Sete integrantes de uma quadrilha especializada em assalto a agências bancárias no interior da Bahia foram presos durante uma operação conjunta das polícias Civil e Militar. Durante pouco mais de duas semanas de buscas, os criminosos foram rastreados em três cidades diferentes do estado. Segundo a polícia, eles estão envolvidos em dois assaltos ocorridos, nas cidades de Barro Alto, em 6 de março, e Andorinha, em 1º de maio.
Antonio José dos Santos, de 37 anos, Eudes Barbosa de Souza, 31, e Eucassio Ribeiro Costa, 30, foram presos em Cafarnaum. Outros três, Soleimar Lopes de Almeida, o “Galego”, 36, Marcos André de Lima, 34, e João Rosa dos Santos, 22, estavam em Irecê. Já o último deles, James Cleido Mourato de Matos, 31, foi capturado em Mulungu do Morro.
De acordo com o delegado Maurício Moradillo, do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado, outros quatro integrantes da quadrilha, Ricardo Santos de Souza, 24, Humberto José Neves e Silva, 18, e os de pré-nomes “Betinho” e “Galguinho do Recife” estão sendo procurados.
Com os ladrões, os policiais apreenderam duas pistolas, uma ponto 40 e outra 45, um revólver calibre 38, uma espingarda calibre 12, uma balança de precisão, munições, um veículo Vectra, preto, um Golfe, branco, e uma Hilux, também branca, esta roubada e utilizada pela quadrilha no assalto ao banco de Andorinha.
Autuados por porte e posse ilegal de armas e munições, receptação, formação de quadrilha e adulteração de sinal em veículo automotor, os criminosos foram encaminhados ao Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
FONTE: ARILDO LEONE
domingo, 24 de maio de 2015
Weidman aguenta pressão inicial e nocauteia Belfort no primeiro round
Vitor Belfort tentou. Superou o banimento do TRT, preparou-se como nunca para conquistar o terceiro cinturão do UFC de sua carreira e teve a chance de deixar o octógono com uma conquista histórica. Mas do outro lado havia um lutador excepcional. Chris Weidman, duas vezes algoz de Anderson Silva, aumentou sua invencibilidade para 13 lutas ao derrotar o brasileiro por nocaute técnico, aos 2m53s do primeiro round, no co-evento principal do UFC 187. O Fenômeno chegou a assustar os americanos ao colocar o rival contra a grade com uma sequência de socos que, contra muitos outros adversários, seria fulminante. Mas o "All American" mostrou que tem um grande poder de absorção e venceu a batalha da juventude contra a experiência.
Chris Weidman usou seu ground and pound para vencer Vitor Belfort no primeiro round (Foto: Getty Images)
Nas 12 lutas anteriores de Vitor Belfort, apenas Anderson Silva e Jon Jones se mostraram capazes de superá-lo. E Chris Weidman, que bateu Spider duas vezes, deixou claro que não tem um cartel perfeito por acaso. Carrasco de brasileiros, ele chegou ao quinto resultado positivo na carreira contra atletas tupiniquins.
- Eu tinha programado na mente que seria uma luta agarrada. Mas quero uma salva de palmas para Vitor Belfort, ele é uma lenda do esporte. Eu sou a última pessoa que gosta de falar mal dos outros, só tinha algo de errado com seus testes. Mas não quero xingar ninguém - afirmou Weidman, após o triunfo.
