Ele se declara um erudito bíblico, mas não tem o apoio de Universidades conceituadas.
“Os cidadãos alertas precisam saber a verdade sobre nosso passado para podermos entender como e por que governos criam falsas histórias e falsos deuses”, assegura Atwill. Segundo ele há um relato da Judeia do primeiro século que estabelece uma série de paralelos entre Jesus e Tito Flávio, um imperador romano.
Além disso, ele afirma ter o relato “Guerra dos Judeus, do historiador romano Flávio Josefo um dos poucos materiais sobreviventes sobre o conflito entre judeus e romanos na Terra Santa. Esse texto possui diversos paralelos com o Novo Testamento. Outro aspecto importante dessa teoria é que a sequência de eventos e localidades visitadas por Jesus Cristo, segundo os Evangelhos, é quase a mesma da campanha militar de Tito Flávio.
Ainda segundo Atwill isso é suficiente para comprovar que a história de Jesus “na verdade foi totalmente baseada em histórias anteriores, mas especialmente na biografia de um Imperador romano”. O historiador tem dado uma série de palestras com o mesmo título de seu livro: “O Messias de César”, apresentando suas descobertas. Para ele, criação dessa figura messiânica foi usada como uma forma de propaganda pelos romanos. A intenção seria acalmar os rebeldes entre os povos que estavam sob seu domínio. Eles se aproveitaram da expectativa dos judeus por um “messias guerreiro profetizado”.
“Quando os romanos exauriram os meios convencionais de anular rebeliões, passaram a usar guerra psicológica. Eles pensaram que o meio de parar a atividade missionária fervorosa era criar um sistema de crença adversário. Foi quando a história do messias ‘pacífico’ foi inventada”, ressalta Atwill.
Ao invés de um rebelde que encorajava a guerra, o “messias de César” inspirava a paz. Ensinou os judeus a darem a “César o que é de César”, ou seja, continuar pagando seus impostos a Roma. O historiador norte-americano finaliza, dizendo: “nós inventamos Jesus Cristo e estamos orgulhosos disso”.
Ao jornal inglês Daily Mail ele afirmou saber que seu livro vai irritar muitos cristãos, mas está confiante de que acabará sendo aceito. Acredita que isso não é um ataque ao cristianismo, que é “muito importante para a nossa cultura”, mas que pode ajudar as pessoas a entenderam melhor como os governos usam a religião para manipular o povo.
O professor James Crossley, da Universidade de Sheffield, Inglaterra, comparou as ideias de Atwill com os livros de Dan Brown, como O Código Da VInci. “Esse tipo de teoria é muito comum fora do mundo acadêmico. Mas normalmente são reservadas à literatura sensacionalista.”
Um dos principais problemas com o argumento de Atwill é que Tito Flávio nasceu no ano 39 e morreu em 81 d.C.. Sendo assim, muito depois de Jesus Cristo. Em segundo lugar, explica o teólogo J T Eberhard, “é totalmente absurda a noção de que os judeus eram uma fonte constante de revolta violenta”. Ocorreram conflitos armados entre eles e os romanos em apenas duas ocasiões, entre os anos 69 e 73 e outra que começou em 132 e terminou em 136. Durante mais de 100 anos os judeus conviveram pacificamente com os romanos e embora houvesse atritos, um conflito realmente grave só ocorreu na ocasião em que o Templo foi destruído pelo General Tito. Eberhard lembra ainda que muitos outros estudiosos já publicaram estudos sobre as semelhanças entre as narrativas a respeito de Jesus e de Flávio Tito, mas nenhum deles propôs que o Jesus histórico era um personagem de ficção criado por romanos.
O professor Crossley é categórico: “As pessoas sempre argumentam sobre o quanto realmente podemos saber sobre Jesus fora da Bíblia, mas essa ideia de que os romanos inventaram histórias sobre Jesus não faz parte do mundo acadêmico”. Acrescentou ainda que esse tipo de teoria é “irritante” para verdadeiros os acadêmicos da religião. Com informações de Daily Mail e Patheos.