Weidman não esperou muito tempo para conectar seu primeiro golpe. Assim que Herb Dean ordenou o início, o campeão acertou um chute alto. Pouco depois, ele jogou dois chutes altos no vazio. Mas em começo de luta, é bom não vacilar contra Vitor Belfort. O Fenômeno foi como um trator para cima, encurralou o rival na grade, acertou uma série de socos e deu a impressão de que nocautearia. Mas ninguém é dono de um cinturão do Ultimate a toa. E o "All American" mostrou que tem coração de campeão, absorveu bem os golpes, colocou o rival para baixo e, dali em diante, passeou no solo. Com imensa facilidade, ele passou a guarda, montou e aplicou um ground and pound extremamente agressivo. O árbitro até esperou bastante, mas Vitor já estava entregue. Não havia mais o que fazer. O americano ainda fez sinal de "não" para o brasileiro ainda caído.
sábado, 23 de maio de 2015
ABENÇOADA CHUVA
Rangel Alves da Costa*
Apesar dos muitos transtornos que causam numa cidade nunca preparada para receber chuvisco, as chuvas que vem caindo em Aracaju são verdadeiramente abençoadas. E mais ainda se as nuvens pesadas estivessem presentes nos céus de todo o Sergipe, principalmente na região do semiárido sertanejo, onde a seca continua como ameaça.
Já é o terceiro dia de chuvarada boa, ora mais intensa ora mais amena, porém constante. Amanhece e anoitece com aquele clima bom de molhação, de pingo caindo, de goteiras latejando e biqueiras jorrando. A não ser para os ofícios cotidianos, poucas pessoas se atrevem a sair pelas ruas, ainda que protegidas de guarda-chuva. E ali e acolá, porém desnecessariamente, um ou outro com casaco de frio. Frio em Aracaju é coisa inexistente, e desde muito.
O que se tem a partir de junho é apenas a diminuição do insuportável calor, mas nada que possa ser considerado como frio. Talvez uma ilusão nordestina num povo tão acostumado às mais elevadas temperaturas que basta o clima refrescar um pouco mais para já lançar mão de casaco cheirando a naftalina. Na região sertaneja é diferente da capital, pois a partir de julho até setembro as noites são verdadeiramente de geladeira.
Deitei com a chuva caindo, e chovendo muito, e acordei na mesma constância molhada. Mirando o horizonte, em direção a Barra dos Coqueiros, o que se encontra é uma formação carregada, fechada, sinalizando que muita água ainda vai cair por aqui. Melhor que seja assim. Olhando pelas ruas, avisto as correntezas que passam por cima do asfalto, lavando e levando os restos dos dias idos, como se preparasse a cidade para uma nova vida.
Esse banho essencial que a cidade toma não vem, contudo, senão também carregado de sacrifícios, dores, sofrimentos. Muitas famílias habitam moradias que nunca estão preparadas para uma chuva mais forte. Acostumadas com o tempo ensolarado, constroem em encostas, levantam paredes com pouco barro, encobrem seus barracos com folhas de madeira, palha de coqueiro ou papelão, e quando a chuvarada cai é um deus nos acuda.
Triste sina de um povo pobre, sofrido, vivendo na miséria e no esquecimento dos poderes públicos, que nem na chuva abençoada pode encontrar alegria. Pelo contrário, o que vem de cima em forma de pingos grossos sempre traz medo, angústia, desolação. E quanto mais chove mais as águas vão tomando conta do chão de barro, das esteiras e camas, dos caixotes de frangalhos. Somente quando um barraco desaba é que a defesa civil aparece para dizer que tudo faz para proteger a pobreza.
Contudo, como disse São Pedro, o chefe da torneira lá em cima, não há chuva que não traga vida e também sacrifícios. Estes são avistados nas regiões mais afastadas e pobres da cidade, nas casinholas de um povo desprotegido de tudo, nas esquinas empoçadas do centro e bairros, nas situações de perigo por todo lugar. Caminhar por Aracaju debaixo de chuva é certeza de a qualquer momento ter de nadar para atravessar um rio de lado a outro duma rua.
Mas, como disse o santo, também a vida pujante, nova, esperançosa. Na perspectiva de mudança climática, a chuva é boa para tudo. Não há nada melhor que a pessoa deitar com ela caindo, ouvindo seu respingar no telhado ou no lado de fora, levantar com o tempo molhado, as ruas lavadas, uma leve sensação melancólica. As plantas se fartam sozinhas, os jardins mergulham festivamente, as pétalas se deixam escorrer como lágrimas de alegria. E mais tarde o verde, a nova paisagem, a necessária crença no renascimento.
Mesmo num dia de sábado, acordei cedinho, ou ainda na madrugada, um pouco menos das três. Não precisei de banho de banheiro porque a biqueira parecia me chamar no quintal. Venha, venha, aproveite, e fui. E retornarei. Agora são seis e meia da manhã e após o ponto final neste texto retornarei. A biqueira me espera porque sabe que sou sertanejo e gosto de água. E principalmente gosto de chuva. Gosto do som da chuva caindo e da ressonância provocada nos sentimentos.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Atleta americano bate cabeça em plataforma após salto de quase 30m; veja vídeo
A etapa de La Rochelle, na França, do Mundial de salto de penhasco foi marcada por um momento que causou tensão no público e atletas. O norte-americano Steven LoBue bateu com a cabeça na plataforma, que fica a 27,5 metros de altura, ao tentar efetuar um salto triplo de costas.
Steven LoBue bateu a cabeça na plataforma.
(Foto: Reprodução/Instagram) |
Apesar do susto, nada grave aconteceu com o atleta. LoBue sofreu apenas um pequeno corte supercílio esquerdo e, em sua conta no Instagram, brincou com a situação se comparando ao vilão do filme Rei Leão, Scar.
"Steve deu um susto na multidão durante a eliminatória em LaRochelle. Ele estava realizando seu novo salto triplo de costas e sua cabeça entrou em contato com a plataforma. Ele está bem. Só sofreu um pequeno corte na cabeça, pontos não foram necessários", escreveu a equipe do americano nas redes sociais.
(Foto: Reprodução/Instagram)
|
"Ele termina a competição com 198,40 pontos e não vai avançar para a rodada final. No entanto, estamos contentes que ele está bem (e que nós não estávamos lá para assistir ou teríamos que trocar nossos shorts)", acrescentou a equipe, de forma bem-humorada.
A etapa do Mundial de salto de penhasco foi vencida pelo inglês Gary Hunt. O brasileiro Jucelino Alves, ínico representante do país na competição, terminou a etapa em 11º e manteve o 15º lugar do ranking.
Veja vídeo que mostra o acidente do americano:
Dez jogadores que seu time não soube aproveitar
Roberto Firmino era um desconhecido até Dunga o chamar para a seleção brasileira, em novembro de 2014. Em seu segundo jogo pelo time nacional, fez um golaço, o da vitória por 2 x 1 sobre a Austria, e saiu da penumbra.
A impressão que fica é a de que Firmino ‘nasceu’ para o futebol na Alemanha, onde joga há quatro anos, pelo Hoffenheim. Mas não é bem por aí.
Entre 2009 e 2010, o meia atuou pelo Figueirense. Ainda em 2010, foi levado para a Alemanha e hoje é um dos jogadores mais cobiçados do futebol europeu. E titular de Dunga.
Assim como Firmino, outros tantos jovens jogadores deixaram o Brasil cedo, sem fincar bandeira num clube daqui. Só uma pequena fatia desses emigrantes, no entanto, consegue o sucesso na nata do futebol mundial.
A seguir, lembramos dez nomes pouco, ou nada, aproveitados por clubes brasileiros, mas que se consolidaram longe daqui.
Deco: Depois de passar pelas categorias de base do Nacional-SP, Deco foi tentar a sorte no Corinthians. Pelo time alvinegro, foram míseros dois jogos, em 1996. Um ano depois, estava de partida para Portugal. Passou por Alverca e Salgueiros até chegar ao Porto, em 1999, onde virou ídolo. Jogou ainda no Barcelona, numa das fases mais prolíficas do clube, Chelsea e Fluminense. Naturalizou-se português e jogou a Copa do Mundo de 2006.
Dante: Um dos melhores zagueiros do futebol alemão passou, sim, pelo Brasil. Em 2001, ele assinou com o Juventude, onde ficou até 2004, quando foi para o Lille. De lá, Dante passou por Charleroi, Standard Liège, Borussia Monchengladbach e, finalmente, Bayern de Munique. Esteve na Copa de 2014 como reserva de Thiago Silva e David Luiz.
Marquinhos: Em 2012, quando apareceu no time de cima do Corinthians, Marquinhos já era tratado como uma joia rara. No Brasileiro daquele ano, fez poucos jogos e não comprometeu. Foi reserva também na conquista da Libertadores, mas, pouco depois, foi contratado pela Roma. Em apenas uma temporada pelo time italiano, Marquinhos já era um dos mais zagueiros mais badalados da Europa, e isso com apenas 18 anos. Em 2013, o Barcelona tentou a todo custo contratá-lo, mas foi o PSG que o levou. Depois da Copa de 2014, tornou-se nome certo nas listas de Dunga.
Filipe Luis: Cria do Figueirense, ficou no clube por apenas um ano. Em 2004, era contratado pelo Ajax, onde também teve poucas chances. No mesmo ano, Filipe ia para o Real Madrid B. Antes mesmo de jogar pelo time de cima, acabou fechando com o La Coruña, onde iniciou sua trajetória de sucesso na Europa. Depois de quatro anos na Galícia, assinou com o Atlético de Madri. Hoje, é reserva do Chelsea e um dos preferidos de Dunga na seleção.
Rafael: Com apenas 15 anos, Rafael foi disputar um torneio com o time juvenil do Fluminense na Inglaterra, e por lá ficou. Alex Ferguson, então técnico do Manchester United, gostou tanto do que viu que pediu a contratação do lateral e de seu irmão gêmeo, Fabio. Pelo United, Rafael já ganhou tudo: Campeonato Inglês, Liga dos Campeões e Mundial de Clubes. Em 2012, foi prata nas Olimpíadas de Londres.
Hulk: Em 2004, um ainda magricela Hulk tentava a sorte pelo Vitória, Longe de agradar, ele se transferiu no mesmo ano para o Japão, onde ficou até 2008, quando acertou com o Porto. Há três anos, Hulk custou a ‘bagatela’ de 50 milhões de euros ao Zenit. Famoso por seu forte chute de canhota, Hulk foi titular na Copa de 2014.
Wallace: O Cruzeiro campeão brasileiro de 2013 contou, ainda que em poucas oportunidades, com o futebol de Wallace. reserva daquela equipe, foi vendido ao Braga, que o repassou ao Monaco em 2014. No Principado, ele ganhou envergadura: hoje, é titular do time que, surpreendentemente, chegou às quartas da Liga dos Campeões. Aos 20 anos, tem sido convocado por Gallo para a seleção olímpica.
Maxwell: Em 2001, Maxwell passou rapidamente pelo Cruzeiro, mas, no mesmo ano, fechou com o Ajax. Em pouco tempo, o lateral esquerdo virou titular do time de Amsterdã, que, à época, tinha Van der Vaart, Sneijder e Ibrahimovic. Depois de cinco anos na Holanda, Maxwell migrou para Inter de Milão, Barcelona e, desde 2011, PSG. Em 2014, esteve no grupo da seleção brasileira que disputou a Copa.
David Luiz: Aos 13 anos, David Luiz foi dispensado pelo São Paulo por ser ‘muito baixo’ para um zagueiro. Pouco depois, foi para o Vitória, onde jogou apenas um ano como profissional. Em 2007, ele deixava o Brasil para jogar pelo Benfica, onde é respeitado até os dias de hoje. Passou também pelo Chelsea, onde foi campeão da Champions em 2011/2012, até assinar com o PSG, em julho último. Titular da seleção, fez dois gols na Copa de 2014.
Roberto Firmino: Antes de voar para a Alemanha, Firmino deixou sua marca no Brasil. Em 2010, com a camisa do Figueirense, foi considerado um dos principais talentos da série B do Brasileiro. Após duas boas temporadas na Bundesliga, Firmino foi premiado com uma convocação para a seleção, em 2014. Depois do gol contra o Chile, no último domingo, o meia de 23 passou a ser sondado por clubes ingleses.
FONTE:
Com 21 mil funcionários, HSBC confirma que pode vender suas unidades no Brasil
Santander Brasil estaria interessado em comprar as operações
Nesta sexta-feira (22), o banco inglês HSBC confirmou em comunicado que está "explorando diversas opções estratégicas", incluindo a venda de suas unidades no Brasil. Segundo a Reuters inglesa, nenhuma decisão sobre qualquer transação foi tomada ainda.
Ainda de acordo com a agência, o braço brasileiro do banco espanhol Santander estaria considerando comprar as operações do HSBC no Brasil.
O banco britânico tem mais de 21.000 funcionários no Brasil e mais de 850 agências no país segundo informações da AFP.
Nesta semana, o CEO do Santander, Jesus Zabalza que estava estudando as condições de compra do negócio, pois era preciso ter mais detalhes antes de tomar uma decisão. Em fevereiro, o chefe executivo do HSBC, Stuart Gulliver, disse que quatro operações problemáticas do banco, Brasil, México, Turquia e Estados Unidos, precisavam melhorar ou seriam vendidas.
O HSBC perdeu US$ 247 mil no Brasil e US$ 64 milhões na Turquia só no ano passado.
O banco entrou no País em 1997, por meio da compra de ativos do Bamerindus, que estava sob intervenção do Banco Central. A instituição já havia comprado uma participação de 6,14% em 1995. No ano passado, o HSBC acabou com 21 agências no Brasil, abriu novas unidades só digitais, e terminou 2014 com R$ 145,7 bilhões de ativos no país, dos quais a metade são empréstimos.
Segundo dados recentes do Banco Central, o HSBC tem 10,27 milhões de clientes.
SwissLeaks
Vale lembrar que o HSBC é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga denúncias de irregularidades na abertura de contas do banco, na Suíça, por brasileiros. Ao todo, mais de 8 mil clientes brasileiros tinham conta no HSBC suíço, em 2006 – época a que se referem os dados vazados na imprensa. Não há informações, porém, sobre suspeitas de irregularidades
Recentemente, o presidente do HSBC Brasil, André Brandão disse que desconhece dados das contas do HSBC na Suíça, mesmo no caso dos clientes brasileiros. Ele explicou que “apesar de pertencer ao grupo econômico, o HSBC Brasil não tem acesso à base de clientes de bancos pertencentes ao Grupo HSBC. Ou seja, o HSBC Brasil não tem acesso às informações da base de clientes e operações do Private Bank na Suíça, nem em nenhum outro país".
CRÔNICA: ENTENDER O CANGAÇO, COMPREENDER LAMPIÃO
Rangel Alves da Costa*
O fenômeno cangaço sempre se mostrou instigante em todos aqueles que por interesse investigativo ou curiosidade já lançaram um olhar sobre seu percurso histórico, contexto e acontecimentos. É deveras provocante, indagativo, pois à medida que se envereda nas suas trilhas mais se quer conhecer de seus escondidos. Por isso mesmo a afirmação de ser o cangaço a saga como mais revelações surgidas a cada dia.
Novos elementos da trama surgem a cada seminário sobre o fenômeno, a cada livro publicado, a cada tese defendida. Os historiadores não se cansam de vasculhar a história e, tantas vezes, ir além dos fatos por pura provocação. Ou lançar entendimento novo para questões tidas como resolvidas. Um redemoinho no cangaço, e do começo ao fim. Mas no centro dos debates geralmente as opiniões acerca do banditismo ou do heroísmo de Virgulino Ferreira da Silva, o Capitão Lampião.
Quando as considerações se voltam para o caráter heroico ou bandido de Lampião ou mesmo para os seus aspectos comportamentais enquanto líder cangaceiro, logicamente que se discute apenas a face do cangaço enquanto bando atemorizando os sertões e desafiando o sistema legal vigente. Não há nenhuma preocupação em lançar um olhar para o cangaço como um todo, desde o clamor da terra sertão por justiça ao que motivou tantos homens a adentrar na difícil jornada.
Ora, nada surge ao acaso. Certamente nenhum daqueles rebeldes primitivos um dia cismou de brigar contra o mundo, deu um grito empunhando arma e foi acompanhado por tantos outros. Não foi por mera casualidade que homens se entrincheiraram nas caatingas e a partir daí começaram uma guerra sangrenta. As explicações e os entendimentos das reais causas ensejadoras do cangaço serviriam muito bem para afastar conclusões apenas pessoais e desarrozoadas. Avista-se a colcha do cangaço estendida, mas poucos têm o cuidado de procurar saber como e por que cada pedacinho foi sendo juntado.
É a compreensão do cangaço de forma generalizada, e não nas suas entranhas, que faz surgir partidarismos de todos os tipos e com os mais diversos objetivos. E logo se diz daquele bando de marginais que jogavam criancinhas para o alto e as esperavam na ponta do punhal, ou se afirma da justa luta dos cangaceiros contra os poderes opressores do sertão e do sertanejo. Ou ainda que Lampião não passava de um bandido cruel, feroz e sanguinário. E na defesa se afirma que o Capitão chamou para si a guerra que cabia a todo oprimido fazer. E por aí vai, com afirmações quase sempre exacerbadas ou distantes da realidade.
Certamente que nenhum daqueles homens das caatingas enveredou na luta inglória porque achava bonito viver na mira da volante, correndo constante risco de morte, tendo aos pés a incerteza da estrada. Certamente que o rapazote Virgulino não preparou nenhuma tocaia para o seu próprio destino. Seria dizer que o seu destino cangaceiro foi por ele mesmo semeado. E os fatos por trás disso tudo, por que tanto teimam em esquecer? Será que por desejo próprio ele forjou uma sangrenta situação para depois abrir caminho e mais tarde ser reconhecido como valente e destemido, e por isso mesmo reconhecido no bando de Sinhô Pereira?
O homem em si, o filho de Seu José Ferreira e Dona Maria Lopes, o companheiro de Maria Bonita, o pai de Expedita Ferreira, este nem sempre é compreendido. Acostumou-se com a visão mundana do homem sem se ater ao fato que ali também estava um ser espiritual, um indivíduo com alma e sentimentos. Sim, nele também residia a compreensão do sagrado e do pecado, do erro e do acerto, os limites do homem no mundo. Mas se poderia dizer então que um sujeito assim não cometeria tantas atrocidades. A resposta estaria na compreensão do sujeito enquanto produto do meio, principalmente quando o meio ou o embrutecia ou o submetia.
Mas o meio moldando o caráter de Lampião não foi somente aquele vivenciado quando decidiu ser cangaceiro, ou a partir de 1921, quando entrou para o bando de Sinhô Pereira, ou quando, mais tarde, assumiu o comando dos revoltosos. O meio desde o berço de nascimento nas terras de rixas e vinditas sangrentas de sua Vila Bela. Desde criança que Virgulino se rodeou de rivalidades, traições e todo tipo de violência. O rapazote logo foi forçado a partilhar dessa desdita sangrenta. Quando foi ser cangaceiro já estava marcado pelo ferro da opressão.
Contudo – e eis a grande verdade -, o Lampião não desumanizou Virgulino, nem este permitiu que aquele esquecesse o ser humano que havia dentro de si. Do contrário, acaso prevalecesse a ideia de que o homem nascido e crescido na violência tenderia a ser totalmente desumanizado, a grande maioria dos nordestinos não passaria de bestialidade em pessoa. Ora, naqueles idos chovia mais bala do que pingo d’água na região nordestina. E nem por isso o seu povo deixou de ser reconhecido pela fervorosa religiosidade.
Poeta e cronista
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NA ESTRADA DA VIDA
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FRAM MARQUES
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